“O Cantar de Roldão” celebra os 30 anos do Neuma Ensemble Universitário de Música Antiga, neste sábado (25) 

“O Cantar de Roldão” celebra os 30 anos do Neuma Ensemble Universitário de Música Antiga, neste sábado (25) 

Com o objetivo de celebrar três décadas de importantes serviços prestados à música dos séculos IX ao XVIII, o Neuma Ensemble Universitário de Música Antiga da UEL apresenta o concerto “O Cantar de Roldão”, na noite deste sábado (25), às 20h, no Cine Teatro Ouro Verde. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ao […]

Com o objetivo de celebrar três décadas de importantes serviços prestados à música dos séculos IX ao XVIII, o Neuma Ensemble Universitário de Música Antiga da UEL apresenta o concerto “O Cantar de Roldão”, na noite deste sábado (25), às 20h, no Cine Teatro Ouro Verde. Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do teatro ao longo da semana e na véspera do evento, e custam R$ 20,00 e R$ 10,00 a meia. Mais cedo, a partir das 18h, haverá o lançamento do livro de mesmo título, de autoria do doutor em Estudos Literários, docente e músico, Ronald Ferreira da Costa, no saguão do teatro. 

Poema épico anônimo composto no século XI, na França, “La Chanson de Roland” narra a derrota que Roldão, sobrinho de Carlos Magno (742-814), sofreu diante dos mouros na batalha de Roncesvales em 776 da Era Cristã, nos confins da França com a Espanha. O combate histórico realmente aconteceu, porém envolvendo franceses e vascões (ancestrais dos bascos) que habitavam aquela região dos Pireneus. No entanto, na poesia, foram substituídos pelos mouros por causa do maior apelo que os “infiéis” produziam na imaginação do público cristão na época das Cruzadas.

Muito comentado e estudado na Europa desde o século XIX, o poema ganhou há poucos anos a sua primeira versão poética integral em língua portuguesa, traduzida em nível filológico e que visa uma compreensão mais próxima possível do conteúdo original. “Esta tradução transformou-se em um livro com inúmeras inserções explicativas, riquíssimas para o interessado na cultura de cavalaria medieval e seu entorno”, diz o diretor do setor de Música Historicamente Informada da Divisão de Música da Casa de Cultura da UEL, Elimar Plínio Machado. 

“O Cantar de Roldão” celebra os 30 anos do Neuma Ensemble Universitário de Música Antiga, neste sábado (25).

Diretor musical do concerto, ele reforça o convite lembrando que a noite irá reunir os cantores do Coro de Ópera Barroca Color Rhetoricus e os instrumentistas da Orquestra Barroca Capriccio Stravagante. Ainda são convidados o violonista Felipe Ziliotto e o percussionista Théo Mattos. 

“O Cantar de Roldão”

Este trabalho, cujos trechos principais constituem o roteiro da apresentação de sábado, é fruto da tese de doutorado de Ronald Ferreira da Costa, docente do Instituto Federal do Paraná (IFPR) Câmpus Astorga, mestre e doutor em Estudos Literários pela Universidade Estadual de Londrina, com período sanduíche na Universidade Autônoma de Barcelona, e músico integrante do Neuma Ensemble. 

Em entrevista à Rádio UEL FM, Ronald Costa falou sobre os aspectos do trabalho que resultou na tradução dos mais de quatro mil versos do poema. “São 4.002 versos decassílabos em martelo agalopado, um ritmo brasileiro. Porque a tradição Carolíngia (período de florescimento cultural, educacional e administrativo sob o Império Carolíngio entre os séculos VIII e IX), da história que se conta nessa gesta, está muito enraizada no nordeste do Brasil, embora não tivéssemos ainda conhecimento das suas origens, que é justamente a Chanson de Roland. Então eu apresento esta obra, que inicia nos meus estudos no meu estágio de doutorado e ela é integralmente cantada”, explica. 

Capa de “O Cantar de Roldão”, Ronald Ferreira da Costa, Ateliê Editorial/Edufu (2025).

Com duração de uma hora, o concerto é resultado de uma seleção dos versos traduzidos por Ronald Costa. Por outro lado, quem realizar a leitura integral irá se deparar com um texto desenvolvido em português para ser inteiramente cantado, o que representa uma inovação em comparação com outras versões, diz o autor.  

“Toda a tradução é feita de maneira musical até porque a épica românica medieval, que é este gênero literário muito pouco divulgado e difundido no Brasil, originalmente sempre foi cantada por jograis, em côrtes, em dieversos espaços desde o século XI. Normalmente, as principais edições filológicas europeias ignoram a dimensão oral. Então, é um aspecto inovador e experimental que trazemos para o público londrinense, para demonstrar como a épica românica pode e deve ser cantada”, explica o professor. 

“O Cantar de Roldão” foi lançado pela Ateliê Editorial em conjunto com a Editora da Universidade Federal de Uberlândia (Edufu) em agosto, na Biblioteca Mário de Andrade, na cidade de São Paulo. Agora chegou a vez de Londrina.

(*Assessor Especial na Coordenadoria de Comunicação Social – COM).

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