Projeto de lei que pode beneficiar pacientes de Lúpus tem origem em estudos da UEL

Projeto de lei que pode beneficiar pacientes de Lúpus tem origem em estudos da UEL

Proposta é fornecer protetor solar gratuito a pacientes de Londrina que são acometidos pela doença.

Pedro Livroratti

Agência UEL


Estudos realizados desde 2009 no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UEL, envolvendo fatores de risco associados à suscetibilidade e gravidade do Lúpus, embasaram um projeto de lei que poderá beneficiar os cerca de 3 mil pacientes de Londrina que sofrem com a doença. A proposta é que pacientes cadastrados e em tratamento em unidades de saúde do município possam ter acesso a protetor solar gratuitamente, por meio de política pública desenvolvida junto à Secretaria Municipal de Saúde. O projeto foi apresentado esta semana por iniciativa da vereadora Sônia Gimenez, assinado por demais colegas, e deve ir a plenário já nas próximas semanas.

O Lúpus é uma doença autoimune, mais frequente em mulheres, caracterizada pela formação de anticorpos que agem contra os próprios tecidos do corpo e que acomete 0,5% da população. Trata-se de uma doença que não tem cura e que traz sérios impactos na qualidade de vida do paciente, com inflamações em órgãos vitais como coração, rins, além de problemas na pele e nas articulações.

Professora Andréa Name Colado Simão, do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas, do CCS, na Câmara de Londrina, na última terça-feira (3). A pesquisadora acumula mais de 100 artigos publicados sobre a doença.

10 de maio é dedicada aos doentes de lúpus

O projeto de lei é resultado de uma intervenção realizada na última terça-feira (3), durante sessão da Câmara de Vereadores, como parte do “Dia Mundial de Atenção aos Doentes de Lúpus”, lembrado em 10 de maio, conforme prevê a Lei Municipal 14.128/2014, de autoria da ex-vereadora Elza Correa. Com o objetivo informar as consequências e o tratamento, a professora do Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas, do CCS, Andréa Name Colado Simão, participou como convidada da sessão, juntamente com representantes da Associação Feminina É Hora de Viver.  

Segundo a professora Andréa Name, que tem mais de 130 artigos científicos publicados sobre Lúpus e demais doenças autoimunes, somente no Hospital Universitário da UEL cerca de 350 pacientes são acompanhados pelos pesquisadores e profissionais de saúde. Segundo ela, uma das características do Lúpus são as crises, que desencadeiam inflamações e internações frequentes. Por causa dessa condição, muitas pessoas têm dificuldades em manter uma vida ativa. A principal orientação ao paciente é sempre evitar o sol, que desencadeia vários problemas graves.

Dessa forma o protetor solar fator 30 é indicado como parte do tratamento porque evita a absorção da radiação solar, que pode provocar lesões na pele. “O sol é um gatilho para o processo inflamatório”, explica a pesquisadora. Segundo ela, o simples uso do protetor implica em menos hospitalizações e consequentemente reduz o uso de medicamentos, a grande maioria cedidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “Entendemos que o repasse do protetor solar é uma ação barata perto do custo total do tratamento”, detalha. Outros municípios brasileiros já instituíram política do gênero, como forma de prevenir internações e para melhorar a qualidade de vida desses pacientes.

Para a vereadora Sônia Gimenez, o convite à pesquisadora da UEL e aos representantes da Associação É Hora de Viver teve o objetivo de dar visibilidade à causa do paciente de Lúpus, por conta do 10 de maio e considerando a lei municipal. Ela explica que, paralelamente ao projeto de lei, enviou sugestão ao deputado federal Luciano Ducci, para que possa pensar uma lei federal nos mesmos moldes. “Entendemos que trata-se de um investimento muito pequeno para um grande benefício”, finaliza ela.

(FOTOS: Devanir Parra/Câmara de Londrina).

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