Paraná Mais Orgânicos e UEL certificam lote em assentamento de Lerroville

Paraná Mais Orgânicos e UEL certificam lote em assentamento de Lerroville

Programa tem o objetivo de certificar pequenos e médios produtores rurais de orgânicos de todo o Estado.

Um passo importante rumo à agroecologia e à produção sustentável. O lote dos proprietários Jovana Aparecida Cestile e Davi José da Costa, assentados no Eli Vive I, no distrito de Lerroville, em Londrina, recebeu a visita de inspeção de conformidade orgânica dos técnicos do programa Paraná Mais Orgânico (PMO). Eles estão há um passo da certificação. O programa tem o objetivo de certificar pequenos e médios produtores rurais de orgânicos de todo o Estado para estabelecer controle de qualidade e, também, auxiliar em uma produção mais capacitada e ecologicamente correta.

Acompanharam a certificação, feita pelo auditor do PMO do Núcleo de Ponta Grossa, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Waldir Zarrochinsky Junior, os bolsistas do Programa Paraná Mais Orgânicos em Londrina: Giovana Fogaça (bolsista), Danilo Pezzoto de Lima, agrônomo e auditor do TECPAR, e Eliezer Ferreira Camargo, mestrando do Programa de Pós-graduação em Economia Regional, do Centro de Estudos Sociais Aplicados (CESA) da UEL. Com o aceno positivo do Programa, o casal deve receber, em até 30 dias, a certificação.

Integrantes do Programa Paraná Mais Orgânicos visitam assentados do lote no Eli Vive I, Jovana Aparecida Cestile e Davi José da Costa (ao centro).

Propriedade abriga cultivos de frutas e hortaliças

O lote certificado, de aproximadamente oito hectares, tem uma produção bastante diversificada, como conta Eliezer. “Eles dividiram em três talhões para diversificar a produção. No primeiro, plantam frutas e raízes, como abacate e mandioca. No segundo, plantam hortaliças, como alface, couve-flor, brócolis, rúcula e também eucalipto para a extração de óleo essencial. O terceiro talhão ficou como uma estufa de tomates e feijões”, comentou.

O trabalho com os agricultores, segundo Eliezer, durou aproximadamente um ano. Como de costume, a equipe realizou atendimento de conscientização com os produtores. Em seguida, começou a indicar as medidas que seriam importantes para a preparação do terreno. “A preparação começa até antes, evitando o uso de produtos químicos e criando barreiras para as derivas (de agrotóxicos da região)”, ressaltou.

O casal entrou em contato com a equipe do Programa em 2016 e, desde então, vem estreitando relações com a equipe. Não é a primeira vez que o grupo realiza uma certificação: no assentamento Eli Vive 2, já certificou produtores que trabalhavam com a Sacola Camponesa, um programa de venda de produtos do assentamento.

Infraestrutura

Devido às questões estruturais de um assentamento, implantar a agricultura orgânica mostra-se como um grande desafio. O coordenador do PMO em Londrina e professor do Departamento de Agronomia, do Centro de Ciências Agronômicas (CCA), Mauricio Ursi Ventura, comenta que existem uma série de impeditivos estruturais, que vão além da propriedade, nesses locais.

“Damos preferência a esses produtores porque, em geral, os assentamentos têm problemas. Um produtor familiar comum, digamos, têm uma estrutura já pronta para produzir. Muitas vezes os assentados não têm estrada para escoar a produção, nem um relevo adequado para plantar. Alguns lotes têm falta de água. Como eu posso cultivar hortaliças, por exemplo, sem água?”, questiona.

Exatamente pelas dificuldades, o professor considera “um grande avanço” a certificação dos produtores, o que pode servir de inspiração para trabalhos futuros. “Não há a menor dúvida disso. É difícil esse processo por conta do acesso à informação, principalmente. Muitos produtores são pouco escolarizados ou às vezes não têm educação formal, mas, por outro lado, têm uma grande consciência política e ambiental. Eles querem produzir em harmonia com a natureza”.

Área – O Eli Vive é considerado o maior assentamento em área urbana do país e é coordenado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra. Atualmente, vivem no assentamento 550 famílias. Os assentados comercializam com a Central de Abastecimento do Paraná (CEASA) em Londrina, com supermercados, em feiras livres e no Feirão da Resistência, realizado na Vila Cultural Canto do Marl. Por conta da pandemia, os feirões estão suspensos e a entrega das cestas se dá por encomenda.

(FOTOS: Divulgação).

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