Laboratório de Biotecnologia produz tecnologia verde em parceria com grupo de MG

Laboratório de Biotecnologia produz tecnologia verde em parceria com grupo de MG

Acordo de cooperação com a Aintec prevê pesquisas para produção de fungicida e bionematicida, no valor de R$ 250 mil.

Executivos da Vitales, empresa de biológicos para agricultura sediada em Uberaba/MG, estiveram nesta quinta-feira (21) na sede da Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) da UEL para conhecer a equipe do Laboratório de Biotecnologia Microbiana (Labim), do Centro de Ciências Biológicas (CCB), e oficializar o início da parceria para o desenvolvimento de tecnologia biológica. Na semana passada, a UEL, por meio do Labim, formalizou um acordo de cooperação com a empresa mineira para a realização de pesquisas para produção de fungicida e bionematicida, produtos que deverão compor o portfólio da empresa nos próximos 24 meses.

A Vitales foi criada recentemente e integra Holding Uby Agro, que reúne as empresas Ubyfol, Ubycover, Allas Soluções Logísticas e MoonHub, todas sediadas em Uberaba. A nova empresa representa o braço de produção biológica para a agricultura, um mercado que cresce 50% ao ano e que movimentou R$ 4,5 bilhões no Brasil, na última safra.

Pelo acordo formalizado entre a empresa mineira e a UEL, a equipe do Labim receberá R$ 250 mil nos próximos dois anos para aquisição de insumos e equipamentos e pagamento do bolsas para pesquisadores. O projeto prevê o desenvolvimento de bioinsumos para controle e promoção de crescimento de plantas, a partir de um nova tecnologia biológica fungicida e bionematicida composta de biomassa e biomoléculas produzidas durante o processo de fermentação.

A Vitalis tem hoje um portfólio de dez produtos para manejo integrado de pragas, com foco em cultivares de cana, soja, milho, café e pastagem. A expectativa dos executivos é de que os produtos tecnológicos e biológicos produzidos na bancada do Labim possam alavancar a empresa no mercado, oferecendo inovação e um diferencial ao produtor. O grupo almeja estar entre os maiores players do segmento de controle biológico em 10 anos.

Entre os principais benefícios dos biológicos na agricultura estão o aumento da produtividade, a promoção de crescimento, a fixação de nitrogênio, a solubilização de nutrientes para assimilação pelas raízes, a ativação da resistência natural das plantas e a melhoria na absorção de água e nutrientes. Além da sustentabilidade, o uso de tecnologia biológica pode representar, em alguns casos, até 30% a menos de investimento para o agricultor, a partir de produtos mais baratos e eficientes.

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Repercussão

O reitor em exercício da UEL, Airton Petris, lembrou que o diferencial da Universidade é a produção de conhecimento e salientou a parceria estabelecida com a iniciativa privada para finalizar o processo de inovação, oferecendo um benefício à sociedade. “A inovação só é possível quando universidades e empresas mostram disposição. É preciso cada vez mais integrar a academia com a iniciativa privada”, afirmou.

O coordenador do Labim, professor Admilton Gonçalves de Oliveira Junior, do Departamento de Microbiologia (CCB), explicou que o Laboratório conta com cerca de 20 pesquisadores, entre estudantes de IC Junior e pós-doutorandos, e que detém, hoje, know-how para desenvolvimento de bioinsumos microbianos em um prazo rápido – como o previsto no acordo de cooperação de 24 meses. Ele definiu os bioinsumos como fundamentais para a produção agrícola moderna e sustentável porque utilizam seres biológicos e não produtos químicos. “Utilizamos patógenos brasileiros extraídos do solo e que depois retornam para a terra”, definiu.

O gerente geral da Vitales, Fernando Sousa, apresentou a empresa para a equipe do Labim e defendeu a agricultura biológica como um segmento com grande capacidade produtiva, que deixa menos resíduos e que pode gerar ótimos resultados. O executivo foi acompanhado pelo gerente técnico, João Alves, e pelo gerente de operações de projetos, Luciano Vilela.

Além da UEL, a Vitales mantém outros parceiros reconhecidos para desenvolvimento tecnológico, como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Instituto Biológico de Campinas; Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP); Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp); Gaia e Moon. O objetivo dessas parcerias é prospectar novos produtos, melhorias e iniciativas regulatórias.

Essa não é a primeira iniciativa de acordo de cooperação do Labim com a iniciativa privada. Há dois anos, o laboratório da UEL assinou um contrato de licença, fornecimento de tecnologia e de material biológico com a Simbiose Indústria e Comércio de Fertilizantes e Insumos Microbiológicos, do Rio Grande do Sul, para o desenvolvimento de um novo biodefensivo agrícola à base de Bacillus velezensis, um princípio ativo e produto microbiológico eficiente para o controle de doenças de plantas como soja e milho. A linhagem foi isolada e desenvolvida pelo grupo de pesquisa do Labim.

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