Uma Universidade que cresceu, evoluiu e abraçou Londrina
Uma Universidade que cresceu, evoluiu e abraçou Londrina
Instituição apresenta potencial imenso para ajudar Londrina, o Paraná e o país.No segundo semestre de 1982 um jovem franzino chega à Londrina com os bolsos praticamente vazios, mas com muita determinação para alcançar seus objetivos. Todavia, mal poderia imaginar a trajetória de sua vida 39 anos depois. Paulistano de nascença e londrinense de coração teve o privilégio de se formar na Universidade Estadual de Londrina (UEL), considerada hoje uma das mais importantes instituições de ensino superior do Estado do Paraná e do país, inclusive com o reconhecimento internacional. Em 2021 esta “jovem senhora” chega aos seus 50 anos com fôlego de 18.
Imagino que você, leitor, dificilmente não tenha algum parente ou conhecido formado nesta universidade. Melhor ainda, talvez você mesmo tenha se formado na UEL. Impossível imaginar Londrina hoje sem esta instituição que ajudou muito no crescimento de nossa bela cidade. Com nove Centros de Estudos, oferecendo 53 cursos de graduação e 209 de pós-graduação, possui ainda seis órgãos de apoio e 14 órgãos suplementares. Infelizmente o espaço aqui não me permitirá destacar a importância de cada um, mas é preciso pontuar que arte e cultura, música e informação além de assistência jurídica e psicológica fazem parte do rol de algumas atividades que a UEL oferece à sociedade londrinense.
Entretanto, a situação inusitada e imposta ao mundo pela pandemia do novo Coronavírus me impele a destacar as ações do Hospital Universitário, em particular do Laboratório de Análises Clínicas, da Clínica Odontológica Universitária (COU), Bebê Clínica e do Hospital Veterinário (HV) da UEL. O conceito de Saúde única, união indissociável entre a Saúde animal, humana e ambiental, mais do que nunca teve que ser posto à prova. Embora COU, Bebê Clínica e HV tenham, num primeiro momento, reduzido seus atendimentos ao público em função de que algumas atividades com estudantes tenham sido interrompidas, nunca pararam.
Entre 2020, 119.394 atendimentos da COU foram registrados, na Bebê Clínica, 40.428 procedimentos. No HV, neste mesmo período, 17.002 consultas, 1.626 cirurgias e inúmeras outras atividades. E tudo isso em plena pandemia onde boa parte dos atendimentos aconteceu sem que qualquer estudante, funcionário ou professor estivesse imunizado, pois ainda não havia vacinas.
O HU expandiu seu número de leitos de 294 para 453, um aumento de 54,08%. Só no ano de 2020, contabilizou 85.709 consultas ambulatoriais, 21.481 atendimentos de Pronto-Socorro dentre inúmeras outras atividades. Impossível aqui não me deter em aspectos fundamentais do Laboratório de Análises Clínicas (LAC) do HU (afinal sou Farmacêutico-Bioquímico). No início da pandemia, para um diagnóstico definitivo da COVID-19, no Paraná só o LACEN de Curitiba fazia o teste RT-PCR. Isso era um problema enorme não só para nosso hospital, mas para o sistema de Saúde da cidade como um todo. Enquanto não se tivesse esse diagnóstico, como organizar os leitos? Como não colocar na mesma ala indivíduos com suspeita da doença (ou até mesmo doentes) com aqueles que apresentavam sinais e sintomas parecidos com a COVID-19, mas na verdade eram apenas portadores de uma gripe sazonal comum?
Foi graças a uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde de Londrina com a UEL e a grande capacidade técnica de nossos professores que conseguimos comprar os insumos necessários e padronizar um teste RT-PCR. Até o momento, o LAC-HU fez 34,41% de todos os testes RT-PCR de Londrina e região. Amostras enviadas ao LACEN demoravam entre cinco a seis dias para obtermos o resultado. Isso, obviamente, pela distância no envio das amostras e a enorme demanda dos 399 municípios paranaenses.
Hoje no HU amostras que entram até as 11h, no final da tarde, já se libera o resultado. Propiciou-se uma revolução em termos de organização hospitalar. O RT-PCR, sem dúvida, é fundamental para o diagnóstico da doença, mas e para o acompanhamento clínico? O exame de gasometria é muito importante para que os profissionais da área da Saúde possam avaliar a evolução dos pacientes. Antes da pandemia, o LAC-HU fazia uma média mensal de 3.771 testes para atingirmos no pico da pandemia 10.898 testes/mês (um aumento de quase 189%).
Sem dúvida números superlativos que não podem, de forma alguma, se sobrepor à abnegação e comprometimento de cada integrante de nossa UEL. Na condição de vice-reitor, hoje enxergo e entendo a universidade de uma maneira muito diferente. Após 33 anos na instituição, posso lhes assegurar que temos um potencial imenso para ajudar nossa cidade, nosso Estado e o Brasil também. Mas para isso é fundamental que nossos governantes parem de nos enxergar como gasto ao invés de investimento. Meu mantra sempre será: educação é a solução. Valorizem a UEL, um dos grandes orgulhos de Londrina. Que este marco de 50 anos possa ser comemorado com muito respeito pelo o que foi construído ao longo do tempo.
Décio Sabbatini Barbosa – vice-reitor da UEL