Paleontólogo e professor da USP lança livro sobre pterossauros brasileiros
Paleontólogo e professor da USP lança livro sobre pterossauros brasileiros
Obra é voltada sobretudo para crianças de 7 a 14 anos, mas pode ser lida por todos, especialmente por educadoresHá 219 milhões de anos, quando havia o supercontinente Pangeia, as grandes extensões continentais que mais tarde se tornaram a América do Sul eram dominadas por uma espécie alada: os pterossauros. Eles foram os primeiros vertebrados a voar, ganharam os céus e podiam ser vistos em toda parte, embora alguns pontos do planeta tivessem condições privilegiadas para esses animais.
Havia três destes “jardins do Éden” para os pterossauros, de acordo com o professor e paleontólogo Luiz Eduardo Anelli, egresso do curso de Ciências Biológicas da UEL (formado em 1989). Ele esteve na Universidade nesta quarta (11) para lançar seu 30º livro, intitulado “Pterossauros do Brasil: um tesouro da nossa pré-história até agora desconhecido dos brasileiros”, pela editora Peirópolis que, segundo Anelli, tem contribuído significativamente nesta divulgação.
Dois destes locais ficavam onde hoje é a China. O terceiro, onde hoje é o Brasil. E se dezenas de milhões de anos atrás eram paraísos pré-históricos para os pterossauros, hoje são para os paleontólogos, que encontram fósseis e outros vestígios que contribuem para a ampliação do conhecimento, o avanço da Paleontologia e o enriquecimento da Ciência brasileira.

Anelli se empolga ao falar disso. Sua obra mais recente é voltada sobretudo para crianças de 7 a 14 anos, mas pode ser lida por todos, especialmente por educadores, que encontrarão nas 80 páginas do livro mapas e outros recursos visuais talhados para uso pedagógico. Este é um dos objetivos de toda a trajetória do professor: disseminar o conhecimento da Pré-História nas escolas do país.

Mas por que não especificamente dos dinossauros? Porque a abordagem extrapola apenas este grupo de animais. Os pterossauros, por exemplo, não eram dinossauros pois, embora tenham tido um ancestral comum (arcossauros), evoluíram diferentemente, adquirindo a capacidade de voar.
O conhecimento sobre estes seres alados, de acordo com Anelli, tem crescido ano a ano. Os pterossauros podiam alcançar nove metros de envergadura e cristas de até 1 metro e meio. Possuíam quatro dedos e ossos ocos, que facilitavam o voo. Foram extintos cerca de 65 milhões de anos atrás, mas descobertas reveladoras têm sido feitas, especialmente no Brasil, particularmente no Ceará, na região do Cariri (Chapada do Araripe).

Anelli conta que não apenas ossos, mas tecidos fossilizados foram encontrados, o que permite saber, por exemplo, as cores das penas dos pterossauros. Ele relata até um caso em que um indivíduo morreu engasgado ao tentar ingerir uma planta, e esta foi encontrada fossilizada junto com o animal. E, no Paraná, houve a descoberta de pterossauros carniceiros. Para o paleontólogo, tais revelações sempre surpreendem e ajudam a aumentar o interesse geral sobre estas criaturas pré-históricas.
Rota dos dinossauros
Após o lançamento deste livro, Anelli volta aos estudos em campo, e irá percorrer o sul do Brasil (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) na “Rota dos Dinossauros”, que dá nome a um roteiro de cicloturismo.
Neste ponto, aliás, Anelli é bastante enfático. Em sua avaliação, o Brasil é um país com imensurável potencial para exploração deste tema, não apenas na educação, mas em outros segmentos como o turismo. Ele lembra que o público geral muito pouco conhece sobre a Pré-História do Brasil, os museus e outras instituições que abordam o assunto. Várias usinas hidrelétricas criaram museus a partir de achados na área das obras.
Além do sertão do Cariri, no Ceará, outros lugares no Brasil possuem alguma fama sobre a presença de dinossauros e outros animais pré-históricos. Um deles é Sousa (Paraíba), onde há pegadas fossilizadas, e Peirópolis (distrito de Uberaba/MG). Não é à toa que a editora do livro tem este nome.
