Um dia de cão. Se para muitos a expressão significa um dia sufocante e desanimador, para os estudantes do 2º ano de Psicologia o ditado, agora, representa novas experiências e momentos de aprendizados com colegas, tanto humanos quanto de quatro patas. Isso porque os alunos do professor Guilherme Bracarense Filgueiras, do Departamento de Psicologia Geral e Análise do Comportamento (CCB), que leciona a disciplina de Análise Experimental do Comportamento, visitaram o Instituto Adimax em Salto de Pirapora (SP), o maior centro de treinamento de cães-guia da América Latina.

Segundo dados do IBGE, existem aproximadamente 7 milhões de brasileiros com alguma deficiência visual. No entanto, o número de cães-guia em atividade no país é muito menor: são menos de 200. A atuação dos animais tanto em assistência quanto em aspectos terapêuticos é muito indicada em diversas deficiências, neste caso, a visual. Um dos contextos de utilização é, por exemplo, como suporte emocional. Durante a visita, os estudantes puderam acompanhar o trabalho do cão Jambo, treinado pra servir de suporte emocional a crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) em crise:

Nesse sentido, Bracarense buscou apresentar aos estudantes novas possibilidades de atuação do psicólogo de maneiras “não convencionais”, com uma iniciativa que pode motivá-los a tentar mudar a realidade das pessoas com deficiência visual no Brasil.

Dentro da Universidade, o professor leciona a parte prática da disciplina de Análise Experimental do Comportamento, trabalhando com modelos animais – ratos – de forma a estudar os padrões de comportamento e princípios da aprendizagem nas pessoas. Segundo Bracarense, a partir dos estudos em animais, é possível aplicar esses princípios em qualquer campo de trabalho. “Na Clínica, nós podemos ensinar a um indivíduo que chega com dificuldade em relacionamentos, formas mais saudáveis de se relacionar. Ou podemos aplicar, como foi o caso visto na viagem, o treinamento de animais de trabalho. Em tudo isso, os alunos usam os princípios estudados neste semestre”.

No Instituto, os alunos puderam conhecer mais sobre o processo de treinamento dos cães guia, além de observar os animais em atuação. A turma ainda passou por uma experiência imersiva, passando por um túnel com obstáculos enquanto usavam uma venda que bloqueava totalmente a visão. A vivência permitiu experienciar a vida diária das pessoas com deficiência visual e compreender como os cães-guia podem ser essenciais à saúde física e mental desses indivíduos. “É uma forma de ampliar o escopo desses estudantes, saindo da Universidade e indo um pouquinho pro mundo”, comenta Bracarense.

*Estagiária de Jornalismo na COM/UEL.