Projeto do CCB é contemplado em proposta que envolve França e Alemanha

Projeto do CCB é contemplado em proposta que envolve França e Alemanha

RESTORE trata da biodiversidade e mudanças climáticas. Recursos vão custear bolsas de técnicos, materiais como reagentes, além de viagens para trabalhos de campo.

O projeto “RESTORE – Estratégias biotecnológicas inovadoras para melhorar a tolerância das árvores à seca e à diversidade microbiana para fins de restauração florestal”, do Centro de Ciências Biológicas (CCB) da Universidade, foi contemplado para financiamento em chamada internacional, com destaque para o tema biodiversidade e mudanças climáticas. Trata-se da chamada Confap-BiodivErsA: 2019-2020, que envolve além do Brasil, a França e a Alemanha.

A Confap é o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa. Já a BiodivERsA é uma rede de organismos internacionais de 24 países europeus e países parceiros, incluindo o Brasil. O professor Halley Caixeta de Oliveira, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal do CCB, coordenador geral do RESTORE, afirma que a participação da UEL se deve à Fundação Araucária, que integra a rede da Confap.

Pesquisadores que atuam no projeto. Além da UEL, eles são do Iapar e colaboradores das Universidade Estadual Paulista, da Universidade de Sorocaba e da Universidade Federal do ABC.

O professor explica que, no contexto da biodiversidade e de mudanças climáticas, o projeto da UEL foca dois principais subtemas. O primeiro são os efeitos das mudanças climáticas, especialmente, a seca na microbiota do solo e nas plantas. Microbiota é o conjunto de microrganismos – bactérias e fungos, por exemplo – que vivem no solo. O segundo tema é o uso da biodiversidade, ou seja, da própria natureza, para amenizar os efeitos da mudança climática. Halley de Oliveira afirma que a iniciativa tem foco na restauração florestal. Confira o áudio.

Nos programas de reflorestamento, um dos principais desafios – conforme o professor – é o estresse que a seca pode provocar nas mudas, que são produzidas em um viveiro, em determinadas condições. “Ela é transplantada para uma área degradada, que vai ser restaurada. Essa muda precisa se restabelecer no novo ambiente. Ela é muito sensível a condições ambientais, tem um sistema de raízes pouco desenvolvido”, comenta o professor.

Ele afirma que há previsão de períodos mais longos de estiagem. “Com as secas aumentam a mortalidade das mudas e o custo do reflorestamento”. Por isso, o projeto RESTORE propõe diferentes estratégias de uso da própria natureza para que as mudas sobrevivam, atingindo seu objetivo que é o reflorestamento. Nesse sentido, uma das técnicas é usar bactérias para induzir o crescimento da planta. Confira o áudio.

O professor lembra que o projeto tem um impacto grande, porque deve envolver outros segmentos da sociedade. Ele ressalta que o professor José Marcelo Torezan, que integra o RESTORE, tem vasta experiência por causa de um projeto de longa duração em reservas naturais, propriedades rurais e parceria com o Instituto Ambiental do Paraná. O projeto RESTORE tem a participação de outros professores de diferentes departamentos da UEL e de colaboradores das Universidade Estadual Paulista (Unesp Sorocaba), da Universidade de Sorocaba e da Universidade Federal do ABC (UFABC).

Chamada internacional – Halley de Oliveira lembra que por se tratar de uma chamada internacional, haverá troca de informações sobre as soluções encontradas para a biodiversidade e as mudanças climáticas no Brasil, na Alemanha e na França. Os três países têm vegetações diferentes, mas as estratégias poderão ser compartilhadas, avaliando-se também o impacto econômico das soluções encontradas. “Teremos reuniões constantes entre os grupos, para trocar dados, informações, expertises entre os diferentes membros do projeto. Esse intercâmbio será muito importante”, afirma o professor.

Ele destaca, também, que as soluções baseadas na natureza, proposta do projeto, são expertise do grupo da UEL e de colaboradores brasileiros. “Nossos colaboradores na França e Alemanha compraram a nossa ideia. Vamos poder testar o que usamos aqui lá nesses países, que vão poder validar nossas estratégias no contexto deles. E isso nos deixa muito felizes”, afirma o professor. Para ele, novas patentes podem ser registradas a partir desse trabalho.

Investimentos – O projeto RESTORE prevê investimentos para custear bolsas de técnicos, materiais como reagentes, viagens para trabalho de campo e viagens internacionais para troca de experiência. O professor Halley de Oliveira afirma que o projeto está orçado em 80 mil euros, mas que o valor não está fechado entre os proponentes e as agências de fomento, envolvidas na chamada internacional. Halley de Oliveira explica que o RESTORE foi viabilizado a partir de uma experiência que já integra. Trata-se do projeto CAPES Cofecub, uma iniciativa do Comitê Francês de Avaliação da Cooperação Universitária com o Brasil.

Além do professor Halley de Oliveira e o professor José Marcelo Torezan, participam do Departamento de Biologia Animal e Vegetal os professores José Antonio Pimenta e Renata Stolf Moreira. O projeto tem participação, também, da professora Elisete Pains Rodrigues, do Departamento de Biologia Geral, do CCB; do professor André Luiz Martinez de Oliveira, do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia do Centro de Ciências Exatas (CCE); dos professores Fábio Yamashita e Suzana Mali de Oliveira, do Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, do Centro de Ciências Agrárias. Participa também Tiago Santos Telles, pesquisador do IAPAR e professor do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UEL.

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