Pesquisadores desenvolvem materiais de construção em parceria com universidade italiana

Pesquisadores desenvolvem materiais de construção em parceria com universidade italiana

Pesquisa usa fibras vegetais e materiais compósitos para produzir casas industriais, com uso de sistema inovador.

O professor Altibano Ortenzi, do Departamento de Construção Civil (CTU), participa de um grupo de pesquisa interinstitucional do CNPq, com várias frentes de pesquisa em torno do desenvolvimento de materiais compósitos avançados para construção civil. São materiais com uma matriz (componente principal, uma massa reforçada) acrescida de outros materiais capazes de aprimorar alguma de suas propriedades, como resistência, durabilidade, permeabilidade, entre outras. No caso, o professor pesquisa o uso de fibras vegetais, como a do coco e do sisal, com fins específicos conforme o material.

Integram o Lightweight structural analysis and laboratory (LISTLAB) pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Campus São Carlos, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade de Florença (UniFL), onde Ortenzi fez seu doutorado (conseguindo dupla titulação), em 2011, retornou para o pós-doutorado, em 2014, e se tornou docente colaborador da instituição. É na UFSCar que testes são feitos e em Florença são realizadas pesquisas com sensoriamento de material, termografia e ultrassom.

Ortenzi diz que os materiais compósitos avançados podem ser fibrosos ou não. Os primeiros são o foco de sua pesquisa. Ele explica que quanto mais longa a fibra, mais resistência. Já as mais curtas conseguem conter a deformação térmica. Ou seja, cada fibra, de cada material, pode atuar em um aspecto da construção e são indicados para diferentes fins, de embalagens de produtos alimentícios à Aeronáutica.

Desenvolvimento de módulo de piso, vedação e cobertura estruturais ultraleves, feitos em biocompósitos. Imagens de computador (Reprodução).
Imagens de computador do desempenho de parafusos em material compósito, para uso ortopédico (Reprodução).

Casas

O projeto montou um sistema modular com painéis de tamanhos-padrão para construir casas e testar os materiais. São placas, por exemplo, com 3m de altura por 1m de largura e 10cm de espessura. A casa é montada como um um “lego” e a cobertura se assemelha, no encaixe, à tampa de uma caixa de sapatos. Citando a pesquisa de uma orientanda, o professor afirma que para deixar pronta uma casa de 3 quartos, 2 banheiros, sala, cozinha e lavanderia, com 60 a 70m², bastam 48 horas. Todos os detalhes habituais de um projeto, como isolamento acústico e térmico e virtual inclinação do terreno, estão incluídos. O custo, porém, ainda é alto.

Na avaliação do professor Ortenzi, mais que as vantagens oferecidas pelos materiais, está todo o conjunto (ou sistema) proposto. Isso porque, diferentes de outras iniciativas, o projeto atua no ciclo completo do produto, até seu descarte e destino.
Atualmente, o professor tem cinco doutorandos, que desenvolvem estudos em diferentes linhas, ligadas a três grupos de pesquisa. Um deles com foco na inovação; outro sobre dispositivos biomédicos (sensores não-invasivos) e um terceiro, em torno da bioengenharia e materiais sustentáveis e renováveis, como a celulose, óleo de milho e de mamona.

Professor Altibano Ortenzi está, atualmente, pesquisando o uso de materiais fibrosos para construções (André Ridão/Agência UEL).
Leia também