Espetáculo de palhaços do grupo Triolé sobre morte e luto estreia na DAC

Espetáculo de palhaços do grupo Triolé sobre morte e luto estreia na DAC

Nesta sexta (3) e sábado (4), espetáculo será às 20h e, no domingo (5), às 19h. Ingressos podem ser adquiridos na bilheteria da DAC.

O grupo Triolé estreia, nesta sexta-feira (3), o espetáculo “O último tranco”, na Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura (DAC) da UEL. A temporada é neste e no próximo final de semana, com entrada franca. Os ingressos devem ser retirados meia hora antes de cada apresentação, na bilheteria da DAC (Av. Celso Garcia Cid, 205). Nesta sexta e no sábado (4), a peça começa às 20h e, no domingo, a partir das 19h. Na próxima semana, o horário da apresentação será às 20h. A classificação indicativa é de 10 anos de idade.

O tema da morte e seus subtemas como memória, rituais e saudade são a tônica do espetáculo. A pesquisa começou durante a pandemia, com os atores Alexandre Simioni e Gerson Bernardes. Eles dão vida aos palhaços Mereceu e Lambreta.

Segundo os palhaços, camadas humanas remexidas nos momentos de luto são enfrentadas como tabus na sociedade contemporânea enquanto poderiam ser tratadas como aspectos básicos da experiência humana. De acordo com os atores, o cenário apresenta uma mesa com um lençol branco e um corpo-objeto da despedida, fonte do desespero e causa do pranto dos palhaços Lambreta e Mereceu. Em meio aos sentimentos comicamente expostos, eles elaboram os rituais necessários – ou não – para a realização da devida despedida.

Espetáculo do grupo Triolé trata da inevitável certeza da vida: o fim (Divulgação).

No texto de divulgação da peça, a sinopse aponta ainda que os palhaços se deparam com o inevitável, com a única certeza da vida. “Porque tudo o que é vivo, morre”, como diria Chicó, nas palavras escritas por Ariano Suassuna. De frente à morte, o que nos resta fazer? Entre cerimônias e solenidades, ritos e rituais, os dois palhaços descobrem na relação da dupla a maneira própria de se despedir ou de se encontrar com o amigo que partiu. Ou melhor… não deu partida!”

Na quinta-feira (2), os dois atores estiveram ao vivo na Rádio UEL FM para uma entrevista para o programa Revista do Meio-Dia. Eles comentaram sobre as próprias perdas sofridas durante a pandemia e se emocionaram ao recordar da morte da diretora e dramaturga do espetáculo, Lily Curcio. Ela partiu no início de novembro último, um mês antes da estreia, programada para dezembro de 2023. Por conta da perda, o espetáculo foi transferido para maio deste ano.

Dupla cedeu entrevista à Rádio UEL FM, ao programa Revista do Meio Dia (Foto: Rádio UEL FM).

Lily Curcio era argentina e radicada no Brasil há mais de 30 anos. Atriz e palhaça, esteve várias vezes na cidade a convite do grupo Triolé para a montagem. A última delas foi em julho, quando também participou do Festival Internacional de Londrina (Filo), com o espetáculo “Jasmim e a Última Flor”. De acordo com Bernardes e Simioni, Lily morreu na Colômbia, em decorrência de um mal súbito.

Depois da morte da diretora, eles suspenderam os ensaios para lidar com o luto e a dor da perda de Lily, mas decidiram fazer um ensaio para convidados em homenagem a ela no dia 10 de dezembro, quando estava programada a estreia. Alexandre Simioni e Gerson Bernardes contam que arrumaram uma forma de deixar a memória e o legado de Lily vivo. No espaço da Vila Cultural Triolé, onde são feitos os ensaios, a cadeira usada pela diretora e dramaturga não pode ser ocupada.

Diretora Lily Curcio, falecida em 2023. Perda para o grupo Triolé foi imensa, segundo representantes (Foto: Cris Mayer/Filo 2023/Divulgação).

Um pouco da história

Fundado há 14 anos em Londrina, desde 2010 o Triolé atua em espaços descentralizados e com pouca atividade artística, com foco na palhaçaria. O grupo sempre buscou desenvolver espetáculos adaptáveis, especialmente em espaços públicos – ruas e praças.

No início de 2024, entre março e abril, realizou 57 apresentações do espetáculo “Qual é a graça de Laurinda?”. A circulação foi em cinco cidades paranaenses, incluindo Londrina, para um público de mais de 20 mil crianças, pelo projeto “Crianças no Teatro”, da Secretaria de Estado da Cultura.

Desde 2012, seus integrantes também são gestores da Vila Cultural Triolé, que fica na rua Etienne Lenoir, 155, Vila Industrial. Simioni e Bernardes integram a ASPA (Associação dos Profissionais da Arte), responsável pela realização do FILO nos anos de 2022 e 2023. 

A Vila Cultural Triolé tem patrocínio do Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura). O espetáculo “O último tranco” também conta com o patrocínio do Promic e apoio da Casa de Cultura da UEL, por meio da Divisão de Artes Cênicas.

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