O neurocirurgião Marcos Antonio Dias, médico do Hospital Universitário (HU-UEL), foi o responsável por coordenar a participação brasileira em uma das maiores pesquisas internacionais já realizadas sobre estratégias cirúrgicas para o tratamento da hérnia de disco lombar recorrente.

O estudo, publicado no prestigiado Journal of Neurosurgery: Spine, uma das revistas de maior impacto na área de Neurocirurgia, reuniu especialistas de 16 países e contou com a colaboração de 515 neurocirurgiões e ortopedistas. O objetivo foi analisar como médicos ao redor do mundo decidem entre repetir a cirurgia de discectomia ou optar por procedimentos mais complexos, como a fusão vertebral com implantes.

A discectomia é uma intervenção cirúrgica que envolve a remoção, total ou parcial, do disco vertebral. O procedimento é utilizado para o tratamento de hérnia de disco, uma condição causada por rupturas nos discos vertebrais, provocando o extravasamento do núcleo gelatinoso e compressão dos nervos próximos, podendo provocar dores intensas, na coluna e nos membros; fraqueza muscular e formigamento. A hérnia de disco se torna recorrente quando os sintomas reaparecem no mesmo nível da coluna após um período de melhoria, mesmo após um tratamento conservador ou cirúrgico inicial.

A convite do coordenador global do projeto, o professor Bertrand Debono, do Paris-Versailles Spine Center (CFD), da França, o médico Marcos Dias liderou a coleta de dados no Brasil, mobilizando neurocirurgiões e ortopedistas de diferentes instituições. O país foi um dos que apresentou maior diversidade nas condutas médicas, evidenciando o peso das particularidades locais na tomada de decisão clínica.

O artigo intitulado “To fuse or not to fuse: surgical strategies for recurrent lumbar disc herniation from a 16-nation study” [Fundir ou não fundir: estratégias cirúrgicas para hérnia de disco lombar recorrente em um estudo de 16 países] foi publicado online em setembro de 2025 e já está disponível para a comunidade científica.

Para Dias, a publicação tem grande relevância para a ciência e para o HU: “Participar de uma pesquisa dessa magnitude coloca o Brasil no centro de um debate internacional sobre melhores práticas cirúrgicas. É também um reconhecimento da produção científica de impacto, coordenado por um profissional do HU da UEL e da importância da colaboração entre diferentes centros”, afirmou.

Com essa contribuição, o HU reforça seu papel não apenas na assistência e formação de profissionais, mas também na produção de conhecimento de alcance global.