Pesquisadores do Laboratório de Inovação e Tecnologia Cosmecêutica (LABITEC) com o apoio das equipes do Laboratório de Microscopia Eletrônica e do Laboratório de Bioquímica e Biotecnologia estão em fase de formulação e desenvolvimento de um cosmético natural (petcare) para tratamento da dermatite canina. O produto inovador utiliza a aveia (Avena sativa) que tem características potencialmente biológicas para o combate da infecção desencadeada por problemas genéticos, imunológicos, emocionais e quando há um desequilíbrio na pele. Algumas raças de cães são predispostas a este problema, como Labrador Retriever, Golden Retriever, Bulldog, Yorkshire, pastor alemão e Cocker Spaniel.

A pesquisa é fruto de um acordo de cooperação estabelecido entre a UEL e SL Alimentos, indústria paranaense especializada no processamento de cereais e líder no mercado nacional de processamento de aveia. A indústria tem histórico de inovação e pesquisa e recentemente está diversificando a linha de produtos a partir da expansão para o mercado de cosméticos pet, considerando a crescente demanda deste setor e, sobretudo, por produtos sustentáveis.

Segundo a coordenadora da pesquisa, professora Audrey Stinghen Garcia Lonni (Ciências Farmacêuticas), os estudos deverão avaliar o potencial dos derivados da Avena sativa e sua eficácia para o tratamento dos chamados eczemas de animais de estimação, como cães e gatos. Ela adianta que foram realizados diversos extratos de dois tipos de aveias da SL Cereais e Alimentos e estão sendo realizadas várias análises, de eficácia e caracterização, como ensaios físico-químicos, antioxidante, microscopia eletrônica e microbiológicos para verificar as características antibacteriana e antifúngica.

O objetivo é desenvolver uma formulação com eficácia antibacteriana aliada à atividade antioxidante, com retenção de umidade, permeação e estabilidade. A coordenadora explica que o petcare representa uma nova utilização para a conhecida aveia, considerando seu potencial hidratante. Segundo a professora Suzana Mali de Oliveira, do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia, o acordo de cooperação se justifica porque a empresa tem disponibilidade para fornecer a matéria-prima. Ela acrescenta que a proposta é desenvolver uma patente compartilhada.

Thays Amélio Bergamini, mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas e pesquisadora executora do projeto, adianta que o petcare deverá ser oferecido em forma de loção, a partir de óleos essenciais que serão acrescidos à formulação para uma ação repelente e antimicrobiana. Dessa forma o novo produto será multifuncional (contra pulgas, carrapatos e dermatite) para aplicação direta na pele do animal. A expectativa é de que os resultados, com depósito de patente, possam ser divulgados no primeiro semestre de 2026.

Participam ainda do projeto a doutoranda Jaquellyne Moraes (do Programa de Pós-graduação em Bioquímica e Biotecnologia), Júlia Nishi Sonoda (acadêmica do curso de Farmácia), Briani G. Bigotto (Pós-doc no programa de pós-graduação em Ciências Farmacêuticas), professor Alexandre Orsato (Departamento de Química) e Rodolfo Zanin (pesquisador e gerente de projetos SL Cereais e Alimentos).

O diretor de pesquisa e desenvolvimento da SL Alimentos, Thomaz Setti, acentua que a empresa tem histórico em inovação desenvolvendo, por exemplo, materiais genéticos por meio de parcerias com Unicamp, UTFR, Instituto Técnico de Alimentos (ITAL) e Embrapa. A empresa hoje é responsável por 85% do mercado de aveia empacotada no país, iniciando operações na Argentina e Uruguai.

O portfólio da SL Alimentos inclui marcas como Yoki e Nestlé. Fundada em 1988, a empresa tem sede em Mauá da Serra, no norte do Paraná, processa 150 mil toneladas de cereais/ano, considerada entre as principais fornecedoras do país de alimentos integrais e funcionais derivados de cereais e grãos, com destaque para a aveia, arroz, trigo, centeio, cevada e bebidas vegetais.