Projeto explora a instauração de sistemas de comunicação de 6ª geração
Projeto explora a instauração de sistemas de comunicação de 6ª geração
Com apoio de instituições internacionais, pesquisadores se antecipam no estudo e viabilização de tecnologias futurasÀ medida que a implementação da tecnologia 5G ainda é um projeto em desenvolvimento em parte do território nacional, um grupo de pesquisadores já estuda o progresso e aplicação dos sistemas de comunicação além da 5ª geração (B5G), como parte do projeto “Sensoriamento, Localização, Acesso Aleatório e Conectividade em Sistemas de Comunicação M-MIMO, XL-MIMO e Cell-Free Auxiliados por Superfícies Inteligentes Reconfiguráveis”, contemplado com Bolsa Produtividade do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Iniciado em 2024, trata-se de um projeto de pesquisa do Laboratório de Telecomunicações e Processamento Digital de Sinais (CTU) que conta com apoio internacional de duas instituições, a University of Manitoba (UM), no Canadá, e a Aalborg University (AAU), na Dinamarca.
Apesar de abordar um tema recente, os estudos na área de sistemas de comunicação de 6ª geração são precedidos por anos de pesquisa das tecnologias: mais de duas décadas da carreira acadêmica do coordenador do projeto, professor Taufik Abrão (Departamento de Engenharia Elétrica), são dedicadas ao assunto. Ele conta que atua no campo desde seu Doutorado na USP, concluído em 2001, quando trabalhava com acesso múltiplo por divisão de código (CDMA), tecnologia referente à 2ª e 3ª geração de sistemas de comunicação.
Ao longo dos anos, o Laboratório tem acompanhado o avanço dessas tecnologias, as quais o professor descreve como disruptivas e, ao mesmo tempo, habilitadoras. No caso do projeto, são estudadas técnicas, métodos e procedimentos algorítmicos que exploram a otimização e viabilização do sistema de 6ª geração. Para isso, a pesquisa conta com uma abordagem teórica mas também faz uso de simulações computacionais, alternativa que permite a experimentação de sistemas complexos com métodos estatísticos, sem, no entanto, gerar custos elevados. Através disso se torna possível verificar a eficiência de um sistema muito antes de sua construção.
Mas quem se beneficia?
Mas quem se beneficia dos estudos? Segundo o professor Taufik, por se tratar de uma tecnologia inacabada e de alto custo, quem se beneficia prontamente são as grandes empresas multinacionais que já planejam a implementação do 6G, o que ainda é uma realidade distante, prevista para ocorrer apenas em 2030 – com algum atraso, em 2033 – isso sem considerar as dificuldades encontradas no Brasil, que, de acordo com o pesquisador, deve receber o sistema de 6ª geração no ano de 2037, só então a população terá acesso à tecnologia a baixos custos.
Enquanto a nova geração de sistemas de comunicação não se concretiza, os estudantes do projeto são habilitados para a pesquisa do tema para além do cenário nacional. “A motivação que a gente tem é justamente formar pessoas no nível internacional e formar profissionais que possam atuar tanto no Brasil como no exterior”, afirma o coordenador do projeto, o qual mantém conexões com programas universitários do Canadá e Dinamarca, países que hoje aparecem nos currículos de diversos integrantes do laboratório.
A atuação da pesquisa, todavia, não para por aí. Dentre os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela Organização das Nações Unidas, o professor relaciona cinco deles ao projeto. Além da qualificação dos estudantes – que se encaixa no objetivo 4 (Educação de Qualidade) – ele também considera os objetivos 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico), 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura), 10 (Redução das Desigualdades) e 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis) como questões abordadas na realização do projeto.
Participantes
Formalmente, o projeto possui 10 integrantes. Quatro deles são estudantes de graduação, três fazem parte do Mestrado Acadêmico e outros três são doutorandos. Apesar disso, o coordenador sinaliza que, como as atividades realizadas no Laboratório exploram temáticas convergentes, participantes de diferentes grupos interagem entre si e colaboram para diferentes linhas de pesquisa. Essa colaboração se expande ainda mais através do apoio de professores de instituições no exterior, como Petar Popovski (AAU) e Ekram Hossain (UM).
Os estudos provenientes dessa rede de pesquisadores encontram a comunidade acadêmica por meio de publicações e eventos. No decorrer dos anos, as pesquisas desenvolvidas já apareceram em uma série de revistas acadêmicas de alcance global, além de serem apresentadas em congressos da área. Na graduação, são realizados workshops de ordem técnica como forma de divulgação das atividades para os estudantes ingressantes na Universidade.
*Estagiário de Jornalismo na COM/UEL.