Profissionais do Colégio de Aplicação relatam experiências com alunos da Educação Especial
Profissionais do Colégio de Aplicação relatam experiências com alunos da Educação Especial
Unidade atende 45 estudantes e conta com trabalho realizado por servidores e servidoras da UEL e profissionais cedidos pela Prefeitura de Londrina.Estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o mês de conscientização sobre o autismo, abril chegou ao fim contabilizando uma série de ações promovidas por instituições de ensino, entidades da sociedade civil e empresas privadas para colocar o tema em pauta, promovendo a inclusão das crianças autistas. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada 160 crianças no mundo tem o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), que pode ser identificado ainda nos primeiros anos de vida e é caracterizado pela dificuldade de comunicação e interação social, hipersensibilidade sensorial e comportamentos repetitivos e metódicos. Para os profissionais que atuam nas unidades do Colégio de Aplicação Pedagógica da UEL, o momento foi de reflexão e também de comemoração pelos avanços registrados no desenvolvimento das crianças atendidas.
Com cerca de três décadas de atuação, as três unidades do Colégio de Aplicação Pedagógica atendem crianças diagnosticadas com TEA, sendo que algumas chegaram a dar início à trajetória escolar pela “creche do HU”, passando pela unidade do Campus Universitário e chegando à unidade do Centro de Londrina. O trabalho é realizado por servidores e servidoras da UEL e por profissionais cedidos pela Secretaria Municipal de Educação por meio de um convênio.
Chamado carinhosamente de “creche do HU”, o Colégio de Aplicação Pedagógica, próximo ao Hospital Universitário, atende, atualmente, 45 crianças com menos de seis anos, o que representa menos da metade da capacidade total da escola, que é de 111 alunos. O motivo é o déficit de recursos humanos, já que muitas servidoras se aposentaram ou pediram exoneração e as vagas não foram totalmente preenchidas.
Mesmo assim, avalia a coordenadora pedagógica Terezinha de Paula Machado Esteves Ottoni, a equipe vem implementando sistematicamente uma série de estratégias pedagógicas para promover o desenvolvimento dos três estudantes diagnosticados com TEA. Estas medidas, conta a coordenadora, surgiram a partir do envolvimento da equipe com a Educação Especial e em cursos, palestras e reuniões com profissionais de outras especialidades, tais como Psicologia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional.
Na unidade, a equipe do quadro de servidores conta com o reforço de três profissionais, viabilizadas por meio do convênio com o município.
Respeito à individualidade
Um bom exemplo que vem dando certo, lembra a pedagoga Keli Cristina da Silva Ferreira, foi uma pequena mudança adotada em um calendário móvel presente na sala de aula e cujas alterações nos números provocavam a desestabilização emocional de um aluno autista. “Uma das crianças tem o hiperfoco nos números e no alfabeto. Então, íamos colocando os números de forma crescente e quando encerrava o mês, tirávamos e começávamos o próximo. No entanto, ele desestabilizava quando chegava no outro dia e os números não estavam lá”, explica. “Mas, trocando informações com uma psicóloga, ela nos orientou a permanecermos com todos os números, e passamos a marcar todos os dias com um círculo. Fizemos isso e não houve mais a crise. Respeitamos a particularidade dele”, lembra.
Outra estratégia interessante, informam as professoras, é a antecipação do processo de adaptação aos novos professores a partir do diálogo e da preparação dos alunos para as mudanças, algo que é inevitável ao longo de toda a trajetória escolar. No caso das crianças diagnosticadas com TEA, cada mudança representa uma nova etapa na qual há a conquista pela confiança do aluno, avalia a coordenadora Terezinha de Paula Machado. “A estratégia é estar antecipando um pouco. As crianças com desenvolvimento típico já têm isso, com desenvolvimento atípico se acentua. Então, principalmente, esta criança tinha crises porque não queria estar distante dos pais. Eles têm essa questão da referência muito forte”, diz.
Para a pedagoga Cristiane Suave, o fortalecimento dos vínculos entre a equipe e as famílias também é fundamental para o desenvolvimento das crianças no sentido de “enriquecer o trabalho feito na escola”, define. Ela também destaca que a equipe tem como foco as potencialidades dos estudantes da Educação Especial, nunca as dificuldades. “É o que ele consegue alcançar dentro do que ele pode alcançar. Nós vamos preparar situações e materiais para que ele alcance o seu potencial, porque todos nós temos um potencial único, não vemos todas as crianças como iguais. É muito comum que se utilize como desculpa estas dificuldades. Mas, não. O pensamento é: dentro desta dificuldade, o que eu posso fazer como mediadora para que ele consiga alcançar esse objetivo”, diz.
A equipe
A equipe da escola também é composta pela auxiliar de coordenação Eliane Pimenta e pela gerente administrativa Joana Darc da Silva Rodrigues Gomes, ambas com experiências pregressas em sala de aula e amplamente em contato com as famílias dos 45 alunos. Elas contam que a comunidade escolar aguarda ansiosamente a realização de uma exposição de telas produzidas pelos alunos e que faz parte de uma atividade proposta pelas professoras.
As unidades do Colégio de Aplicação da UEL localizados no Campus Universitário e no Centro de Londrina também contam com alunos diagnosticados com o Transtorno do Espectro do Autismo. Ao todo, são 16 crianças entre a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental. “Para atender as necessidades educacionais e promover a inclusão temos três professores de Apoio e uma sala de recursos multifuncionais que funciona no turno matutino e vespertino”, destaca a vice-diretora, Marlizete Cristina Bonafini Steinle.
Já nos anos finais e no Ensino Médio, oito alunos são atendidos e também contam com a assistência de três professores de Apoio pedagógico e o local adequado. “Também fazemos orientações ao professor de como adaptar suas aulas, conteúdo e avaliações, além de orientações à família e curso de formação aos Professores do Colégio”, conclui a vice-diretora.