O Colégio Estadual Cívico-militar Professor Francisco Villanueva, de Rolândia, recebeu no dia 12 diversas oficinas voltadas à temática da cultura afrobrasileira e o combate ao racismo. Foram apresentados documentários sobre personalidades negras que fazem parte da história de Londrina e região, como a história de dona Izolina e a “Venda dos Pretos”, além do documentário “Doutor Preto”, que narra a trajetória do doutor Justiniano Clímaco da Silva, primeiro deputado estadual negro do Paraná, primeiro médico negro de Londrina e um dos primeiros profissionais da área da Saúde a trabalhar na cidade.

Os documentários foram exibidos para os alunos pelos próprios diretores do filme, Tiago Silva e João Junior, que destacaram a importância de apresentar, para as
futuras gerações, histórias protagonizadas por pessoas negras, não somente para inspirá-las, mas também para que saibam da existência dessas histórias que muitas vezes são esquecidas. “A gente tem essa questão sobre o apagamento das histórias negras e trazer isso, principalmente a partir da infância, é essencial para que as crianças já cresçam com o letramento sabendo sobre sua cultura, sabendo sobre a sua ancestralidade”, destacou João Junior.

Também foram discutidos o racismo recreativo, literaturas infanto juvenis afrobrasileiras, história e produção de bonecas Abayomi, símbolos de resistência ao racismo e lutas importantes na construção da identidade afrobrasileira. O evento contou também com uma análise fílmica da obra “Auto da compadecida”, além da palestra “Mulheres que inspiram” que apresentou aos alunos, autoras como Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus e Teresa Cárdenas.

As palestras e oficinas foram realizadas na parceria entre o NEAB e os alunos da “Villa Afro”, grupo formado por alunos do ensino médio e fundamental do Colégio Villanueva, que buscam combater o racismo e a discriminação racial, promovendo a valorização da cultura afrobrasileira e indígena.

Seguindo a temática da valorização da história e cultura africana, a oficina “Cartas Adinkras” apresentou aos alunos esses ideogramas africanos originários da costa ocidental africana, mais especificamente da região onde hoje estão os países de Gana e Costa do Marfim. Durante a oficina, os alunos deveriam escolher os ideogramas que mais se identificassem e, em seguida, reproduzi-los com peças de isopor e tinta.

Para Camilla Rolim, uma das idealizadoras da oficina, a experiência de trabalhar os ideogramas Adinkras, possibilita apresentar aos alunos um pedaço das influências africanas presentes no dia a dia, além de ser uma ótima oportunidade para socialização.

Para a professora Marleide Perrude, coordenadora do NEAB, o trabalho em parcerias com as escolas fortalecem a implementação das leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que inserem o ensino sobre história e cultura africana e afrobrasileira nas instituições de ensino.

Com um total de 7 oficinas, para uma média de mais de 90 alunos, esse trabalho marca a concretização da parceria NEAB/Villa Afro através do projeto de extensão, “Tecendo Redes – Educação das Relações Étnicos Raciais” e seu trabalho no combate ao racismo e na valorização da identidade afrobrasileira para os alunos da rede pública.

*Estagiário do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (NEAB)