Laboratório de Tecnologia Educacional celebra 50 anos

Laboratório de Tecnologia Educacional celebra 50 anos

Trajetória de inovação e conhecimento acompanha as transformações no ensino

O Laboratório de Tecnologia Educacional (Labted) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) completa 50 anos no mês de novembro. O espaço no Centro de Letras e Ciências Humanas (CLCH), no campus da UEL, oferece apoio a alunos, professores e à comunidade externa. Do analógico ao digital, das salas de aulas tradicionais ao ensino a distância, os atendimentos ultrapassaram barreiras e permanecem em expansão.

A trajetória de inovação e conhecimento teve início em 1975 com a criação do antigo Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE), na época vinculado ao Centro de Educação, Comunicação e Artes (Ceca). A intenção era implementar um programa de atualização permanente para melhorar a qualidade do ensino na universidade com foco nas metodologias e recursos tecnológicos.

O atendimento pedagógico aos docentes sempre foi um dos pilares do NTE, seja por meio do apoio individualizado ou da produção de materiais didáticos como cartazes, slides, transparências, vídeos, placas e gráficos.

A professora Estela Okabayashi Fuzii acompanhou a criação do núcleo e esteve à frente da equipe entre 1981 e 2002. Os 21 anos de trabalho consolidaram a importância da atualização permanente no ensino.

Professora Estela Okabayashi Fuzii, à direita (Acervo: Labted)

Em entrevista em 2015 para celebrar os 40 anos do Labted, Fuzii exaltou as origens do NTE e citou as primeiras diretoras Tereza Gally de Andrade e Santana Batista de Lima. Andrade, que realizou o doutorado na Bélgica, trouxe conceitos para a elaboração de uma proposta na área de tecnologia educacional. Posteriormente, na gestão de Lima, o Ministério da Educação convidou todas as universidades para a elaboração de um projeto que contemplasse tecnologia e educação.

“Foram aprovados dez projetos, incluindo o da UEL. Participei e coordenei o projeto, depois fui convidada para levá-lo a outras universidades de diversos estados do país a pedido do MEC. A Santana foi quem teve a ideia de trazer o projeto do MEC para ser coordenado pelo NTE”, lembrou Fuzii.

O antigo Núcleo de Tecnologia Educacional (NTE) ganhou um novo regimento em 2003 e passou a ser chamado Laboratório de Tecnologia Educacional (Labted). Dessa forma, o então órgão suplementar tornou-se, oficialmente, órgão de apoio a toda a comunidade interna e externa.

Cursos de extensão

A formação pedagógica continuada permanece como principal foco no apoio aos docentes atendidos pelo Labted. Não por acaso, os cursos de extensão mais procurados nos últimos anos por alunos, por professores e pela comunidade externa foram os de Microensino e de Didática no Ensino Superior.

O Analista de Gestão Universitária, Paulo Sérgio Negri, professor do Setor Educacional do Labted há 28 anos, explicou que o laboratório se consolidou como referência na UEL ao acolher as demandas desses profissionais e ao propor a reflexão sobre intencionalidade pedagógica no planejamento de aulas, na escolha das metodologias e dos recursos tecnológicos, quando necessários.

“Ao longo desses 50 anos, o Labted tem essa preocupação não só com a inserção das tecnologias no dia a dia do docente em sala de aula, mas também com a formação pedagógica continuada na medida em que os docentes participam dos nossos cursos e também nos procuram de forma individualizada com suas angústias, questões que emergem da geração digital e a busca por outras estratégias de ensino”, detalhou.

Os desafios no ensino se transformaram e o laboratório acompanhou essas mudanças. Mesmo com equipe reduzida, nos últimos dois anos foram ministrados 20 cursos presenciais e online sobre os mais diversos temas: didática no ensino superior, técnicas para a apresentação de seminários e palestras, informática básica, arduino, comunicação não violenta, noções básicas de HTML, storytelling como estratégia de ensino e ferramentas de Inteligência Artificial para apoio a estudantes e servidores.

“A Universidade Estadual de Londrina é privilegiada em ter um órgão de apoio como o Labted. O laboratório é um dos únicos do país com setor educacional voltado especificamente para os docentes nesse processo de formação. A minha expectativa é que nós continuemos a fazer esse trabalho e que a universidade possa continuar investindo e acreditando no trabalho do Labted. Isso é de suma importância para que o Labted consiga renovar os seus votos de trabalho por mais 50 anos”, finalizou Negri.

Paulo Negri: “O laboratório é um dos únicos do país com setor educacional voltado especificamente para os docentes nesse processo de formação” (Acervo: Labted)

Quando não tinha ‘Ctrl Z’

A evolução dos equipamentos tecnológicos foi acompanhada de perto pelo técnico em estúdio e multimídia, Waldecyr Salvi, que trabalha no Labted há 41 anos. A jornada começou ainda adolescente quando Salvi, aos 16 anos, foi chamado para trabalhar no setor de fotocópias do laboratório. Anos depois, interessado em aprender a manusear os equipamentos, ele passou a integrar a equipe do estúdio.

“Eu gostava muito de mexer com som. Comecei na época do analógico. A gente mexia com filme 16 mm, super 8 mm, slides, fitas U-Matic, depois VHS, super VHS, DV e mini DV. Depois chegou o primeiro computador com 512 mega de memória RAM para fazer edição não linear. Antes disso, não tinha ‘Ctrl Z’. Não tinha chance de errar. O erro de um segundo de fita poderia colocar tudo a perder. Se a imagem atravessasse ou passasse por cima do áudio, não tinha ‘Ctrl Z’”, lembrou Salvi ao se referir a facilidade do atalho no teclado do computador que desfaz erros de edição.

No início, os serviços disponibilizados pelo laboratório eram muito utilizados por estudantes dos cursos de comunicação da UEL. O Labted também se destacou pela criação da videoteca que possuía centenas de materiais gravados em fitas VHS que poderiam complementar a formação acadêmica.

Inúmeros eventos institucionais também foram registrados pela equipe ao longo dos anos. “Chegamos a gravar festivais como o Filo [Festival Internacional de Londrina] e o Festival de Música de Londrina”, recordou.

Atualmente, a equipe realiza gravações de videoaulas, oferece suporte técnico a alunos e professores para a realização de trabalhos acadêmicos e transmite eventos online. O conhecimento sobre os mais diversos softwares e ferramentas acessíveis favoreceram a realização de eventos híbridos (nos formatos presencial e online, de forma simultânea) com a participação ao vivo de convidados de vários estados.

“Fazemos muitos testes antes dos eventos, a montagem dos equipamentos… É uma preparação que, às vezes, tira o sono da gente. Hoje, com a internet, ficou mais fácil aprender. Antigamente, você queria aprender sobre um equipamento, mas não tinha manual, não tinha nada. Já tive que traduzir manual que só tinha em inglês. Hoje chega uma câmera, você coloca na internet e já começa a operar o básico”, afirmou.

EaD em expansão

As transformações no ensino atravessaram os limites físicos do campus universitário da UEL. Em 2009, foi criado o Núcleo de Educação a Distância (Nead) que também integra o Laboratório de Tecnologia Educacional.

A implantação do núcleo viabilizou a participação da UEL no programa Universidade Aberta do Brasil (UAB). O sistema do governo federal implantado por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) realiza a articulação entre estados e municípios para democratizar o acesso ao ensino superior. Os cursos de graduação e de pós-graduação a distância são gratuitos com a qualidade do ensino UEL.

Em 2011, o Nead atendeu mais de 2 mil estudantes que complementaram o curso de Pedagogia por meio do Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor). Alunos dos polos UAB dos municípios de Cerro Azul, Colombo, Curitiba, Palmeira e Paranaguá participaram das atividades realizadas pela UEL.

Outro marco na história do Nead/Labted foi o apoio oferecido aos professores e servidores durante a pandemia da Covid-19. O “Virtuel”, evento promovido pela equipe, contou com mais de 5 mil inscritos nas duas edições (2020/2021). A programação buscou orientar e qualificar os funcionários da universidade para a execução de atividades de forma remota.

“O Virtuel foi um ponto de virada. O Labted contribuiu muito para a implantação e efetivação do uso da tecnologia educacional com foco mais voltado para a internet como apoio ao ensino e aprendizagem”, ressaltou o coordenador do Nead/UEL e diretor do Labted, Pedro Paulo da Silva Ayrosa.

A modalidade EaD permanece em expansão. Atualmente, a UEL oferta a graduação em Computação (licenciatura) e as especializações em Atividade Física e Saúde, Ensino de Inglês para Crianças, Ensino de Língua Portuguesa e Tecnologia Educacional Digital, Gestão Pública e Tecnologias de Informática na Educação. As turmas estão distribuídas em 26 cidades do Paraná que possuem polo EaD em parceria com o programa Universidade Aberta do Brasil, um total aproximado de 900 alunos. Outros dois cursos de graduação (tecnólogo) e cinco cursos de pós-graduação estão previstos para iniciar em 2026.

“O Labted é o órgão que possibilita a realização disso tudo porque tem a infraestrutura física, a equipe de funcionários extremamente experientes da UEL e o apoio de profissionais contratados temporariamente por meio de convênio com a Capes. Parte dessa equipe está voltada para a EaD, que é uma necessidade institucional. O Labted e o Nead representam a UEL junto à Universidade Virtual do Paraná (UVPR) que realiza projetos em parceria com as universidades públicas estaduais. Enfim, o futuro promissor com o uso da tecnologia educacional como apoio no processo de ensino e aprendizagem já está em plena construção”, ressaltou Ayrosa.

Acervo: Labted

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