A vez das pesquisadoras: UEL registra 61% de mulheres nos cursos de pós-graduação

A vez das pesquisadoras: UEL registra 61% de mulheres nos cursos de pós-graduação

Do total de 5.922 estudantes de pós-graduação, 3.670, ou 61%, são mulheres. Dado representa avanço para a área, segundo pró-reitora.

Levantamento realizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (ProPPG) para o Dia Internacional das Mulheres e Meninas nas Ciências, comemorado neste domingo (11), aponta que a presença feminina já é superior à masculina em todas as etapas da trajetória acadêmica na Universidade Estadual de Londrina. Da Iniciação Científica (IC) à pós-graduação, os números de meninas e mulheres envolvidas com a pesquisa acadêmica evidenciam um cenário mais equilibrado do ponto vista da igualdade de gênero, tema prioritário na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Por outro lado, dados da ONU e da Unesco, criadoras da data alusiva, apontam que as mulheres representam cerca de 30% dos pesquisadores, demonstrando que ainda existem barreiras a serem vencidas, especialmente em áreas como Ciências, Tecnologia, Engenharias e Matemática (STEM, na sigla em inglês).

De acordo com a ProPPG, a UEL encerrou o ano de 2023 contando com 5.922 estudantes de pós-graduação. Do total, 3.670, ou seja, 61% são do sexo feminino. Este levantamento é amplo e leva em consideração desde as matrículas deferidas até as que possuem pendências e em todos os cursos – especializações lato sensu, mestrado e doutorado – ofertados pelos programas de pós-graduação da UEL. 

Os dados apontam que o Centro de Ciências da Saúde (CCS) é o que reúne o maior número – 638 – de pós-graduandas, representando 74% do total. Ao mesmo tempo, os dados mostram uma maior paridade de gênero nos centros onde estão localizadas as áreas do conhecimento que historicamente eram dominadas por homens. Só para se ter uma ideia, o Centro de Ciências Exatas da UEL encerrou o ano passado com 542 alunas de pós-graduação, o que representa 55% do total. É neste centro onde estão os cursos das áreas de Computação, Física, Estatística e Matemática. 

Divisão de estudantes mulheres, na pós-graduação, por centros de estudo (Dados: ProPPG e ATI).

Outro centro “dominado” pelas mulheres é o de Ciências Agrárias (CCA). Contando com os cursos das áreas de Zootecnia, Medicina Veterinária e Agronomia, o CCA da UEL conta com 64% de presença feminina em seus cursos de pós-graduação. Por lá, eram 318 mulheres “contra” 174 homens no final de 2023. 

No caso do Centro de Tecnologia e Urbanismo (CTU), que reúne as áreas de Estruturas, Construção Civil, Engenharia Elétrica e Arquitetura e Urbanismo, a presença feminina é um pouco menor porém ainda bastante significativa – 37% – apontam os dados apurados pela Assessoria de Tecnologia da Informação (ATI).

Professora Silvia Meletti, pró-reitora. Dados positivos representam uma virada significativa no sistema da pós-graduação da Universidade (Arquivo Rádio UEL).

Em busca da equidade

Observando as mudanças no perfil dos estudantes, a pró-reitora de Pesquisa e Pós-graduação (ProPPG) da UEL, Silvia Meletti, destaca que os avanços na direção da igualdade de gênero são frutos de muito trabalho e lutas recentes. Por isso, ainda são avanços pequenos diante das enormes demandas. “Não é possível falarmos da inserção na ciência sem pensarmos na trajetória toda de formação em nível superior. Então, hoje nós já observamos uma mudança no perfil nos cursos de graduação. A presença da mulher está muito mais forte nestes cursos do que era há 15, 20 anos. Estamos caminhando para uma mudança deste perfil”, comemora. 

Estudantes de pós-graduação por gênero (Dados: ProPPG e ATI).

Para exemplificar o quanto os avanços são recentes, ela destaca a incorporação da licença-maternidade das mulheres bolsistas de pós-graduação nos critérios de pontuação para a concessão das bolsas de estudo por parte dos órgãos de fomento. Inserido na Lei nº 13.536, esse critério foi regulamentado apenas em 2017.

“Antes da normativa nacional, a UEL já havia adotado todo um regramento para a maternidade na pós-graduação e, agora mais recentemente, a inserção da pontuação ser diferenciada para a distribuição do fomento interno para a distribuição de bolsas”, explica. “Então, isso será considerado na avaliação do seu currículo para a distribuição do fomento. Hoje, temos também o tempo da licença-maternidade que justifica a prorrogação do tempo regular tanto para a contagem dos prazos quanto da ampliação da bolsa”, conclui a pró-reitora.

Iniciação Científica 

Dados sobre as estudantes de Iniciação Científica (IC), separadas por gênero (Dados: ProPPG e ATI).

De acordo com a ProPPG, dos 53 alunos do Ensino Médio de Londrina que participam de projetos como bolsistas de Iniciação Científica Júnior (IC Júnior) na UEL, 33 são meninas. Esta etapa do ciclo acadêmico ainda movimenta, atualmente, 53 professores da UEL, sendo 32 professoras da instituição.  

Este é o caso da docente Rosane Suely Alvares Lunardelli, do Departamento de Ciência da Informação (Ceca), coordenadora do projeto de pesquisa intitulado “A Ciência da Informação e a Literatura no Bem-Estar e na Qualidade de Vida da População Brasileira”, que atua, dentre outras atividades, com a contação de histórias para crianças e a digitalização de materiais junto à Biblioteca Central da UEL. 

Bolsista Maria Eduarda Ribeiro Ruzycki, 15, diz que vem ampliando sua percepção sobre possibilidades no ensino superior (André Ridão/Agência UEL).

Bolsista há seis meses do projeto, a estudante do segundo ano do ensino médio do Colégio de Aplicação Pedagógica da UEL, Maria Eduarda Ribeiro Ruzycki, 15, conta que vem ampliando a sua percepção sobre as possibilidades trazidas com a graduação. Além disso, vem observando espaços e ações onde a UEL está presente em Londrina. “Isso me trouxe uma visão sobre como é o meio acadêmico e sobre como funciona a pesquisa. Não temos ainda essa visão no Ensino Médio, tanto que começamos com a contação de histórias e o Teatro de Sombras, com tela branca e um foco de luz. Depois, passei a colaborar com a professora Sandra (Regina Moitinho Lage, Departamento de Ciência da Informação) na digitalização de livros de literatura de Cordel”, conta a aluna.

Para a professora, “é inconcebível, nos tempos atuais, que exista uma certa rixa ou desrespeito com as mulheres por parte de pesquisadores homens”, decreta. “Qualquer pessoa com um pingo de inteligência entenderia que, se queremos evoluir, precisamos juntar forças. Os olhares masculinos e os olhares femininos juntos, fazendo pesquisa de qualidade e buscando um mundo melhor”, diz Lunardeli. 

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