Professor aplica realidade virtual ao ensino de Arquitetura
Professor aplica realidade virtual ao ensino de Arquitetura
Docente faz uso de equipamentos como o óculos Metaquest, que simula o movimento do usuárioO professor Cesar Imai, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UEL, tem se destacado pelo uso de ferramentas de realidade virtual em atividades de graduação, Iniciação Científica (IC) e Especialização de sua área. Titular na disciplina de Metodologia de Projeto Arquitetônico e coordenador do grupo de pesquisa “Processo, projeto e comunicação na arquitetura”, em atividade desde o início dos anos 2000, o docente trabalha com aparelhagens distintas de imersão, como o óculos Metaquest, que acompanha o caminhar do usuário e tem controles que simulam o movimento manual, e uma versão mais simples de suporte para celular, utilizada pelos graduandos e mais limitada em recursos.
Na disciplina pela qual responde, ofertada na terceira série da graduação, o professor atribui aos alunos a tarefa de criação de projeto de um centro cultural e esportivo, com várias instalações, como quadras, auditório e biblioteca, e similar às construções do Serviço Social do Comércio (Sesc). Com a classe dividida em grupos, cada equipe fica responsável por um dos espaços da obra e pela elaboração de duas a três opções de modelos renderizados e adaptados a programas de realidade virtual da área designada. Em seguida, os estudantes expõem os trabalhos a um público de frequentadores de espaços como o projetado e o leva a responder a questionário para sinalizar suas preferências e demandas. “É um ensino atitudinal, é a atitude deles de entender que, para sempre, como arquitetos, eles vão ter que estar sempre conversando com as pessoas para as quais eles estão projetando porque as demandas e necessidades mudam de acordo com o tempo”, destaca Imai sobre a importância do retorno da comunidade na formação do arquiteto.
Entre as vantagens identificadas na aplicação das ferramentas, está a capacidade de posicionar a pessoa dentro de um ambiente que não existe concretamente. O recurso possibilita a interação imersiva com o espaço e a observação de pontos da obra como tamanho, mobiliário, materiais e iluminação, sem a necessidade de gastos com construções e com facilidade na alteração de sua estrutura. “Você poderia olhar o ambiente 3D em uma tela de computador ou televisão, como se fosse um vídeo, mas o vídeo está sempre um pouco longe de você. A diferença da realidade virtual é que, na hora que você coloca o óculos, você não enxerga mais nada (em volta)”, comenta o professor.
Porém, por se tratar da simplificação de um objeto real, a simulação pode ser reducionista. Ainda não há recursos suficientes para representar com exatidão a temperatura, o som e o cheiro em um ambiente do gênero. Mesmo assim, as pessoas podem ter percepções sobre esses aspectos no contato com a realidade virtual, como quando associam a quantidade de aberturas e janelas a um espaço iluminado ou quente, por exemplo. “Imaginar o ambiente na imersão te faz correlação com aquilo que você já viveu em sua vida”, explica.
À frente de um trabalho praticamente pioneiro no ensino da área no país, o docente, com Mestrado e Doutorado em Arquitetura pela Universidade de São Paulo (USP), ainda trabalha, mais adiante, com protótipos virtuais de edifícios verticais em uma das disciplinas de Ateliê do curso, voltadas para exercícios práticos. Além das atividades desenvolvidas na graduação, Imai ainda é orientador de uma série de projetos de realidade virtual no âmbito de seu grupo de pesquisa. Trabalhos como o da mestranda Vívian Amaral, concentrado em habitações para idosos, e dos doutorandos Fabiano Burgo e João Victor de Souza Lima, voltados respectivamente para o design de mobiliário e para instrumentalização de conceitos da Geometria Solar no ensino de Arquitetura, evidenciam a atuação do professor nessa promissora linha de pesquisa.
Na visão do acadêmico, a elaboração de um bom projeto vai muito além da simples obediência a requisitos técnicos, normativos e legais previstos para uma obra. Nesse sentido, a combinação entre realidade virtual e arquitetura pode contribuir para a melhora da comunicação entre arquitetos e potenciais clientes, levando à compreensão das demandas do público e ao alcance de uma das principais metas do trabalho arquitetônico. “O conceito de qualidade do ambiente construído é pautado, dentro do nossa disciplina de Metodologia, para atender às necessidades e demandas das pessoas para as quais nós estamos fazendo o projeto”, completa o professor.

explica o professor Cesar Imai.
(*Estagiário da Coordenadoria de Comunicação Social).