Projeto aposta em modelos táteis como ferramenta de ensino da Histologia para estudantes cegos 

Projeto aposta em modelos táteis como ferramenta de ensino da Histologia para estudantes cegos 

Utilizando massa cerâmica, resinas e arames, os alunos confeccionaram modelos que reproduzem os principais tecidos biológicos.

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Agência UEL


Uma iniciativa apresentada na reta final do ano letivo de 2024 na UEL objetiva viabilizar o entendimento sobre a formação, estruturas e funções dos tecidos de animais e vegetais para estudantes com deficiência visual total ou parcial por meio da utilização de modelos táteis tridimensionais. A ideia inovadora surgiu a partir do envolvimento de alunos do curso de Fisioterapia da UEL com os desafios enfrentados pelo estudante do primeiro ano Luiz Gustavo Medeiros Soares – que tem cegueira total – para a compreensão dos conhecimentos da disciplina de Histologia. Transformada em um projeto de extensão, a iniciativa almeja continuar a produção dos modelos táteis e disponibilizá-los para instituições voltadas ao atendimento de pessoas com deficiência visual. 

Docente da área de Histologia e coordenador da iniciativa, o professor Júlio de Mello Neto, revela o nome dado ao Projeto de Extensão. “Histologia na Ponta dos Dedos”. No projeto, materiais permanentes, como massa cerâmica, resinas, arames, entre outros, são usados na criação de modelos que reproduzem os principais tecidos biológicos, com resistência suficiente para serem apalpados sem risco de serem danificados. 

Os modelos foram apresentados no encerramento do ano letivo de 2024, em fevereiro, durante a 1º Mostra de Modelos Táteis de Histologia da UEL. Nesta oportunidade, lembra o professor, os discentes foram desafiados a conhecerem a realidade vivida por quem não pode interpretar os estímulos visuais, em uma dinâmica de reconhecimento dos tecidos por meio do toque.

“Foi bastante peculiar pois, logo após as palavras de abertura, as luzes foram apagadas e os participantes, divididos em duplas. Um aluno fechava os olhos e o outro o conduzia pelos modelos táteis, enquanto a explicação era feita apenas com base no tato. Além de desafiadora, essa dinâmica também emocionou muitos dos participantes”, lembra o docente. 

Além do envolvimento dos estudantes, os resultado com o projeto só foram possíveis graças à colaboração entre o Departamento de Histologia, o Laboratório de Produção de Maquetes – vinculado aos cursos de Engenharia e Arquitetura – e o Núcleo de Acessibilidade (NAC) da UEL, setor da Pró-Reitoria de Graduação que atua na remoção de barreiras físicas, arquitetônicas, metodológicas e atitudinais na UEL, realizando o acompanhamento educacional de estudantes público-alvo da educação especial. 

“Alguns alunos produziram seus modelos no Laboratório de Produção de Maquetes com o auxílio do servidor Carlos Alberto Duarte, o Carlão. Todos os modelos foram validados pelo próprio Luiz Gustavo, que tinha autonomia para julgar e sugerir melhorias para que o modelo tátil cumprisse a sua utilidade. E o projeto teve total apoio do Núcleo de Acessibilidade da UEL, que tem a sorte de contar com funcionários extremamente comprometidos”, destaca o docente. 

O objetivo é continuar trabalhando para ampliar o acesso dos estudantes cegos às ferramentas, recriando a sua experiência durante a passagem pela sala de aula, seja no ensino básico ou em uma universidade. “Os modelos, sendo macroscópicos e tridimensionais, facilitam o entendimento para qualquer pessoa”, visualiza o professor. 

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