Todo mundo já foi criança, e todo mundo já usou livros, revistas e outros materiais “de adulto” como tela de pintura para rabiscar, criar e se divertir quando pequeno. Foi com esse olhar nostálgico e atencioso que os alunos do 3° ano de Design Gráfico Alex Akira Shimada e José Augusto Diamante, juntamente com a docente do curso Paula Rodrigues Napo, criaram um projeto que se destacou em âmbito nacional: Papel & Tinta, um manual de produção gráfica que une a diversão da infância e a técnica do design, foi finalista do Brasil Design Award, o maior prêmio de design brasileiro.

O prêmio é uma realização da Associação Brasileira das Empresas de Design (ABEDESIGN) que, desde 2009, já reuniu mais de 20 mil participantes, premiando mais de 2.500 projetos. Ainda longe dos holofotes e premiações, o Papel & Tinta se iniciava timidamente em sala de aula, na disciplina de Produção Gráfica.

“É comum todo ano a gente desenvolver um manual de produção gráfica para poder fechar a matéria. A proposta era criar um livro que reunisse todo o conteúdo que tivéssemos aprendido na matéria. Eu e minha dupla achamos interessante dar uma abordagem um pouco diferente pra ele”, explica o integrante da equipe José Augusto Diamante. “Com o término do trabalho, como tinha sido um resultado que nós ficamos muito contentes com a forma que ocorreu e com o que conseguimos resultar no final, optamos por inscrever ele no concurso porque a gente achou que tínhamos bastante chance com ele”.

O manual, que simula traços e rabiscos infantis sobrepostos no conteúdo teórico, conta uma história: um material antigo que passou pelas mãos de uma criança. “Queríamos que fosse um livro mais do que só a interatividade, mas também relacionável. Colocando-se no lugar como designers que estão aprendendo sobre esse conteúdo de produção gráfica, a gente queria algo que pudéssemos sentir e trazer o aprendizado de forma mais leve, até por ser um conteúdo bastante maçante e, em partes, muito técnico”, conta Diamante.

“O resgate da infância e da memória afetiva”

O processo de produção contou com muita experimentação, pesquisa e levantamento de referências. “Testes e mais testes. Separamos muito material de livros antigos, ilustrações infantis, muitos rabiscos, garatujas, e até pesquisamos modelos de embalagem de material escolar”, explica. Diamante e Akira se inspiraram no mundo infantil desde as páginas do manual, até sua embalagem e acompanhamento, que conta com uma tabela comparativa e um conjunto de cards ilustrados que foram embalados num simulacro de caixa de lápis de cor.

O Papel & Tinta é um convite a um passado mais simples e, nesse caso, rabiscado. Diamante relembra a primeira apresentação do projeto na sala de aula, quando percebeu que os colegas se identificaram e se viram como a criança que desenhou um sol no canto da página do manual. “A gente queria trazer esse olhar infantil, algo mais leve e essa coisa de simplificar, criança vê um mundo mais fácil, a gente queria trazer essa ideia pro livro. Como todo mundo já foi criança e, agora adulto, está lendo o livro, a pessoa provavelmente teve a experiência de rabiscar um material. O resgate da infância e da memória afetiva: essa foi a principal intenção”, expõe.

Ter sido selecionada em uma premiação de destaque nacional é motivo de alegria, esperança e reconhecimento para a equipe. “Pra gente enquanto estudantes que estão começando e futuros designers, é uma mistura de sonho e conquista. É entender que a gente tem valor e que, mesmo ainda estando no começo, a gente tem espaço para crescer mais. Ainda, é entender que todas as escolhas pessoais que a gente fez, quando colocamos a nossa marca e optamos por ir contra o padrão de certo ou errado, diziam muito sobre o que a gente é e foram reconhecidas”, celebra Diamante.

O projeto concorre ainda por Voto Popular, dentro da categoria Design Editorial – Projetos Estudantis. A votação e mais informações sobre demais projetos concorrentes estão no site do Brasil Design Award.

*Estagiária de Jornalismo na COM/UEL.