Pró-Reitora da UEL discute desafios da pós-graduação em reunião anual da SBPC
Pró-Reitora da UEL discute desafios da pós-graduação em reunião anual da SBPC
A participação foi como representante do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação, entidade em que a pró-reitora ocupa o cargo de vice-presidente.A professora Silvia Márcia Meletti, pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação (PRoPPG) da UEL, palestrou em uma mesa-redonda na 77ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), finalizada no último sábado (19).
A reunião anual é o maior evento de popularização da ciência da América Latina, unindo alunos, pesquisadores e curiosos em atividades culturais, conferências, exposições interativas e minicursos. A Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), em Recife, sediou o evento neste ano, com o tema “Progresso é Ciência em todos os Territórios”. A edição propôs uma reflexão sobre o papel da ciência na construção de um Brasil mais justo, plural e conectado.
Desafios
A participação de Meletti foi como representante do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop), entidade em que ocupa o cargo de vice-presidente. Ela integrou a mesa-redonda “Infraestrutura de pesquisa no País: diagnóstico e ação das agências de fomento”, acompanhada pela debatedora Marimélia Porcionatto (SBPC/UNIFESP) e os demais palestrantes, sendo Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho (FINEP/UFRJ), Dalila Andrade Oliveira (CNPq) e Maria Fernanda Pimentel Avelar (FACEPE).
Contribuindo na discussão sobre o financiamento da Pós-Graduação no Brasil, com foco na análise sobre as suas disparidades, a professora apresentou um estudo autoral, embasado por números da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). O trabalho é intitulado “Assimetrias na Pós-Graduação Stricto Sensu no Brasil: Diagnósticos e desafios”, atestando, por exemplo, a alta concentração de Programas e investimentos nas regiões Sudeste e Sul, enquanto que no Nordeste a concentração se dá quase que exclusivamente na faixa litorânea.

“Fiz essa análise cotejando os dados de instituições que apresentam Programas de Pós-Graduação, número de Programas, número de bolsas e distribuição dessas bolsas, sejam das Fundações de Amparo, da CAPES, do CNPq, e também uma análise da distribuição das matrículas e dos estudantes de pós segundo o seu perfil, segundo raça, gênero e local em que esse estudante está matriculado”, elencou Meletti.
A pesquisa foi feita em uma linha do tempo de 2012 até o presente, considerando também “a distribuição desses alunos focando em quem está matriculado, quem se titulou no ano, quem abandonou, quem foi desligado”, explica. Meletti pontuou ainda que existe uma queda nas matrículas e no número de titulações durante o período da pandemia de Covid-19, curva que ainda não foi recuperada completamente, mas que se mostra em ascendência desde 2023.
Ela considerou que a volta na elevação se dá por dois motivos principais. O primeiro é a recomposição nacional do valor das bolsas de Mestrado e Doutorado em 2023, após 11 anos sem recomposição, favorecendo a retomada do crescimento e atraindo interessados. O outro ponto é o resgate da valorização da ciência, das universidades e da própria Pós-Graduação. “Algo que, no período de 2016 até 2022, principalmente na pandemia, observamos um ataque muito forte à ciência no País”, relembrou.
Objetivos
A discussão, em conjunto com os representantes de instituições de fomento, remeteu ao mote da reunião anual, que buscou o progresso e ampliação do alcance à ciência País adentro. “Foi nessa linha de analisar a situação da Pós-Graduação muito atrelada às suas condições de fomento no Brasil. E, quando analisamos o fomento da pós no Brasil, obrigatoriamente estamos falando do fomento à pesquisa, porque praticamente toda pesquisa feita no País é feita nas universidades, especialmente nas universidades públicas e nos programas de pós-graduação”, explicou a pró-reitora.
A conversa objetivou atestar quais locais do país requerem mais atenção no campo acadêmico, concluindo que “deve haver uma indução para ampliar a capilaridade da pós-graduação, principalmente no interior do País, privilegiando as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste, mas descentralizando das capitais”, informou.
Âmbito estadual
Silvia Meletti também foi convidada a participar do World Café nesta terça-feira (22), em Curitiba, evento que reuniu pró-reitores e diretores de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão de instituições públicas e privadas. O objetivo foi a apresentação de diagnósticos, avanços e a discussão de soluções para os desafios da pós-graduação stricto sensu do Paraná.
A professora apresentou outro levantamento autoral, mas desta vez, focando no panorama do Paraná. Ela destacou o importante número de mestres e doutores que continuam trabalhando no estado após a conclusão do curso.
“Os dados mais recentes divulgados nos mostram que dos 31.297 mestres, 24.912 trabalhavam no Paraná neste período de 1996 a 2021. Dos 10.990 doutores, 8.107 trabalhavam no Paraná. Nós podemos observar que no Paraná a ampla maioria que é titulada no estado permanece no estado, tanto mestres quanto doutores. Então nós empregamos aqueles mestres e doutores que titulamos”, enfatizou.
Neste sentido, o Paraná ocupa uma posição de destaque em nível nacional ao analisar os dados de universidades estaduais. Se comparados com a distribuição dos programas em nível nacional, segundo o status jurídico da universidade, o Paraná tem uma situação bem distinta do restante do país.
“No Brasil, o índice de programas em universidades estaduais é de 22%, no Paraná esse índice é de 46%. Uma outra característica que faz também com que o Paraná tenha destaque é a distribuição das universidades e dos programas pelo estado como um todo. Raramente nós temos estados no país que tenham a abrangência geográfica das universidades e dos programas de pós-graduação igual nós temos no Paraná”, analisou Meletti. (Com informações da Fundação Araucária).
*Bolsista na Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação