Pesquisadora supervisiona série sobre obra de importante escritora negra brasileira

Pesquisadora supervisiona série sobre obra de importante escritora negra brasileira

Doutoranda Amanda Crispim, do Programa de Pós-Graduação em Letras, do Centro de Letras, integra o conselho editorial da Companhia das Letras

A pesquisadora Amanda Crispim, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Letras, do Centro de Letras e Ciências Humanas (CCH) da UEL, integra o conselho editorial que supervisiona a produção de uma série da obra de Carolina Maria de Jesus, importante figura da literatura negra feminina do Brasil, a ser publicada pela editora Companhia das Letras. O conselho é composto ainda por Vera Eunice de Jesus, filha de Carolina; pela escritora Conceição Evaristo (cuja obra também foi estudada por Amanda no Mestrado, concluído em 2013); e por outras pesquisadoras da obra de Carolina, Fernanda Felisberto, Fernanda Miranda e Raffaella Fernandez.

Segundo a editora, a série Cadernos de Carolina trará textos inéditos e incluirá diversos títulos, como escritos memorialísticos, romances, poesia, música, teatro e narrativas curtas. São textos recuperados a partir dos cadernos originais, espalhados por diversos acervos pelo país. Para se ter uma ideia da importância da escritora, sua obra mais conhecida – “Quarto de despejo: diário de uma favelada” (1960) – já chegou a 16 países, foi traduzida em 46 idiomas e vendeu mais de 4 milhões de exemplares

Escritora Carolina Maria de Jesus (FOTO: Arquivo Nacional)

Trajetória – Formada em Letras pela UEL em 2010, Amanda é professora de Teoria Literária e Literatura Brasileira e portuguesa em uma instituição de ensino superior da rede privada. Ainda aluna na UEL, participou do projeto de extensão LEAFRO (Laboratório de Cultura e Estudos Afro-brasileiros) e de projetos de pesquisa nas áreas de Semiologia, práticas literárias orais, literatura popular (cordel) e gêneros textuais para o ensino aprendizagem. No Mestrado, estudou as obras de Carolina de Jesus e de Conceição Evaristo, dois expoentes da literatura negra feminina brasileira. E no Doutorado pesquisa poemas manuscritos de Carolina de Jesus.

Para Amanda, é uma honra fazer parte do Conselho e uma alegria divulgar a obra da escritora. “São 12 anos trabalhando com sua obra, enfrentando uma certa dificuldade de acesso aos manuscritos, em outros estados, especialmente neste período de pandemia”, conta. Ela observa que é um projeto muito grande, mas que dará acesso ao público dos escritos de Carolina de Jesus e trará o reconhecimento que ela merece.

Cadernos – Mineira nascida em 1914, Carolina Maria de Jesus viveu a maior parte da vida na favela do Canindé, ao sul de São Paulo (entre Santana e Parelheiros). Em cadernos que encontrava no lixo, começou a escrever e ali deixou extensa produção literária. O sucesso veio com o livro de 1960, mas muitos de seus escritos permanecem inéditos ou fora de circulação há décadas. Daí a importância da obra publicada agora.

O primeiro Caderno a ser lançado é “Casa de Alvenaria”, título de 1961 esgotado, mas com edição refeita e ampliada. Trata-se de um registro detalhado da experiência da escritora logo após se mudar para Santana, feito em vários cadernos, que será transcrito. Outros volumes trarão um retrato da vida na favela, as viagens de Carolina e seus últimos registros memorialísticos, quando se mudou para um sítio em Parelheiros.

A filha de Carolina lembra que um dos maiores desejos da mãe obter reconhecimento. “Ser reconhecida como uma escritora capaz de escrever, além dos diários, romances, poesias, provérbios, contos, peças teatrais e letras de músicas. Ao falecer me deixou alguns pedidos numa carta e, entre eles, que eu propagasse a sua memória”, diz Vera.

Já para a escritora Conceição Evaristo é uma questão de justiça.  “A publicação da obra de Carolina Maria de Jesus, coloca a escritora em seu devido lugar, como uma das mais emblemáticas escritoras brasileiras do século XX e oferece ao público leitor a oportunidade de transitar pela diversidade que compõe a literatura brasileira”.

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