UEL levará mais de 80 oficinas para a Operação Rondon Paraná
UEL levará mais de 80 oficinas para a Operação Rondon Paraná
Vinte extensionistas da universidade embarcaram nesta quarta (9) para atuar em Barra do Jacaré e Quatiguá (PR)A Operação Rondon Paraná deste ano acontece entre os dias 9 e 22 de julho, em 14 cidades do Norte do estado. Sete universidades estaduais, dentre elas a UEL, participam desta ação extensionista. Junto a cada uma das estaduais estarão as universidades parceiras. Quem vai com a UEL é a Universidade Paranaense, a Unipar. A caravana conta, ao todo, com 40 estudantes extensionistas e oito professores coordenadores.
Weliton da Silva, professor do Departamento de Biologia Animal e Vegetal do Centro de Ciências Biológicas (CCB), é um dos coordenadores de equipe. Os extensionistas se dividem em dois conjuntos, A e B. Cada conjunto atenderá a uma cidade. Barra do Jacaré receberá as pessoas do B e Quatiguá, do A. O professor, que participa da Operação desde 2023, vê esta edição de forma positiva. Ele está confiante de que “deixará um legado importante de cidadania, educação e desenvolvimento sustentável”. Para Barra do Jacaré estão previstas mais de 30 oficinas e para Quatiguá, mais de 50. Há ainda o conjunto C, coordenado pela professora Zilda Andrade, pró-reitoria de Extensão, Cultura e Sociedade, e responsável pelas ações de comunicação.
Segundo Silva, “trata-se de uma edição com um alcance ampliado, contemplando 14 municípios do Norte Pioneiro do Paraná, o que representa um crescimento significativo em relação às edições anteriores. Em 2023, estivemos em sete municípios da região litorânea e da região metropolitana de Curitiba; e em 2024 em onze municípios da região Centro-sul”, aponta.

Weliton defende que tais ações não se tratam de “vaidade universitária”. Para desenvolver as oficinas adequadas a cada município, uma visita precursora é realizada. Nela, a comunidade é ouvida e aponta suas principais demandas. “Não vamos aos municípios com a prepotência de quem acha que está levando soluções prontas para pessoas ‘necessitadas’, como se fôssemos os grandes “detentores do saber”, vindo salvar alguém. Essa não é, de forma alguma, a nossa postura”, demarca o professor.
A coordenação institucional da Operação Rondon Paraná na UEL é do diretor de Programas, Projetos e Iniciação Extensionista da Proex, professor Paulo Liboni.
A Operação Rondon Paraná 2025 é composta por um programa de ações multidisciplinares de ensino, pesquisa e extensão, realizadas de forma interinstitucional em municípios que apresentem desafios. O evento é financiado pelo Governo do Estado e apoiado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). A estimativa é de que a operação deste ano contemple 360 participantes, sendo 286 estudantes e 74 professores.
Oficinas
A diversidade de oficinas é um destaque na participação da UEL. Para Barra do Jacaré, vão estudantes de várias graduações, dentre elas Ciências Biológicas, Enfermagem, Direito, Educação Física, Farmácia, Geografia e Biblioteconomia. Já na equipe de Quatiguá estão estudantes de Medicina Veterinária, Enfermagem, Odontologia, Educação Física, Direito e pós-graduandas residentes em Saúde da Mulher.

Saúde
Aos 27 anos, Geovana Oliveira é uma das residentes em Saúde da Mulher. Graduada em Farmácia pela instituição, ela sempre participou de projetos de extensão, pois aprecia levar os saberes que obteve na universidade pública, transformando isso em ações para a comunidade.
Ela já tinha ouvido falar sobre o Rondon nacional e, quando soube da Operação no Paraná, logo se inscreveu. Para esta edição, preparou várias oficinas. Com experiência nos setores primário, secundário e terciário da saúde, Oliveira pretende “trabalhar aspectos relacionados ao uso racional de medicamentos, quais benefícios as pessoas podem obter do tratamento, quando feito adequadamente, onde elas conseguem obter informações de confiança… e pensando no meio ambiente também, na parte de resíduos farmacêuticos, o descarte adequado de medicamentos”, afirma.
A residente também vai falar sobre “métodos contraceptivos e empoderamento feminino. A gente pretende trabalhar com o grupo de gestantes sobre o desenvolvimento, planejamento, cuidados importantes em cada fase, vacinação, pensando a redução da mortalidade materna e o período do puerpério”. Já com o público idoso, “trabalhar aspectos emocionais, arte-terapia”, conta. Suas oficinas serão ministradas tanto em formato expositivo, quanto a partir de dinâmicas, incentivando a comunidade à interagir com o conteúdo.
“As oficinas deste ano são um verdadeiro convite à ação e ao pertencimento. Teremos de experimentos científicos para crianças a produção de biocouro com cactos, de cafés coloniais a rodas de conversa sobre inteligência artificial. O que propusemos é um mosaico de vivências que misturam saber popular, ciência, arte, cuidado e autonomia. Tudo com um pé na realidade local e o outro nas possibilidades de futuro. A nosso ver, isso é extensão universitária com afeto, escuta e criatividade”, comenta Weliton da Silva.
Vinícius Sato é professor de anatomia na UEL. Nesta edição, se junta à Fernanda Ferreira, veterana de Rondon Paraná, para coordenar o Conjunto A. Sato é paranaense, nascido em Arapongas, e foi aluno de graduação da UEL. Em 2008, participou da Operação Grão-Pará, promovida pelo Projeto Rondon, que acontece em todo o Brasil e é coordenada pelo Ministério da Defesa. Até pouco tempo, ele desconhecia a Operação Rondon Paraná. Quando soube, se inscreveu, almejando reviver a boa experiência extensionista, tão importante para sua formação: “Espero que seja uma experiência positiva para esses alunos, assim como foi para mim”.
Sato vislumbra na extensão a conexão com as pessoas e o retorno do ensino e da pesquisa à sociedade: “De uma forma geral, ações extensionistas que vão aproximar esse público que está relativamente longe, é um dos objetivos mais nobres que a universidade tem, porque a universidade deve ser para o povo. Sempre defendi a extensão porque acho que é uma obrigação nossa”, afirma.

Entusiasmo
Manoela Ribeiro está no quarto ano de Direito. Aos 22 anos, já se encaminha para a terceira experiência extensionista junto à UEL. Atuou no Núcleo de Atendimento à Pessoa com Monitoramento Eletrônico – NUPEM, e nos dias de hoje faz parte do Projeto Núcleo Maria da Penha – NUMAPE. Manoela embarca para a Operação com entusiasmo, palavra que a define nesta viagem: “me encanta a possibilidade de poder fazer, mesmo que de forma pequena, a diferença na sociedade e poder agregar algum tipo de conhecimento na vida de alguém. Vale ressaltar que, na maioria dos projetos que envolvem a sociedade, mais aprendemos do que ensinamos”, pontua.
Manoela propôs várias oficinas, dentre as quais a UEL levará à Operação. À reportagem, ela destaca “Água para Todos”, oficina em que se realizará o cadastramento da população de baixa renda no programa “Água Solidária”, o qual possibilita a este público o pagamento da tarifa mínima. Manoela também leva em sua bagagem a oficina “Maria da Penha”, a qual consiste em uma conversa com as mulheres de Barra do Jacaré, proposta a partir da esmaltação de unhas, sobre as formas de violência contra a mulher, indicando “os mecanismos de proteção à mulher e as alternativas que elas possuem para sair dessa realidade”, conta.
“Musicalidades” e “Aventura Rondon” são outros destaques da extensionista. A primeira, focada no debate acerca de músicas que fazem parte do nosso dia a dia e, muitas vezes, “são carregadas de violências enraizadas”. Por meio de tais músicas, serão debatidos temas como machismo, autoestima e respeito. A “Aventura Rondon”, por sua vez, será voltada ao público infantil e infanto-juvenil, propondo brincadeiras e dinâmicas que incentivem o trabalho em equipe.

Os municípios participantes foram selecionados de acordo com o seu IDH. A ação é financiada pelo Governo do Estado e apoiada pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI). As outras cidades são: Cornélio Procópio, Leópolis, Nova Fátima, Nova América da Colina, Nova Santa Bárbara, Congonhinhas, Santa Amélia, São Sebastião da Amoreira, Rancho Alegre, Joaquim Távora, Guapirama e Itambaracá.