Egresso do curso de Música vence pela segunda vez o Festival Nacional da Canção
Egresso do curso de Música vence pela segunda vez o Festival Nacional da Canção
Londrinense e egresso da UEL, David Mour sagrou-se campeão no 55º Festival Nacional da Canção (Fenac), um dos mais tradicionais do País, realizado em Minas Gerais.O cantor e compositor londrinense David Mour, 30, sagrou-se campeão no 55º Festival Nacional da Canção (Fenac), um dos mais tradicionais do País, realizado em Minas Gerais. Licenciado em Música pela UEL desde 2017, Mour teve “Exagerado Demais”, composição do álbum “Amuleto” (2023), eleita a melhor em uma edição com número recorde de canções inscritas, mais de 1,5 mil, trazendo para Londrina o maior prêmio em dinheiro e o troféu Lamartine Babo. Com a vitória, o jovem artista não só repete o feito de 2022, quando foi campeão com “Juro”. Mais do que isso, reafirma a sua identidade enquanto compositor, honrando uma história de conexão com a UEL que começa muito antes da sua chegada ao Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA), em 2013.
Produzida em Londrina no estúdio Toque Grave, “Exagerado demais” apresenta um personagem dividido entre permanecer em um lugar seguro ou deixar o medo de lado para se lançar em direção à realização de um sonho. “Todos falam que é impossível / Que sou exagerado demais / Acontece que a vida é breve / Pra gente não correr atrás”, diz o refrão, repetido como uma oração do início ao fim ao longo de quatro minutos. Com a canção vencedora, ele coloca em perspectiva o medo e a coragem, e torna universal o seu mundo particular ao abordar a importância de “corrermos atrás daquilo que a gente acredita”, diz o compositor, que acumula o título de mestre em trilha sonora pela Universidade Leeds Beckett (Inglaterra).

Com início no dia 25 de julho em Tiradentes (MG), o Festival Nacional da Canção realizou etapas classificatórias em São Thomé das Letras, Perdões, Coqueiral, Nepomuceno e na terra de Milton Nascimento, Três Pontas. Do total de inscritos, 30 chegaram à semifinal. A grande final, no dia 6 de setembro, em Boa Esperança, consagrou David Mour com a faixa escolhida entre as dez finalistas. Além da vitória em 2022, seu retrospecto no festival envolve excelentes resultados em 2023, quando foi semifinalista, e em 2024, quando chegou à final.
“Quando eu fui para esse festival, não via a mínima chance de ganhar porque via músicas incríveis e pensava que a minha não iria chegar. E acho que essa confiança fui criando aos poucos. Acho que meus amigos me ajudaram muito, me apoiaram muito a acreditar na força da minha música”, relata.
Quando fala do impacto das grandes amizades que a música trouxe, Mour parece importar para o Norte do Paraná o espírito de uma Belo Horizonte da década de 60, quando Bituca e os irmãos Borges iniciaram o processo de formação do que se tornaria um novo movimento estético no país, reunidos para conversar sobre música, poesia e cinema em um boteco do bairro Santa Teresa. O que se percebe até os dias de hoje é que o Clube da Esquina deixou influências que extrapolam o campo da música, com obras marcadas pela fusão entre o regionalismo com jazz, rock progressivo e outros gêneros. Para muito além do som, são canções e histórias que rendem inspirações filosóficas sobre o fazer musical entre amigos.
Além dos novos companheiros que fez em Minas, David cita a ótima relação que tem dentro e fora dos palcos com o pianista, compositor e também egresso da UEL – este do curso de Física – Fábio Caetano. Ele ainda destaca a admiração pelos docentes Heloísa Castelo Branco e Mário Loureiro, do Departamento de Música e Teatro, fontes de inspiração para a sua carreira também como professor de Teoria, Composição e Canto no Conservatório Musical Carlos Gomes, um dos mais tradicionais de Londrina.
“A forma como ele (Mário Loureiro) entendia cada aluno e o carinho com cada um era incrível. O curso, mesmo sendo de Licenciatura, me ajudou muito a compreender melhor as pessoas. Todos os professores são incríveis”, elogia o egresso, como quem diz que amigo é coisa pra se guardar..
Ao receber o troféu em Boa Esperança e o prêmio de R$ 23 mil do Fenac, David Mour viu a sua carreira ganhar um novo antes e um novo depois. Do passado, traz uma relação com a UEL que se confunde com a história de sua família. A mãe, Maria Helena de Moura Arias, foi diretora da Editora da Universidade Estadual de Londrina (Eduel). O pai, Félix Arias, veio da Bolívia na década de 70 para cursar o Mestrado em Física na Universidade Católica do Rio de Janeiro, passando por Campinas até se tornar docente na UEL. Da sua família, Mour também guarda com carinho a lembrança da irmã Beatriz (in memorian), cientista social fã de bandas como os Beatles, The Who, The Clash e Ramones, influenciando para sempre a trajetória de vida do irmão mais novo. “Eu tinha oito anos e ouvi Twist and Shout do quarto dela. Sempre soube que queria trabalhar com música”, lembra com precisão.
Para o futuro, David sente que nada será como antes visto que a timidez que lhe é característica, diz ele, vem dando lugar à confiança em suas obras. Atualmente, ele e Fábio Caetano preparam uma nova edição do tributo que desde 2024 vem levando o repertório de Milton Nascimento aos palcos do Bar Valentino, Associação Médica de Londrina e do Cine Teatro Ouro Verde. Os próximos encontros com a plateia serão em outubro e dezembro. Em 2026, deve continuar com os projetos e composições autorais, afinal, é preciso ter gana sempre.
(*Assessor Especial na Coordenadoria de Comunicação Social).