Um dos prédios mais antigos e representativos do norte do Paraná, o Museu Histórico Padre Carlos Weiss está em processo de tombamento como forma de preservar o valor arquitetônico e afetivo, impedindo qualquer possibilidade de destruição ou descaracterização. O Museu é um órgão suplementar da UEL desde 1974 e abriga mais de 1,3 milhão de itens e peças como livros, revistas, jornais, obras de arte, fotografias, microfilmes, fitas, mapas e outros materiais relativos à memória de Londrina e região.

Segundo diretora do Museu, professora Edmeia Ribeiro, o processo de tombamento começou no ano passado por meio da Diretoria de Patrimônio Artístico e Cultural da Secretaria de Cultura de Londrina, a pedido da diretoria do Museu. A Associação dos Amigos do Museu (ASAM) foi responsável por propor o projeto técnico necessário para balizar todo o processo. Em julho, passado a Administração da UEL, juntamente com a Prefeitura de Londrina, foi notificada sobre o tombamento provisório da estrutura.

Uma comissão multidisciplinar está realizando este estudo, que inclui, além do prédio do Museu, outros bens imobiliários e imateriais. Estão incluídos nesta lista o Caminhão do Corpo de Bombeiros, o Ginásio de Esportes Moringão, a Escola Municipal Padre Anchieta (localizada no Patrimônio Heimtal), o Patrimônio Três Bocas, a máquina de arroz (que faz parte do acervo do Museu), a Orquestra Sinfônica da UEL (Osuel) e a Feira Livre da Avenida Saul Elkind, na Zona Norte. Os estudos mereceram um investimento de R$ 140 mil, financiado pelo Fundo Especial do Patrimônio Público de Londrina.

De acordo com a diretora do Museu, o tombamento é importante para resguardar a memória de um edifício icônico, construído entre 1946 e 1950 e onde funcionou a Estação Ferroviária na movimentada Londrina dos tempos do café. O último trem passou pela antiga estação na década de 1980. O complexo tem um total de 11 mil m², entre os quais 2,6 mil de área construída. “É um local de chegadas e partidas, que guarda parte da identidade de Londrina”, define Edméia.

A fase de estudos deve ser concluída até abril do próximo ano. O relatório final será encaminhado à Diretoria de Patrimônio e à Secretaria de Cultura. O tombamento regrará qualquer intervenção no espaço e no prédio, incluindo a área da frente.

Segundo a diretora de Patrimônio Artístico e Histórico-Cultural da Secretaria de Cultura, Solange Batigliana, o pedido de tombamento pode ser solicitado por qualquer pessoa, desde que exista fundamento. Ela explica que anteriormente houve uma tentativa de tombamento do prédio do Museu pelo Governo Estadual, que não prosperou. “É uma edificação representativa. A ferrovia foi muito importante e ter naquele local a preservação da memória aumenta o alcance de salvaguardar todas as características do prédio como está”.

Ela explica que a praça Rocha Pombo, localizada em frente ao Museu Histórico, bem como o Museu de Arte (antiga Estação Rodoviária de Londrina), são tombados como patrimônio público federal e estadual, respectivamente. Segundo Solange, os dois Museus e a praça representam um quadrilátero importante para Londrina. Ela ressalta o papel da ASAM na elaboração dos estudos técnicos patrimoniais, financiado pelo Fundo Especial do Patrimônio.

Histórico

O Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss foi a segunda estação ferroviária da cidade. Oficialmente, o museu foi inaugurado em setembro de 1970, na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Londrina. Apartir de 1974, tornou-se órgão suplementar, vinculado academicamente ao Centro de Letras e Ciências Humanas (CCH). As direções são indicadas pelo Departamento de História. Em 10 de dezembro de 1986, o museu passou a ocupar o atual prédio, onde funcionou a Estação Ferroviária, cedido pela Prefeitura de Londrina por meio de permissão de uso.