ENEIMAGEM destaca as “imagens flutuantes” do Japão

ENEIMAGEM destaca as “imagens flutuantes” do Japão

Com realização do Laboratório de Estudos dos Domínios da Imagem, os encontros ocorrerão entre os dias 10 e 28 de maio.

O universo da ukiyo-e (“imagens flutuantes”, no japonês), uma espécie de estampa semelhante à xilogravura desenvolvida no Japão, entre os séculos XVII e XX, será o tema do VIII Encontro Nacional de Estudos da Imagem (ENEIMAGEM) e do V Encontro Internacional de Estudos da Imagem (EIEIMAGEM). O evento, uma realização do Laboratório de Estudos dos Domínios da Imagem (LEDI), ocorre entre os dias 10 e 28 de maio.

Durante 18 dias, o público poderá conferir palestras de conferencistas internacionais e nacionais de forma 100% online, em virtude da pandemia de coronavírus. As inscrições já estão abertas: para ouvinte R$ 15,00 a podem ser feitas até 3 de maio; já para apresentador de trabalho, o valor é de R$ 35,00, com data limite para 1º de março.

O coordenador do evento e professor do Departamento de História, do Centro de Letras e Ciências Humanas (CCH), Richard Gonçalves André, conta que nunca uma temática oriental foi tão bem tratada em uma edição. “Pela primeira vez, trazemos aos eventos um forte olhar para uma temática do Oriente, mais precisamente do Japão”, afirmou. 

Ukiyo (imagens flutuantes): Figuras coladas em blocos de madeira que retratam o cotidiano dos japoneses.

Gravuras – O ukiyo-e é uma manifestação artística japonesa do universo da literatura, utilizada para contação de histórias e mitos por gerações. As gravuras eram feitas a partir de um desenho e, posteriormente, coladas em um bloco de madeira. Tudo era colorido e impresso. As figuras, lembra Richard, retratavam temas do cotidiano dos japoneses, como a queda de uma flor de cerejeira ou a passagem das estações, mas também abordavam temas sérios e reflexivos.

Essas e outras características trazem semelhanças dessa forma de expressão artística com a cultura das redes sociais digitais, salientou o coordenador. “A questão da impermanência era muito retratada pelos japoneses, tanto nos ukiyo quanto nos haikais, e isso se relaciona bastante com a dinâmica das redes sociais. As imagens do mundo contemporâneo são igualmente flutuantes, com a diferença de que, hoje em dia, o consumidor de imagens também produz e reproduz”, afirmou.

Além disso, Richard lembra da relação entre público X privado, que no Japão imperial assumia uma conotação totalmente diferente do que entendemos no Ocidente hoje por “privacidade”. Isso traz mais elementos de comparação entre a lógica das redes sociais e o conceito de ukiyo-e. “Os japoneses tinham, nesse período, uma relação diferente entre ‘privado’ e ‘público’. Pelo menos até o Pós-Guerra, em 1945, quando se iniciou uma relação mais próxima com o Ocidente via Estados Unidos. Uma noção coletivista que não é própria do Ocidente, e isso influenciava na forma de produção artística”, ressalta. 

A aproximação entre temas espacial e temporalmente diferentes, segundo o pesquisador, vem também para trazer o olhar dos historiadores para temas da contemporaneidade. “Por uma questão profissional, às vezes os historiadores tornam-se resistentes a pensar o agora, o contemporâneo. É um dos aspectos que vamos abordar no evento”, ressaltou.

Conferências – Os eventos contarão com quatro conferências, sendo três com participantes internacionais. Para evitar problemas de transmissão, as conferências serão realizadas de forma assíncrona (gravadas). O público terá uma oportunidade, contudo, de conversar com os palestrantes em lives para esclarecer dúvidas. Todo o restante do evento, como mesas de apresentação de trabalho e comunicações, será transmitido em tempo real. 

Confira AQUI a programação completa. O evento será transmitido pelo YouTube e Google Meet.

Leia também