Professora discute diálogos interculturais entre Brasil e Itália em congresso Internacional
Professora discute diálogos interculturais entre Brasil e Itália em congresso Internacional
Evento realizado na Itália comemora 150 anos da Imigração Italiana no Brasil.Em 1874, centenas de imigrantes italianos desembarcavam no litoral do estado do Espírito Santo, dando início ao processo de Imigração Italiana no Brasil. Em 2024, 150 anos após a data, os efeitos do fluxo migratório são visíveis em diferentes aspectos das tradições nacionais, mantendo vivo o legado da cultura italiana. Nesse sentido, a professora Márcia Rorato, do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas (CLCH), se debruça nos aspectos linguísticos e literários que permeiam essa relação. No último dia 26, a docente teve a oportunidade de apresentar seu trabalho na Universidade de Pádua como parte do Congresso 150 anni immigrazione italiana in Brasile.
Associado ao Departamento de Estudos Linguísticos e Literários da instituição italiana, o Congresso teve como temática a produção e circulação de conhecimento, reunindo especialistas para debater os impactos históricos e culturais da imigração no Brasil, bem como a vasta produção literária e artística oriunda desse fluxo. A contribuição da professora da UEL se deu através do trabalho “Perspectiva didática intercultural da produção literária e jornalística em italiano, Talian, em “Macarrônico” ou em português no Brasil”, que investiga a inserção de obras em italiano no cenário didático nacional.
A produção literária Italiana
Segundo Márcia, desde o início do processo de imigração – isto é, no final do século XIX – escritores e jornalistas de origem italiana (e, posteriormente, seus descendentes) desenvolvem um grande volume de produções literárias, as quais variam tanto em gênero quanto em linguagem, sendo produzidas em Italiano mas também em suas variantes regionais-dialetais (como o Talian e o Macarrônico). Para a docente, a produção das obras associadas ao numeroso grupo étnico é uma das mais importantes manifestações de identidade, resistência e representação, seja no campo linguístico-literário, artístico-cultural ou no âmbito sociopolítico.
“Essas obras são como vozes diretas de imigrantes, verdadeiras expressões de experiências vividas — relacionadas ou não à imigração —, testemunhos dentro dos quais são os personagens das narrativas e os sujeitos-autores da criação literária”, explica a docente, que ainda pontua a relevância dos registros como documentação histórica e sua importância no diálogo intercultural, promovendo a compreensão do outro e a tolerância às diversidades frente às realidades multilíngues presentes no Brasil e na Itália.
Ainda de acordo com a professora, o Congresso proporcionou, através de conferências, apresentações e leituras, a reflexão sobre o impacto do movimento migratório italiano no processo de criação e distribuição, além da observação dos vários fenômenos de encontro entre ambas as culturas, suas transformações e comunicações, mas também as dificuldades, conflitos e desacordos.
*Estagiário de Jornalismo na COM/UEL.