Grupo de pesquisa analisa o empresariamento da Educação Pública Escolar no Brasil
Grupo de pesquisa analisa o empresariamento da Educação Pública Escolar no Brasil
Coordenado pela professora Adriana Medeiros Farias, o grupo busca entender os efeitos do setor privado nas políticas educacionaisO Grupo de Pesquisa em Educação, Estado Ampliado e Hegemonias da UEL (GPEH) abriu inscrições para um grupo de estudos que analisará o empresariamento da Educação Pública Escolar. Coordenado pela professora Adriana Medeiros Farias, do Departamento de Educação, o grupo se propõe a analisar os interesses empresariais das classes dominantes que moldam as políticas educacionais no Paraná, além dos demais estados do Brasil.
Doutora em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (FE-Unicamp), Farias diz que o fenômeno do empresariamento da Educação Pública vai além da pura presença de empresas privadas no setor. Ou seja, ele é uma extensão do modo de produção das classes dominantes, que buscam submeter a educação aos interesses do capital. “Isso significa que, hoje, fazer educação pública significa fazer um tipo de educação que interesse aos empresários, que interessa a uma concepção mercantil e mercantilista de educação”, afirma a professora.
Análise no Paraná
Farias explica que o grupo se propõe a analisar os programas, projetos e ações do Governo do Paraná na atual gestão. Para ela, as ações do governo são projetos, tipicamente, do processo de empresariamento, como o programa Parceiro da Escola, que transfere a gestão de escolas públicas para empresas privadas. “São vários programas e projetos que estão ferindo os princípios públicos da Educação e os princípios democráticos da gestão pública, exatamente aquilo que é a função da educação escolar, a transmissão de conhecimento científico”, afirma.
Além disso, para a professora, dentro deste processo há uma secundarização do conhecimento científico através dos currículos atuais. “Secundarizam muito a partir da ideia de que para esses estudantes basta uma formação elementar, simples, que não precise de Sociologia e Filosofia”, explica. Nesse sentido, há por exemplo a redução da carga horária de ambas as disciplinas, ocorrida em 2020, através da Instrução Normativa Nº 011/2020 da Secretaria do Estado da Educação do Paraná (Seed).
Outro efeito desse empresariamento da Educação explicado pela pesquisadora é relacionado à organização curricular já previamente definido. “Um professor da rede pública hoje já não planeja mais o seu trabalho docente. As plataformas têm feito isso. Ele já não tem mais autonomia didática ou científica”, lamenta Farias.

Dinâmica dos encontros e convidados confirmados
Os encontros do grupo de estudos serão presenciais, no Centro de Educação, Comunicação e Artes (CECA), na UEL, ou por videoconferência, devido à participação de pessoas de outros estados, como pesquisadores de outras universidades e convidados. A dinâmica do grupo consiste na orientação de textos para leitura, texto complementar, além de uma participação do convidado, que conversará com os integrantes do grupo sobre as problemáticas atuais.
Até o momento dois convidados já foram confirmados. A primeira é a professora Lísia Carriello, da Universidade Federal Fluminense (UFF), cujo Doutorado foi dedicado a estudar empresariamento, e a Fundação Lemann. Ademais, há a professora Edineia Navarro, doutora em Educação pela FE/Unicamp e professora da Universidade Estadual do Paraná (Unespar), também discutirá com o grupo sobre o mesmo processo voltado ao Ensino Médio.
As inscrições para o grupo de estudos do GPEH estão disponíveis neste endereço até o dia 18 de junho. A programação dos encontros ficará disponível no Instagram do grupo.
*Estagiário de Jornalismo da Coordenadoria de Comunicação Social.