A UEL, por meio do Laboratório de Biotecnologia Microbiana (Labim), do Centro de Ciências Biológicas (CCB), formalizou nesta sexta-feira (4) um acordo de cooperação técnico-científica e de inovação com a Gaia Agro Solutions Comércio, Importação e Exportação, para o desenvolvimento de um fungicida biológico foliar destinado a agricultores familiares. O acordo é resultado de um protocolo de intenções entre a Universidade e a empresa, formalizado em novembro de 2022 para o desenvolvimento e comercialização de tecnologias inovadoras na área de bioinsumos, com foco na agricultura convencional e orgânica.

Pelo acordo assinado entre as partes, a pesquisa e consequente desenvolvimento do produto biológico deverá ocorrer dentro de um prazo de 24 meses. O documento foi viabilizado pela equipe da Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) da UEL, por meio do Escritório de Transferência de Tecnologia (ETT), coordenado pela advogada Marina Pacca Bezerra de Menezes.

Segundo o professor Admilton Gonçalves de Oliveira Júnior, que coordena o Labim, o acordo possibilitará que a UEL adquira também capacitação técnica para o registro de produtos biológicos junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Esse conhecimento, explica o professor, poderá agregar valor no processo que envolve outras pesquisas, desenvolvimento e comercialização de produtos tecnológicos e biológicos.

O conhecimento para obtenção de registro de produtos biológicos é importante para, no futuro, poder atender ao pequeno agricultor familiar, beneficiando sobretudo os produtores que atendem a merenda escolar. Decreto do governo, assinado em 2019, prevê o fornecimento de alimentação orgânica na Rede Estadual do Paraná, incluindo alimentos gradualmente até chegar a 100% do fornecimento da merenda em 2030. O acordo formalizado nesta sexta tem o objetivo de desenvolver tecnologias próprias que possam ser utilizadas na agricultura familiar.

De acordo com Admilton, pequenos agricultores encontram dificuldades para adquirir produtos biológicos que em geral são oferecidos em grande quantidade, com valores altos. A proposta é, além do produto desenvolvido exclusivamente para a Gaia, por conta da parceria, que produtos desenvolvidos na UEL tenham também registros para poder transferir a tecnologia sem custos com esse objetivo social. A proposta é de que os produtos possam ser oferecidos em porções menores direcionadas aos agricultores familiares.

A Gaia Agro Solutions tem três anos de atuação, com sede em São Paulo e representação operando em Londrina. Segundo os diretores, Rosemarie de Souza Oliveira Rodrigues e Matias Santipolo, a intenção é futuramente instalar uma unidade fabril na região de Londrina. Eles explicam que mais de 90% dos defensivos utilizados no campo são provenientes de importação. A empresa foca o desenvolvimento de produtos 100% nacionais, utilizando tecnologia e mão de obra brasileira.

Os bioinsumos utilizam ativos biológicos e não produtos químicos sintéticos e vêm conquistando a cada safra uma fatia maior do mercado agrícola. A estimativa é que dentro de cinco anos a agricultura biológica movimente perto de R$ 20 bilhões no Brasil. O Labim mantém hoje cinco acordos de cooperação com empresas de grande porte que atuam no agronegócio brasileiro. Os projetos visam o desenvolvimento de soluções inovadoras biológicas e ou bioquímicas para atender a demanda por produtos genuinamente brasileiros sustentáveis, não tóxicos e que promovam o crescimento de plantas.