Pesquisadores: livro sobre Semiótica aplicada ao Ensino de Física

Pesquisadores: livro sobre Semiótica aplicada ao Ensino de Física

Eles pertencem ao Programa de Pós-graduação em Ensino de Física, do Centro de Ciências Exatas (CCE).

Pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática (PECEM), único no Brasil em Ensino de Ciências com nota 7 pela CAPES, lançaram o livro “Semiótica Aplicada à Educação Científica, pela Editora Livraria da Física da USP. Carlos Eduardo Laburú é professor do Departamento de Física/CCE da UEL; Paulo Sergio de Camargo Filho é docente do Departamento de Física da Universidade Tecnológica Federal do Paraná; e Osmar Henrique Moura da Silva é físico da UEL.

A obra é, de acordo com Carlos Laburú, resultado direto da prática de sala de aula e para lá deve retornar, com a disseminação do conhecimento produzido. Faz quase 20 anos que o professor encontrou a Semiótica ao buscar novas abordagens teóricas que auxiliassem no ensino da Física, sobretudo para o Ensino Médio. Na época, em 2002, muito pouco se falava em Semiótica na Física, o que se constituiu numa inovação.

Capa do livro lançado pela Editora Livraria da Física da USP (Divulgação).

Os autores buscaram na teoria do linguista e semiólogo argentino Luis Jorge Prieto (1926-1996) conceitos para serem aplicados no ensino da Física. O principal deles, abordado no livro, é o de “indicadores circunstanciais”. São elementos, chamados de signos, capazes de complementar as mensagens verbais (como a aula expositiva) do professor. Tais signos podem ser uma pintura, um trecho de um filme, uma história em quadrinhos, um gesto, uma charge, que forneça pistas para que os alunos resolvam problemas e construam seu próprio conhecimento. Esta variedade de possibilidades é conhecida na teoria de Prieto como “multimodalidade representacional”. A partir da dúvida de um aluno diante de um problema, o professor pode recorrer a estes signos.

Laburú exemplifica com uma obra do artista gráfico holandês Maurits Escher (1898-1972), com suas escadas impossíveis. Em “Waterfall” (1961), observa-se uma ilusão de ótica que mostra um comportamento da água que parece contrariar as leis da gravidade. Ou não?

Ampliação

Segundo o professor Laburú, já faz 10 anos que seu grupo, dentro do PECEM, pesquisa a aplicação da Semiótica no Ensino de Física. Neste período, houve uma série de trabalhos publicados, teses e dissertações produzidas e relatos de aplicação prática em sala de aula. O pesquisador diz que constantemente outros teóricos, da Semiótica ou outras linhas, são lidos e estudados, a fim de ampliar as possibilidades. Ele cita, por exemplo, outro conceito de Prieto, os “traços pertinentes”, que se opõem aos “traços não pertinentes”. Eles se aplicam nas fórmulas da Física, como “F=ma”, que representa a segunda Lei de Newton (Princípio Fundamental da Dinâmica) e é lida como “Força é igual à massa vezes aceleração”. Às vezes a fórmula aparece com um ponto entre o “m” e o “a” (F=m.a) indicando a multiplicação. Não faz diferença, ou seja, é um traço não pertinente. O traço pertinente é constitutivo, ou seja, se ausente, deixa de configurar o que deveria ser.

O livro está disponível pelo site da Editora Livraria da Física/USP.

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