Projeto leva suporte psicológico a profissionais do Hospital Zona Sul

Projeto leva suporte psicológico a profissionais do Hospital Zona Sul

Iniciativa surgiu em sala de aula, a partir de professora do Departamento de Psicologia Social e Institucional

A crescente demanda por apoio psicológico entre profissionais da saúde, intensificada no período pós-pandemia, motivou docentes e estudantes do curso de Psicologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) a criarem o projeto de extensão “Promoção de Saúde e Suporte Psicológico com Trabalhadores do Município de Londrina”. A ação atende, desde 2023, profissionais que atuam no Hospital Eulalino Ignácio de Andrade, o Hospital Zona Sul.

O projeto nasceu como uma atividade avaliativa da disciplina de Políticas Públicas,
ministrada pela professora Alejandra Astrid Leon Cedeno, e desenvolveu-se a partir de um convite feito pela direção do hospital. A professora integra o Departamento de Psicologia Social e Institucional, do Centro de Ciências Biológicas (CCB).

O Hospital Zona Sul enfrentava altos índices de afastamentos por problemas psicológicos entre os trabalhadores e buscava apoio técnico para cuidar da saúde mental de sua equipe. A partir disso, o projeto estruturou-se em três frentes: psicoterapia breve individual; ações coletivas em grupo; atividades de arte e expressão no contexto hospitalar.

Projeto leva suporte psicológico a profissionais do Hospital Zona Sul. (Foto: Divulgação/ Hospital Zona Sul de Londrina/AEN).

Gabriela Sardagna, estudante que participou da implantação da proposta, relata a
importância da iniciativa. “Todas as quatro pacientes que acompanharam o processo comigo demonstraram melhora significativa. Algumas relataram redução de crises de choro, mais calma e confiança para lidar com situações difíceis da rotina”, afirma. “Conseguimos oferecer um espaço de escuta e acolhimento dentro do hospital, algo raro para quem trabalha nesses contextos.”

Os atendimentos individuais seguem a metodologia da psicoterapia breve, fundamentada na escuta clínica direcionada a queixas pontuais. As sessões são realizadas semanalmente, em até 12 encontros, em espaço cedido pelo hospital. “A ideia era que a escuta tivesse começo, meio e fim, já que havia uma fila de espera extensa e não era possível acolher todos os trabalhadores em terapias prolongadas. Ainda assim, os resultados foram muito positivos”, diz Gabriela.

Matheus Florio, também estudante de Psicologia, destaca o impacto estrutural do projeto. “Estivemos desde o início dialogando com a administração e os próprios trabalhadores para entender suas necessidades. A proposta sempre foi levar mais vida ao hospital, que opera num modelo biomédico rígido e nem sempre considera o adoecimento psíquico dos profissionais.” Para ele, o projeto ajudou a trazer leveza para esses profissionais que estão inseridos em um cenário pesado, que lida com a saúde e doença, vida e morte.

O projeto de extensão também está alinhado às diretrizes de um grupo de trabalho sobre saúde mental criado pelo Ministério Público de Londrina, após a pandemia de Covid-19.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam um aumento de 25% nos casos de sofrimento psíquico intenso no mundo, o que reforça a urgência de ações como essa.

Além do atendimento clínico, os estudantes participantes recebem supervisão contínua da professora Meyre Eiras, que orienta os processos a partir da abordagem.
Atualmente, a proposta segue em desenvolvimento, agindo na promoção de bem-estar dos profissionais que dedicam suas vidas ao cuidado da saúde física da comunidade, mas que, muitas vezes, não percebem os sinais do próprio adoecimento psicológico. O projeto continua se consolidando e evidenciando a relevância de seu impacto na vida desses trabalhadores da saúde.

(Reportagem de Maria Eduarda Charamitaro para a disciplina de Assessoria de Imprensa II, sob a supervisão do professor Reinaldo Zanardi).

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