Promover uma experiência crítica, reflexiva e estética para os futuros pedagogos é o objetivo do projeto “Infâncias, Docências e o Contexto Educativo no Cinema: conjugações para a Formação e a Prática Docente”, projeto de ensino coordenado pela professora do Departamento de Educação da UEL, Cláudia Ximenez Alvez.

O projeto oferece aos alunos uma experiência formativa que impacta tanto na formação deles como sujeitos e profissionais da educação, quanto na prática docente, conforme explica a professora Cláudia. “É importante que, como futuros pedagogos, eles conheçam outras linguagens além do livro. Então a intenção do projeto é promover uma formação cultural mais ampla, para que eles saiam do senso comum do cinema comercial e experimentem esses filmes inquietantes, às vezes até com desfechos em aberto, para provocar uma experiencia nova mesmo”.

Como aponta a professora, a temática dos filmes trabalhados é mais densa e normalmente envolvendo uma problemática relacionada à infância e ao contexto educativo. A metodologia do projeto se inicia com a realização de uma leitura fílmica, uma espécie de resenha crítica a ser produzida para cada filme visto. “Nos três primeiros meses, os alunos aprendem a fazer essa leitura, a condicionar o olhar para uma interpretação e análise cinematográfica mais rica e profunda, problematizando as tramas, levantando questões relacionadas à infância e à educação inseridas em contextos geopolíticos diversos”, comenta a professora.

Tendo como arcabouço teórico a Sociologia da Infância e autores como Manuel Jacinto Sarmento e William Corsaro, o projeto perpassa a discussão sobre o conceito de infância, ou os múltiplos conceitos de infância como propõe a referida teoria. “O que é ou o que são as infâncias possíveis e em contextos diversos. Por isso eu gosto de trabalhar com contextos geográficos, históricos e culturais diferentes, filmes espanhóis, dinamarqueses, iranianos. Aí a gente faz a comparação entre as crianças dessas realidades e a criança da realidade brasileira”, explica.

Um exemplo citado pela professora como um filme relevante para ser trabalhado é “A Caça”, longa dinamarquês dirigido por Thomas Vinterberg. O enredo baseia-se numa denúncia falsa de assédio sexual feita por uma menina de cinco anos de idade contra um professor que tem a reputação arruinada por conta da calúnia. “Eu gosto de usar filmes que polemizam, que tiram os alunos do lugar, que desconstroem aquela imagem romântica da criança pura, ingênua… Como ingênua!? A criança criou uma fantasia e mesmo vendo o professor sendo massacrado ao longo de todo o filme, em nenhum momento ela… Já te dei o spoiler do filme”, comenta Cláudia Ximenez.

Segundo a professora, a análise desse tipo de temática procura identificar as expectativas do olhar do adulto para as crianças, normalmente romantizada. “Em Kosovo [conflito bélico], crianças pegavam em armas, então dependendo do contexto cultural, de vida, essas crianças não são tão puras ou ingênuas, quanto a sociedade encara”, afirma.

O projeto se desenvolve com a análise de diversos filmes, e os alunos são incumbidos de fazerem um texto crítico (leitura fílmica) sobre cada um deles. A intenção é publicar esses textos de forma compilada ou separada, em artigos.

Várias infâncias

Durante muitos anos, a professora Cláudia Ximenez foi coordenadora da Ludoteca da UEL e, em dado momento da carreira, optou por expandir o brincar para uma outra dinâmica que envolvesse educação e cinema. “No doutorado, comecei a trabalhar com a temática do brincar dentro da linguagem do cinema e envolver a formação continuada dos alunos. E aí comecei a fazer encontros de formação, focando nessa linguagem, trazendo filmes que tematizavam a criança e as infâncias. Esse projeto é um segundo momento de uma experiência paralela do brincar, um começo de uma jornada diferente, na minha formação”, conta a professora.

Inscrições abertas

Direcionado a estudantes de graduação em Pedagogia, O projeto “Infâncias, Docências e o Contexto Educativo no Cinema: Conjugações para a Formação e a Prática Docente” está com inscrições abertas para um novo grupo de alunos. Os interessados podem entrar em contato com a professora Cláudia Ximenez pelo e-mail claveiga@uel.br. As inscrições vão até 15 de março. Os encontros serão vespertinos e terão periodicidade quinzenal.