I Simpósio Municipal de Letramento Racial debate ensino antirracista nesta sexta (20)

I Simpósio Municipal de Letramento Racial debate ensino antirracista nesta sexta (20)

O evento é uma das atividades que compõem a programação do Mês da Consciência Negra, promovidas pelo Neab e que se estendem em novembro.

Londrina é uma das 345 cidades que implementam a Lei nº 10.639/03, que estabelece a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas nos ensinos Fundamental e Médio, públicas ou particulares. Em 2023, a lei completa 20 anos de existência e é nesse contexto que será realizado o I Simpósio Municipal de Letramento Racial, nesta sexta-feira (20). O evento, parceria entre a Secretaria Municipal de Educação (SME) e o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da UEL (Neab), começa às 19h, no Teatro Marista. As inscrições são limitadas e podem ser feitas através deste link.

Para compreender os desdobramentos e desafios das políticas adotadas em diferentes níveis de ensino, o Simpósio inicia a programação com apresentações culturais de estudantes do projeto “Orquestrando o Futuro”, que envolve diversas escolas públicas de Londrina. Também está programado o lançamento da Revista Eletrônica da Educação – REDE e a distribuição da primeira tiragem dos exemplares físicos da revista, juntamente com a oficialização da Campanha de Letramento Racial da Secretaria Municipal de Educação.

Na sequência, será realizado um talk show sobre o tema, mediado pela professora Juliana Bueno, responsável pelo Apoio às Relações Étnico-Raciais e Valorização à Diversidade da Secretaria de Educação. Participam na mesa redonda Tanara Forte Furtado, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Ana Lúcia Silva Souza, da Universidade Federal da Bahia (UFBA); e a Margarida Cássia Campos, da UEL. 

Compreender a diversidade

Em um país como o Brasil, a desconstrução do imaginário racista é fundamental para a sociedade. Este processo deve ser iniciado já na infância, como explica Juliana Bueno. Segundo a professora, essas práticas são ferramentas de aprendizagem essenciais para racionalizar pessoas. “Não temos discussões tão concretas sobre os aspectos étnico-raciais nas escolas e na sociedade em si. Entendemos que oferecer para as crianças um letramento racial é possibilitar que elas cresçam compreendendo a pluralidade e a diversidade que existe no mundo”.

Ao mostrar histórias plurais, é possível resgatar e valorizar culturas que muitas vezes são invisibilizadas. “Os povos indígenas e africanos, que são fortemente responsáveis pela constituição do povo brasileiro, tiveram sua história negligenciada e sua cultura apagada. Muitas vezes, mais do que apagada, violentada”, frisa Bueno. Ao possibilitar o contato com aspectos étnico-raciais, crianças e adultos podem conhecer, se apropriar e se relacionar com tudo que é racionalizado de maneira positiva. 

Segundo Bueno, o impacto dessas políticas educacionais para a comunidade londrinense é múltiplo. “Implementar uma educação antirracista impacta positivamente em todas a relações. Desde a forma como as crianças são recebidas na escola com suas famílias, as formas em que se efetivam os espaços educacionais e o direitos dessas famílias, até a autoestima e o reconhecimento das crianças e profissionais negros nas escolas. As crianças brancas podem enxergar positivamente e valorizar essas pessoas no espaço escolar.”

O combate antirracista não se limita apenas a esse ponto, mas luta contra todas as outras formas manifestações de preconceito. “Uma escola antirracista também não aceita o capacitismo e a homofobia, por exemplo. Nenhum outro tipo de violência de gênero ou qualquer tipo de manifestação preconceituosa tem espaço em um ambiente educacional antirracista”, pontua.

Mês da Consciência Negra

O I Simpósio Municipal de Letramento Racial compõe a programação especial de atividades para o Mês da Consciência Negra no Neab. O Simpósio dará início a várias ações voltadas à valorização da cultura negra, para o combate ao racismo. 

Uma dessas ações é o curso “Tecendo Diálogos para Práticas Antirracistas”, promovido pelo GT-UEL na Luta Contra o Racismo e Gestão de Promoção da Igualdade Racial. O lançamento do curso vai reunir toda a comunidade universitária e membros da comunidade externa no dia 24 de outubro, no Anfiteatro Cyro Grossi (CCB), às 9h. A atividade de lançamento terá a presença do vice-reitor, Airton Petris, e do prefeito de Londrina, Marcelo Belinati.

*Estagiária de Jornalismo na COM/UEL.

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