NEAB promove curso de letramento racial e luta antirracista

NEAB promove curso de letramento racial e luta antirracista

Em parceria com o Pet Saúde Equidade, a iniciativa abordou quatro temáticas diferentes durante os quatro dias de curso

O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) promoveu um curso de letramento racial e luta antirracista na primeira semana de novembro, no Laboratório de Pós Graduação (LABESC), localizado dentro do campus da UEL.

Em parceria com o Pet Saúde Equidade, a iniciativa abordou quatro temáticas
diferentes durante os quatro dias de curso. O objetivo foi problematizar a ideia de
raça como conceito central para a análise e percepção da realidade, além de
discutir o conceito de raça, racismo, racismo estrutural, racismo institucional e suas
implicações no cotidiano. Visando a identificação, contextualização e exclusão de
expressões e atitudes racistas do vocabulário.

Para agregar mais poder e conhecimento na roda de conversa, foram convidadas quatro pessoas com diferentes vivências e profissões. Entre elas a assistente social graduada, mestre e doutoranda pela UEL, Gilza Kaingang; o diretor de Política Sociais do SindSaúde, Gilson Pereira; a gestora de Promoção da Igualdade Racial da Prefeitura de Londrina, Fátima Geraldo, e o Doutor Matheus.

Durante as quatro horas de troca de ideias, foram discutidos temas como o Pacto
da Branquitude; Lei de Cotas; Implementação da Política Nacional de Saúde
Integral da População Negra (PNSIPN); e Combate ao racismo institucional.

Objetivo das oficinas foi problematizar a ideia de raça como conceito central para a análise e percepção da realidade (Foto: NEAB)

A estudante de Farmácia, integrante do GAT 4 do Pet Saúde e bolsista do projeto,
Isabella Máximo, falou da importância da presença de cursos que abordem
esses temas.”Ajudou a conhecer mais da realidade em que nós, pessoas pretas,
vivemos. Todo o conhecimento que eu recebi neste dia agregou muito para a minha
futura carreira profissional também, já que sou estudante da área de saúde! Estes
conhecimentos são muito importantes para que nós possamos futuramente ajudar a
colocar a equidade em prática por todo o sistema de saúde”, disse.

Primeira servidora indigena da UEL, Gilza foi uma voz forte durante toda a roda de
conversa.”A coragem e determinação de Gilza Kaingang de lutar pelo seu povo e pelo direito deles foi algo que me inspirou muito! Sua fala foi muito emocionante e
ao mesmo tempo revoltante. A violência explícita contra os povos indígenas é
absurda e traz muita revolta”, ressaltou Gilza.

O segundo dia do curso trouxe a temática “Racismo e seus derivados”. O terceiro dia teve o tema “Branquitude – Aspectos Conceituais” como base e o objetivo de provocar reflexões críticas sobre a construção histórica da branquitude no Brasil e seus impactos na sociedade contemporânea. Partindo da análise do período de escravização, discutiu-se como esse processo estruturou desigualdades profundas que permanecem até hoje, manifestando-se no racismo estrutural, na criminalização da população negra e periférica.

Outro aspecto abordado foi a invisibilização de autores negros e latinos nos
currículos acadêmicos. A ausência dessas vozes reforça uma perspectiva
eurocêntrica do conhecimento, que desvaloriza a produção intelectual e cultural de
países historicamente marginalizados. A oficina destacou a importância de incluir e
reconhecer essas contribuições, promovendo uma educação que valorize a cultura
preta.

Além disso, discutiu-se o papel do funk e do rap como ferramentas pedagógicas.
Esses gêneros musicais, muitas vezes estigmatizados, foram apresentados como
expressões legítimas de saberes, vivências e resistências, capazes de dialogar com
estudantes e ampliar horizontes de aprendizagem.

A estudante de Psicologia, integrante do GAT 4 do Pet Saúde e bolsista do projeto,
Lívia Segatto, falou da importância de concluir o curso proposto pelo NEAB em
parceria com o PET Saúde.”Acho sempre necessário buscarmos mais conhecimento sobre a temática da racialidade para que possamos entender os diversos atravessamentos do quesito raça na nossa sociedade. Também foi muito
representativo para mim, como mulher negra, estar ouvindo outras mulheres negras
em lugar de destaque ministrando sobre um tema tão importante”, destacou.

Ela ainda falou da abordagem das temáticas tratadas no curso dentro da sua
grade curricular. ”Ainda é falha em abordar questões raciais. Acredito que até hoje
tive uma disciplina que abordou de forma mais focalizada a temática”, disse.

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