Estudante da UEL ganha menção honrosa em prova global de matemática

Estudante da UEL ganha menção honrosa em prova global de matemática

O jovem foi o único premiado entre universitários da Região Sul do País.

O estudante Rodrigo Damasceno Ranea Orlando, 20, do quarto ano do bacharelado em Matemática pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), recebeu menção honrosa (Honorable Mention) pelo desempenho como atleta da matemática na International Mathematics Competition for University Students (IMC). No evento, realizado entre os dias 28 de julho e 3 de agosto em Blagoevgrad, na Bulgária, o jovem, único estudante de instituições paranaenses de ensino superior, foi também o único premiado entre universitários da região Sul do Brasil. Na edição de 2025, o Brasil conquistou 17 medalhas, sendo duas de ouro, seis de prata e nove de bronze.

A participação do craque dos números na disputa, feito inédito para a Universidade, foi viabilizada pelo Conselho de Administração (CA). Ainda em maio, o órgão institucional aprovou o custeio da inscrição, do seguro e das passagens de Rodrigo para o país europeu, localizado na Península Balcânica. A solicitação à repartição, que faz análises e deliberações sobre questões orçamentárias da instituição, foi realizada pelos professores do Departamento de Matemática do Centro de Ciências Exatas (CCE) Ana Lúcia da Silva e Paulo Liboni, atual diretor de Programas, Projetos e Iniciação Extensionista, da Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Sociedade (Proex). 

O estudante se qualificou para a IMC ao receber menção honrosa no nível universitário da 46ª Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), etapa classificatória para a competição realizada na Bulgária, que reúne centenas de talentos da matemática mundial.

Rodrigo Damasceno Ranea Orlando (de verde) ganhou menção honrosa em prova global de matemática. (Acervo pessoal).

Com média de 9,7 no histórico escolar e experiência como tutor no Programa de Iniciação Científica (PIC) da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), coordenado por Ana Lúcia, o atleta dos cálculos vem treinando para a competição desde o segundo ano da graduação. 

A prova

As provas do evento são aplicadas em dois dias por períodos de cinco horas de duração e contém cinco questões cada, propondo a solução de problemas de álgebra, teoria dos números, geometria e análise real. Para Rodrigo, um dos requisitos para sua realização é o domínio da teoria matemática necessária para refletir sobre os exercícios, mais do que suficientemente contemplado pelos três anos anteriores de curso, na sua visão. 

Outro aspecto fundamental seria o desenvolvimento de técnicas de pensamento e resolução de problemas, além do aprendizado de “truques” matemáticos. “O que eu precisava focar era na resolução de problemas de provas passadas, para ganhar essa experiência mais prática, e aprender algumas técnicas que você não encontra nos livros de maneira explícita”, detalha, sobre suas estratégias.

Segundo relatos do estudante, a atmosfera durante as provas era de tensão geral, que inevitavelmente o afetou também, e nem mesmo piadas e tentativas de descontração por parte do responsável pela organização foram capazes de “quebrar o gelo”. “Quando eu olhei a prova, eu tomei um pequeno susto, como sempre, mas aí eu consegui passar dessa fase inicial e pensar nas questões da prova, e comecei a resolver elas”, comenta. 

International Mathematics Competition for University Students (IMC) reuniu, entre os dias 28 de julho e 3 de agosto, atletas da matemática em Blagoevgrad, na Bulgária. (Foto: Acervo pessoal).

Passado o grande desafio, aproveitou a oportunidade para conhecer e trocar experiências com pessoas deste universo competitivo. “Pude também conversar com vários brasileiros das grandes instituições de ensino do Brasil e também com alguns dos melhores alunos do mundo. Acho que certamente aprendi uma coisinha ou outra com eles e fiz algumas boas amizades”, disse.

Mesmo com o nervosismo, o jovem, fortalecido por uma rotina intensa de preparo, marcada por horas dedicadas à resolução de exercícios de provas anteriores e do livro “Putnam and Beyond”, referência para competidores da modalidade, alcançou um resultado extremamente significativo. Já de volta ao Brasil, a mensagem que deixa para futuros atletas da matemática é clara: é necessário se livrar do “medo” e do “prestígio” associados a essas competições de alto nível para disputá-las. “Com alguns meses de estudo, comecei a perceber que as questões não eram tão inatingíveis quanto pareciam. Era possível fazer progresso e, às vezes, até resolver algumas. Você só tem que continuar esse processo de estudos de maneira dedicada e eficiente”, destaca. 

Apoio dos professores

O universitário afirma que, além de um currículo que classifica como excelente, o empenho de professores do Departamento, como Magna Pires e Thiago Nagafuchi, na organização da aplicação da prova da OBM na UEL foi fundamental na sua trajetória. Na ausência dessa mobilização, o exame seria aplicado em outra cidade, fato que poderia dificultar a participação de graduandos de Londrina na avaliação.

Na sua opinião, os esforços de Ana Lúcia da Silva e Paulo Liboni pelo suporte da Universidade à sua participação na IMC também foram imprescindíveis na garantia das condições para a viagem aos Bálcãs, permitindo sua dedicação exclusiva aos estudos e à preparação para a grande prova. “Ela (Ana Lúcia), o professor Liboni e vários outros professores do Departamento correram atrás disso dia e noite. Literalmente, em alguns dias fizeram até múltiplas reuniões. Por fim, conseguiram o apoio da UEL nesse projeto, que obviamente foi uma ajuda gigantesca”, completa.

*Estagiário da Coordenadoria de Comunicação Social

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