Convênio internacional incentiva transferência de tecnologia para agricultura sustentável
Convênio internacional incentiva transferência de tecnologia para agricultura sustentável
Universidade firmou acordo com a empresa Sandai, de Hyogo, para o desenvolvimento da cadeia produtiva de morangos no Brasil.A UEL e a empresa Sandai, com sede na província de Hyogo, no Japão, formalizaram, nesta terça-feira (14), um protocolo de intenções que tem o objetivo de promover o intercâmbio de informações, recursos humanos, transferência de tecnologia e desenvolvimento de pesquisas com foco na agricultura sustentável. O convênio foi assinado nesta manhã pela reitora, Marta Favaro, durante uma cerimônia realizada na Sala dos Conselhos, no Campus da UEL, com a participação virtual do diretor-presidente da Sandai, Tadahiro Yoshii, e da coordenadora de Ensino Superior da Superintendência de Ensino Superior, Ciência e Tecnologia (SETI), Gisele Miyoko Onuki.
O convênio prevê o desenvolvimento de tecnologia para a Rede Morangos do Brasil, que envolve pesquisadores e agricultores da cadeia produtiva. A rede foi instituída no ano passado, por meio de um Memorando de Entendimento entre instituições de vários estados – Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina – para a redução de custos, aumento da produtividade e qualidade da fruta.
Segundo a reitora, a parceria deverá fazer a diferença no desenvolvimento de técnicas sustentáveis aplicadas à cultura do morango. Durante sua a fala, Marta reforçou que a prestação de serviços à comunidade sempre foi um dos pilares da Universidade. Ela lembrou também que o acordo estabelecido entre a UEL e a empresa Sandai é resultado da longa história de parceria e de acordo internacional entre o Brasil e o Japão.
O diretor-presidente da Sandai, Tadahiro Yoshii, destacou que, embora geograficamente distantes, os dois países podem utilizar ferramentas tecnológicas para se aproximar e atingir objetivos comuns. Sobre o acordo entre a UEL e a empresa, o executivo afirmou que o trabalho pode evoluir para outras culturas, além do morango, considerando a demanda de alimentos no mercado mundial.
A coordenadora de Ensino Superior da SETI, Gisele Onuki, destacou que o convênio teve origem no ano passado por meio do interesse manifestado por pesquisadores do Sistema de Ensino Superior do Paraná e o Consulado do Japão. Ela afirmou que o acordo internacional poderá trazer dividendos importantes para o Paraná, para originar outros projetos posteriormente.
O professor Juliano Tadeu Vilela Resende, do Departamento de Agronomia, do Centro de Ciências Agrárias (CCA), um dos coordenadores da Rede Morangos, enfatizou que o convênio vai fortalecer a agricultura sustentável, importante para o desenvolvimento do setor. Ele explicou que o Brasil, hoje, embora seja um dos maiores exportadores de alimentos do mundo, tem apenas 13% de seu território ocupado com agricultura e 23% do total com pastagens. “Existe uma grande área para expansão, mas precisamos fazer isso de forma planejada, com técnicas sustentáveis”, destacou.
Rede Morangos
O Paraná, juntamente com São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina, responde por cerca de 80% da produção de morangos no Brasil. A Rede Morangos busca fomentar a produção nacional, desenvolvendo cultivares com potencial produtivo e de fácil adaptação às diferentes regiões. Entre as ações previstas, estão melhoramento genético; produção de mudas; nutrição de plantas; fitossanidade (prevenção de doenças e pragas); pós-colheita e gestão da cadeia produtiva (produção e comercialização).
O Brasil não dispõe de programas de melhoramento genético da atividade produtiva, o que acaba gerando dependência de outros países. A área plantada de morangos é de 6 mil hectares e a produção alcança a marca de 250 mil toneladas. Além dos cinco estados que integram a rede, a produção abrange Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Distrito Federal, gerando cerca de 150 mil empregos diretos.
Em termos de custo de produção, a implantação de um hectare de morangos varia entre R$ 50 mil a R$ 150 mil, sendo que as mudas representam cerca de 60% desse valor, dependendo do manejo. Anualmente, o Brasil demanda 200 milhões de mudas – cerca de 150 milhões são importadas do Chile, da Argentina e da Espanha –, o que gera um desequilíbrio na balança comercial em torno de R$ 250 milhões.
Participaram da cerimônia o vice-reitor da UEL, Airton Petris; o vereador Eduardo Tominaga; a assessora de Relações Internacionais da UEL, Viviane Baggio Furtoso; e a diretora do Núcleo de Cultura Japonesa (NECJ), professora Estela Fuzii; Marinno Arthur, representando a Agência de Inovação Tecnológica (Aintec) da UEL, e Thaís Artoni Martins, auxiliar de cooperação internacional da ARI. Também estiveram presentes a coordenadora de Relações Internacionais da Província de Hyogo no Brasil, Cristiane Ueta, e o presidente da Associação de Intercâmbio Londrina-Nishinomiya, Luís Omoto. A cerimônia foi transmitida virtualmente com tradução simultânea por meio do tradutor intérprete Paulo Tsuchiya.