Pesquisadores aprofundam conhecimentos de Geometria Solar aplicados a projetos

Pesquisadores aprofundam conhecimentos de Geometria Solar aplicados a projetos

Componente arquitetônico leva em conta um fator imprescindível na busca pela edificação adequada para as necessidades das pessoas que farão uso dela.

Desde o período Neolítico, há mais de 10 mil anos, os seres humanos construíam abrigos levando em conta fatores ambientais, dentre os quais a luz solar, para iluminação e aquecimento. Para isso, foi observando e aprendendo sobre o movimento aparente do sol durante o ano. E o que começou intuitivamente se tornou ciência, até receber o nome de Geometria Solar.

Em sua forma contemporânea, tem cerca de meio século e é não apenas útil, mas necessária a um projeto arquitetônico de qualidade, na medida em que leva em consideração um fator imprescindível na busca pela edificação adequada para as necessidades das pessoas que farão uso dela.

É o que explica o professor Cesar Imai (Departamento de Arquitetura e Urbanismo), com Doutorado e Pós-Doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, e coordenador do Grupo de Pesquisa “Processo, projeto e comunicação na Arquitetura (ARQ 3). O Grupo, que existe há 13 anos, reúne estudantes e pesquisadores que se dedicam aos três referidos aspectos envolvidos num projeto arquitetônico eficiente. O professor explica que o processo de criação (projeto) deve levar em conta as demandas e necessidades dos clientes, ou seja, daqueles que utilizarão o espaço ou a edificação. Mas a comunicação, fundamental, também deve ser feita com os arquitetos, num esforço de conscientizá-los da importância da Geometria Solar.

O processo de criação (projeto) deve levar em conta as demandas e necessidades dos clientes, ou seja, daqueles que utilizarão o espaço ou a edificação, explica o professor Cesar Imai

Para Cesar Imai, o fulcro é a qualidade do projeto e o nível satisfatório de atendimento às necessidades da comunidade envolvida. Todo o resto – materiais, formas, segurança, conforto, estética, acessibilidade, sustentabilidade, etc. – derivam daí. Claro, há aspectos objetivos e subjetivos, mas as pessoas são sempre o foco. Entre os objetivos, referentes à qualidade ambiental, o professor cita os funcionais e de conforto. São estes: térmico, acústico, lumínico e ergonômico. Os estudos buscam padrões, e envolvem uma avaliação técnica dos ambientes ou dos projetos, ou mesmo antes destes.

E se a ideia é conscientizar os arquitetos, um excelente momento para isso é ainda em sua formação, na Universidade. Neste aspecto, entra a contribuição de João Victor de Souza Lima, doutorando e orientando do professor Cesar, que desde a graduação se encantou e ampliou seus conhecimentos sobre a Geometria Solar. Embora tenha iniciado seu Doutorado há pouco mais de um ano, ele já tem trajetória de pesquisa, incluindo o Mestrado, quando focou mais nas dificuldades em torno do ensino da Geometria Solar na Arquitetura. Agora, ele pretende instrumentalizar os futuros arquitetos, propiciando uma compreensão e aplicação, desenvolvendo a chamada consciência visual.

A Geometria Solar já utiliza uma série de ferramentas, como a Carta Solar, que descreve graficamente os movimentos aparentes do sol durante todo o ano. Parece um mero detalhe, mas é muito importante para a Arquitetura. Não se trata apenas de considerar a insolação durante um dia (manhã, face leste, tarde, face oeste, norte, sul), mas durante a mudança de estações (a insolação de junho é bem diferente da de dezembro) e ainda a localização geográfica da obra – quanto maior a latitude, maior a diferença. Estamos falando da duração (e variação) do dia, por exemplo, no Amapá e em Santa Catarina.

O objetivo de João Victor é instrumentalizar os futuros arquitetos, propiciando uma compreensão e aplicação e desenvolvendo a chamada consciência visual.

No Doutorado, João Victor não vai criar novas ferramentas, mas testar a avaliar algumas já existentes. Uma delas é o GGM, um método baseado em Geometria, que usa a referida Carta Solar. Outro é a Realidade Virtual, empregada na disciplina de Ateliê V do curso de Arquitetura da UEL. Através do método da pesquisa-ação (estuda e interage), inédita, o doutorando desenvolverá um framework (conjunto de dados e instrumentos para uso dos estudantes e pesquisadores) para ser testado na UEL. A expectativa é de que o resultado da pesquisa afete positivamente as grades curriculares dos cursos de Arquitetura no futuro.

Exemplo de Carta Solar

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