Programa elabora projetos aeroportuários para municípios

Programa elabora projetos aeroportuários para municípios

O projeto Planos e Projetos de Planejamento Aeroportuário atende municípios, estados e União, acompanhando o crescimento das demandas da aviação civil

Quando começou a trabalhar com arquitetura de aeroportos, André Luis Sampaio Silvestri costumava ouvir que não teria futuro na área. Como se profissionalizar e seguir carreira em arquitetura e elaboração de projetos aeroportuários se cada cidade poderia ter um só aeroporto?

Edição número 1412 de 02 maio de 2022

Confira a edição completa

Hoje, 37 anos após concluir sua graduação em Arquitetura e Urbanismo pela UEL, em 1985, inclusive com um trabalho de conclusão de curso em que projetou um aeroporto, Silvestri coleciona projetos em estados por todo o Brasil. A carreira na arquitetura aeroportuária, que tinha tudo para ser um voo de galinha, decolou

Silvestri coordena o Programa de Atendimento à Sociedade (PAS) Planos e Projetos de Planejamento Aeroportuário, que, desde 2018, presta assessoria técnica a prefeituras, estados e ao governo federal no campo do planejamento aeroportuário. O objetivo é elaborar ou revisar projetos para aeroportos, aeródromos, planos diretores de aeroportos, adequações do entorno dos aeroportos às legislações vigentes e projetos de infraestrutura aeroportuária.

“É uma área com poucos profissionais qualificados. Por isso, as prefeituras e construtoras acabam tendo dificuldade de contratar técnicos para elaborar projetos”, comentou. O crescimento da demanda da aviação civil, que evoluiu juntamente com a legislação brasileira, acabou por limitar bastante o número de aeroportos no país por questões de segurança. “Há 50 anos, tínhamos mais aeroportos regionais no Brasil do que hoje. Os aviões também operavam com menos normas de segurança, como por exemplo o famoso DC3, já obsoleto, que pousava em quase qualquer tipo de aeródromo. Com as mudanças na legislação internacional e adoção de medidas de segurança para aeroportos e entorno, o número de pistas aptas a receber aviões caiu. Os novos aeroportos, então, precisaram de grandes investimentos em planejamento e de infraestrutura aeroportuária”, acrescenta.

No entanto, essa redução não foi suficiente para que a demanda por profissionais que elaborassem esses projetos fosse suprida. A partir disso, Silvestri passou a oferecer consultoria para construção, reformas e demais serviços relacionados a aeroportos, como o Aeroporto Governador José Richa, de Londrina. O professor, que então tinha uma empresa, venceu a licitação em 1999 e entregou o aeroporto pronto em 2002. À época, Silvestri já era professor da UEL, no Departamento de Arquitetura e Urbanismo, porém sem dedicação exclusiva.

Maquete eletrônica do Aeroporto Internacional de Campo Grande,  feita por alunos do projeto de extensão (Arquivo pessoal)

Sequência de projetos

A experiência do professor inclui a construção do Aeroporto Lauro Carneiro de Loyola, em Joinville/SC, do Aeroporto Internacional de Navegantes/SC Ministro Victor Konder, e do Aeroporto Internacional de Florianópolis – Hercílio Luz. Em 2005, venceu certame para elaborar os estudos iniciais de implantação do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu – Cataratas. No mesmo período, participou de um estudo sobre os níveis comerciais do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, região metropolitana de Curitiba. Foram trabalhos em municípios dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Goiás, Minas Gerais e São Paulo.

Paralisação

A equipe coordenada por Silvestri varia de acordo com as idas e vindas dos anos letivos da Universidade, com estudantes entrando e saindo dos projetos e geralmente cursando do 3º ano em diante. O grupo chegou a ter oito participantes do início, em 2018, até o começo da pandemia, em março de 2020. “Com a redução das operações aeroportuárias devido à pandemia, os investimentos na área tiveram uma paralisação significativa. Então, ficamos sem novos projetos e consultorias”, explicou. Hoje, conta com os estudantes de graduação de arquitetura do 3º ano, Ana Laura Queiroz e Alexssandro de Sousa Alves Dutra, para tocar o projeto.

“É uma área com poucos profissionais qualificados. Por isso, as prefeituras e construtoras acabam tendo dificuldade de contratar técnicos para elaborar projetos”.

André Luis Sampaio Silvestri

Um dos principais serviços ofertados são as consultorias para construtoras. Toda construção vertical em um município com aeroportos, ponderou o professor, deve ser aprovada pelo município a partir da avaliação de um laudo, por legislação internacional validada pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), vinculado ao Comando da Aeronáutica (COMAER). Outro serviço bastante requisitado é o Plano Básico de Zona de Proteção de Aeródromos (PBZPA), que delimita a altura dos prédios num raio de 20 km, com o aeroporto como centro. Um estudo do tipo foi realizado para o aeroporto de Francisco Beltrão – Paulo Abdala, também no Paraná, por exemplo. “Para se ter uma ideia, o raio do Aeroporto de Londrina vai até o município de Rolândia. Então, a área de atuação é grande, bem como seu impacto na verticalização dos municípios abrangidos.”

Outro fator que torna essencial o serviço, ainda pouco disseminado no Brasil, é a constante atualização das leis que regem o espaço aéreo, muitas vezes por fatores externos. “Na aviação, costumo dizer que você deita à noite e acorda com uma nova portaria. Após o (atentado de) 11 de setembro (de 2001) nos Estados Unidos, por exemplo, foi determinado que todos os aviões deveriam ter uma porta blindada entre a cabine do piloto e a o restante da tripulação e os passageiros. Um evento mudou tudo”, diz.

Em 2019 e parte de 2020, a equipe coordenou os projetos de arquitetura para ampliação e reforma do terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Campo Grande/MS. Atualmente, o projeto dedica-se ao restauro e reutilização da antiga torre metálica do Aeroporto de Londrina e à criação de um minimuseu para o Aeroclube da cidade.

Paixão Hereditária

O gosto pela aviação, ainda que de outra forma, foi passado de pai para filho. O jovem Caio Cavalheiro Silvestri, de 24 anos, tornou-se piloto comercial e estuda para seguir carreira como piloto executivo – categoria de pilotos responsável por guiar táxis aéreos ou aviões empresariais. Em casa, Silvestri se junta ao filho na paixão e dedica uma parte de seu tempo para sobrevoar o mundo em um simulador de voo semiprofissional.

Serviço

Estudantes interessados em participar do projeto Planos e Projetos de Planejamento Aeroportuário podem entrar em contato com Silvestri pelo e-mail aeroportos@uel.br.

Leia também