Projetos da UEL são contemplados no Prime

Projetos da UEL são contemplados no Prime

Programa que visa fomentar a inovação e a propriedade intelectual concede 200 mil reais aos pesquisadores contemplados

Três projetos da Universidade Estadual de Londrina (UEL) foram premiados no Programa Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime) e receberão cada um 200 mil reais. A cerimônia de premiação acontece durante o Paraná Faz Ciência 2025, que tem início nesta segunda (29).

Coordenado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e pela Fundação Araucária com apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae/PR), o Prime tem como objetivo fomentar a inovação e a propriedade intelectual além de transformar o resultado de pesquisas em novos produtos, serviços e negócios, concedendo um prêmio pecuniário (na edição deste ano, 200 mil reais) aos dez finalistas, para que estes financiem seus projetos, visando inserir os produtos a eles relacionados no mercado.

Um dos projetos da UEL contemplados foi o “FIBRO Placa”, coordenado pela professora do Departamento de Fisioterapia, Sonia Maria Fabris e desenvolvido no Laboratório de P&D e Fabricação Digital do HU-UEL (FABI HU). A FIBRO Placa é um produto inovador desenvolvido para tratar a fibrose em mulheres com linfedema, condição caracterizada por inchaço crônico e endurecimento do tecido. Segundo a coordenadora do projeto, estima-se que uma em cada cinco mulheres que passam por mastectomia devido ao câncer de mama desenvolvem essa complicação e o objetivo do FIBRO Placa é reduzir a fibrose e suas complicações.

Outro projeto premiado foi o da mestranda em Biotecnologia no Departamento de Bioquímica e Biotecnologia da UEL, Letícia Fernandes Gonçalves, intitulado “ReMush-AgroScience”. O trabalho tem como objetivo agregar valor a resíduos agroindustriais, como a casca de aveia e o bagaço de laranja, utilizando fungos filamentosos, capazes de degradar a matéria orgânica desses resíduos para produzir biocompósitos. Esses materiais, quando aplicados ao solo aumentam a retenção de umidade e favorecem o crescimento das plantas.

O terceiro projeto da UEL agraciado com o prêmio foi o “Food NatClean: Sanitizante natural para alimentos”, coordenado pelo professor do Departamento de Microbiologia, Gerson Nakazato. Desenvolvido no Laboratório de Bacterologia Básica e Aplicada do Departamento, o projeto consiste numa combinação de dois ativos naturais com propriedades antimicrobianas, um ácido orgânico, como vinagre ou ácido cítrico, combinado com óleo essencial de canela, que juntos apresentam um efeito potencializado na atividade antimicrobiana ou o efeito bactericida.

Estímulo muito bem-vindo

Os contemplados da UEL já fazem planos para a utilização do recurso disponibilizado pelo Prime. Para Sonia Fabris, o prêmio será fundamental para equipar o FABI HU com os insumos e recursos necessários, além de permitir o aprimoramento da validação da FIBRO Placa em ambientes externos. Já para Letícia Gonçalves, o prêmio servirá para comprar equipamentos necessários para a pesquisa, aquisição de reagentes, além de custear análises que precisam ser realizadas fora da UEL. “Tudo isso vai dar um salto de qualidade no nosso trabalho, porque vamos conseguir ter resultados mais rápidos, completos e consistentes”, comenta Letícia.

O mesmo otimismo em relação ao emprego do prêmio é compartilhado por Gerson Nakazato. “A premiação de 200 mil reais será muito importante para finalizarmos o protótipo e testarmos em diferentes condições, com diferentes alimentos, e para isso precisaríamos de recursos humanos, ou seja, bolsas, como também materiais para o desenvolvimento e finalização do projeto”, afirma.

Importância do Prime

Os três pesquisadores premiados da UEL enfatizam a importância do Prime para a produção científica e relatam a experiência no programa. Segundo Sonia Fabris, foram quatro meses intensos de capacitação, mentorias, workshops, conversas com especialistas do mercado e pitchs (apresentações rápidas). “O Prime é um programa que vem se aprimorando a cada edição, consolidando-se como uma referência na área de inovação com foco no mercado, ao conectar conhecimento, prática e desenvolvimento mercadológico”, comenta.

Letícia Gonçalves também não esconde sua satisfação em participar do Prime: “Foi uma experiência enriquecedora, porque aprendemos sobre transferência de tecnologia e tivemos mentorias que nos ajudaram bastante, além de vários workshops que fizeram a gente olhar para a nossa pesquisa de uma forma diferente e entender melhor para onde queríamos levá-la”, ilustra.

Já para Gerson Nakazato, o programa tem papel fundamental no que diz respeito a dar as condições para tornar o projeto aplicável no mercado. “O Prime tem um enfoque muito forte na questão da inovação, com o intuito do seu produto chegar ao mercado. E os contatos que realizamos durante esse programa são muito importantes para o nosso crescimento profissional”, complementa.

A cerimônia de premiação dos dez pesquisadores contemplados acontece no dia 30 de setembro durante o Paraná Faz Ciência, que está sendo realizado em Guarapuava, tendo como organizadora a Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro).

A edição 2025 do Prime começou em maio, com 150 participantes, e os dez finalistas participaram de quatro etapas classificatórias envolvendo mentorias coletivas, workshops e sessões de consultoria. O total dos recursos disponibilizados aos vencedores pelo programa foi de 2 milhões de reais, advindos do Fundo Paraná.

Cerca de 370 pesquisadores já foram comtemplados com o prêmio em suas edições desde 2021. O Prime integra o conjunto de ações da Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável (Ageuni), vinculada à Seti e que objetiva incentivar o desenvolvimento socioeconômico e aumentar a competitividade das empresas paranaenses, agregando tecnologia aos processos de produção de bens e serviços.

Publicado em

É autorizada a livre circulação dos conteúdos desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte.