Seminário reúne flautistas e acordeonistas em parceria com curso de Música

Seminário reúne flautistas e acordeonistas em parceria com curso de Música

VII Seminário Flauta e Fole discute experiências de ensino e extensão com músicos de todo o Brasil. Inscrições vão até 18 de junho.

O som do acordeão sempre foi presente para o jovem Pedro Augusto Schmidt. Desde pequeno, costumava acompanhar o tio, o acordeonista e professor de música Miguel Santos, nas apresentações em grupos musicais em Londrina. Já embebido pelo som potente do fole, insistiu o quanto pode para que o pai lhe desse um acordeão de presente. Aos 13 anos, acabou conseguindo. Mal ganhou o instrumento, já começou a estudá-lo com afinco, o que lhe rendeu, cinco anos depois, duas aprovações em cursos de Música, na Universidade Estadual de Maringá (UEM) e na Universidade Federal do Paraná (UFPR).

E o gosto pelo instrumento complexo – inclusive pesado para um jovem de 13 anos tocar – foi incentivado pela família em várias oportunidades. Em 2019, Pedro participou da V Maratona Flauta e Fole, uma das raras oportunidades em que os músicos que escolheram esses dois instrumentos – a flauta doce e o acordeão – podem trocar experiências em Londrina. “Não é muito fácil achar quem toca esse instrumento, não. Foi bastante interessante, ficar o dia todo discutindo o instrumento e tocando com outros músicos”, lembrou o agora universitário, apaixonado por peças de música clássica. “Gosto dessas coisas mais difíceis”, conta, aos risos.

Pedro Augusto Schmidt em apresentação em 2022, no Show Flauta e Fole convida Septeto Reunion (Foto: Rei Santos).

Neste ano, o Seminário Flauta e Fole será realizado em formato online, no dia 12 de agosto. O evento, feito em parceria com o curso de Música da UEL e com apoio da Rádio UEL FM, é promovido pela Maratona Flauta e Fole, coordenada pela flautista e professora de música Luciana Schmidt. Tia de Pedro e esposa de Miguel, o acordeonista, Luciana não esconde o orgulho ao comentar a aprovação do sobrinho e futuro colega de profissão. “Ele estudou flauta comigo, um pouco de piano também, mas sempre brincou com o Miguel ainda muito pequeno. Também tocávamos muito na igreja, com meus filhos, também músicos. Depois do Miguel, ele foi atrás de outros professores, para ter um repertório diferente”, orgulha-se. Tanto Luciana quanto Miguel são formados em Música pela UEL.

O Seminário Flauta e Fole está com inscrições abertas até 18 de junho. Para se inscrever, os candidatos devem enviar um resumo e um vídeo explicativo sobre um trabalho a ser apresentado, um artigo. Desses, oito trabalhos serão selecionados para apresentação de artigos, no dia do seminário. A seleção será feita pelas professoras Ilza Joly, Fátima Santos e Tatiane Jardim. São ofertadas 95 vagas para ouvintes, que devem se inscrever neste link. Não há custos.

Segundo Luciana, qualquer interessado em compartilhar vivências ou estudos em um dos instrumentos pode se inscrever, a despeito de ter experiência acadêmica. 

Maratona Flauta e Fole, realizada em 2019. Flautistas e acordeonistas de todas as idades, em uníssono pelo aprendizado e pesquisa do instrumento (Divulgação)

Instrumento “de brinquedo” e que “não precisa estudar”

O desejo de Pedro em estudar o acordeão desde o início para compreender todos os meandros entre as centenas de “botões” (os baixos), teclas e foles, no entanto, não é tão comum para quem toca o instrumento. O acordeão, na opinião de Luciana, é reconhecido muitas vezes como um instrumento “que não precisa ser estudado”. “Muitos viram os avós e outros familiares mais velhos tocarem e, então, assumem o instrumento. Mas, é importante estudá-lo”, salientou. Os usos do instrumento de origem alemã também são muito variados: vão do forró à música clássica, passando pelo baião e o bolero.

Já a flauta doce, instrumento primeiro da professora, sofre o estigma de ser muito “básica” e “de musicalização”. O fato de ser utilizada com bastante frequência nos estudos de musicalização e de ser “fácil” de assoprar podem dar a entender que o instrumento é simples. Mas, Luciana ressalta que não é bem assim: a flauta é um instrumento de performance e que merece respeito. “É possível, por exemplo, um flautista solista ser acompanhado por um acordeonista, em uma sonata. Muitos acham que não combina, mas fica muito bonito”, ressaltou. Há também uma grande “família de flautas doces”, de vários tamanhos diferentes – muito além daquela pequena e clássica flauta doce soprano usada em escolas por todo o Brasil.

Parceira de longa data

A professora Helena Loureiro, do Departamento de Música e Teatro (Ceca) e responsável pelo evento, comentou que a parceria com o Estúdio Flauta e Fole (a escola de música do casal Luciana e Miguel) já é bastante antiga. “Foi o nosso segundo elo. O primeiro foi a UEL, já que eles foram nossos alunos”, lembrou Helena.

Sobre o Seminário Flauta e Fole, a docente avalia que é uma ótima oportunidade para a troca de experiências e vivências entre os músicos e pesquisadores dos instrumentos. Além disso, outro ponto relevante é a disseminação de trabalhos acadêmicos voltados para o ensino de flauta doce e acordeão – especialmente este último, que tem sido pouco abordado na pesquisa acadêmica em Música. “Não há muitos eventos voltados a profissionais desses instrumentos. Isso, por si só, já instiga novos pesquisadores a nos procurarem”, pontou.

Estreitar as relações com o projeto foi, também, uma forma de valorizar a formação universitária do músico. “(Eles) são profissionais seríssimos, com formação musical. Precisamos valorizar isso”, relatou. Os estudantes de Música vão participar da organização do evento, o que vai ajudar a abater horas de atividades acadêmicas de Extensão universitária, nova exigência para os cursos de graduação.

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