UEL integra parceria paranaense para estruturar Laboratório Sino Brasileiro de Inteligência Artificial

UEL integra parceria paranaense para estruturar Laboratório Sino Brasileiro de Inteligência Artificial

Parcerias internacionais permitem o desenvolvimento de programas e atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação..

Parceria recente estabelecida entre a Fundação Araucária, UEL e demais universidades do Brasil e da China vai resultar na estruturação do Laboratório Sino Brasileiro de Inteligência Artificial (LSBia) e na realização de programas e atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação na área do agronegócio, saúde e bem-estar. A parceria envolve as sete universidades estaduais, quatro federais, um instituto federal, universidades particulares paranaenses, além da South China Agricultural University e Universidade de Tecnologia de Dongguan.

Em outubro de 2019 foi celebrado um Acordo de Cooperação Técnica entre a Fundação Araucária e a Zhejiang Provincial Natural Science Foundation em Hangzhou, capital de Zhejiang, província irmã do Paraná há mais de 30 anos. Nessa ocasião foram prospectadas novas parcerias entre o Estado do Paraná e a Zhejiang Provincial Department of Science and Technology, que seriam efetivadas em março de 2020 e ficaram suspensas temporariamente em função da pandemia.  Mesmo com esse hiato, foram realizadas parcerias com as duas universidades chinesas (Dongguan University of Technology e South China Agricultural Uniiversity). Segundo informações da Fundação Araucária, também foi realizada uma visita ao NDB (New Development Bank) para conhecimento e avaliação das linhas de crédito para ações junto a entes públicos.

UEL e demais universidades do Brasil e da China se uniram na estruturação do Laboratório Sino Brasileiro de Inteligência Artificial (LSBia)

Na UEL os trabalhos deverão envolver pesquisadores das áreas Biológicas, da Engenharia Elétrica, das Ciências da Computação e da Agronomia. Segundo o professor Galdino Andrade Filho, coordenador do Laboratório de Ecologia Microbiana do Centro de Ciências Biológicas (CCB), a parceria trará avanços para a Universidade que participará ativamente do Hub de Inovação do Agro de Londrina, gerando tecnologia e compartilhando conhecimentos com outros polos de pesquisa no Brasil e na China.

Ele explica que a Inteligência Artificial na agricultura pode trazer inúmeros benefícios tanto em economia, como no desenvolvimento de uma atividade mais sustentável. Ele exemplifica com o uso de drones e satélites utilizados para verificar o estado nutricional de plantas. De acordo com Galdino, a aplicação dessas ferramentas podem ajudar a verificar se há doenças e quais, o melhor momento para a aplicação de insumos químicos, bem como regular a quantidade de inseticidas e herbicidas considerando determinadas áreas afetadas da lavoura.

“Nós imaginamos que o objetivo é usar menos insumos químicos, colaborando para uma agricultura eficiente e sustentável. Estamos falando em menos utilização de máquinas e menos custos também”, destaca o pesquisador sobre as vantagens para o produtor rural.

Outras aplicações da Inteligência Artificial incluem estimativas sobre a produção de grãos, e o estabelecimento de parâmetros para lavouras de grãos ou citrus. Ele explica que a análise de imagens pode ajudar a desenvolver herbicidas e inseticidas de forma exata. Nesse caso a proposta seria desenvolver produtos antimicrobianos contra fungos que atacam plantas. “Nós realizamos análises de moléculas de microorganismos com a metodologia do big date e algoritmos. É possível selecionar o material por meio das características moleculares determinando quais são as pragas e as propriedades e os alvos que as pragas têm afinidade para atacar. Isso economiza tempo e recursos financeiros”, detalha ele.

Machine Learning – Outros recursos possíveis estão ligados à utilização de rotas metabólicas visando identificar quais são as moléculas e os perfis espectográficos dessas moléculas que permitem a identificação.  O pesquisador orienta ainda que outra possibilidade de uso de Inteligência Artificial se dá por machine learning que permite estruturar um sistema com capacidade para demonstrar, por exemplo, quando uma fruta pode ser apanhada. O sistema permite selecionar a coleta, definir a melhor época, determinar tempo de refrigeração e até o controle de qualidade para melhor atender o distribuidor.

Segundo o professor, o Laboratório de Ecologia Microbiana atua com seleção de moléculas e estudos de determinação de vias metabólicas e de microorganismos. Os estudos buscam identificar que materiais são promissores e indicados para produção de fungicidas, bactericidas e antibióticos. Com a parceria, o foco das pesquisas deverão também apontar para o desenvolvimento de big date para selecionar moléculas e alvos para ver quais são mais promissores.

Inovação – Segundo o Chefe de Gabinete e Assessor de Relações Institucionais e de Inovação da Fundação Araucária, Vinicius Nagem, a política de fomento ligada à inovação está relacionada com a implantação de Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação, os NAPIS. Os arranjos constituem uma nova forma de organizar o capital intelectual e o capital social em Ciência e Tecnologia.

Os NAPIs organizam de forma integrada e sistêmica a concessão de bolsas, custeio, capital e infraestrutura. De acordo com o Assessor, na parceria com a China, um destaque foi o NAPI Startup Life. Neste arranjo foram realizadas as Chamadas para o SINAPSE, CENTELHA, e, em breve, o TECNOVA II, todas voltadas ao empreendedorismo e inovação, envolvendo áreas de interesse da parceria.

“Queremos ir mais longe e identificar ações mais específicas e criar um NAPI NORTE, associado ao desenvolvimento do ecossistema da região Norte do Paraná. Os investimentos serão avaliados a partir do mapeamento das necessidades e expectativas de cada ente envolvido nos projetos deste ecossistema, consequentemente associados à parceria com a China, inclusive com apoio de parlamentares locais”, destacou ele.

Para o Diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, os estudos para os projetos de pesquisa já estão em desenvolvimento para uma perspectiva inicial de três anos. Segundo ele, o principal resultado será consolidar a competência de Londrina para torná-la referência nacional em Inteligência Artificial e robótica.

“Vemos como um grande diferencial a possibilidade de aplicar estas competências ao Agronegócio, com a presença do primeiro tecnológico do agronegócio do País, uma clara e exitosa vocação da região. Queremos em 2021 iniciar uma troca de experiência mais efetiva entre pesquisadores chineses e paranaenses, dando efetividade às pesquisas delineadas, gerando novos conhecimentos para a comunidade acadêmica  com reflexos para o agronegócio, a indústria e a sociedade”, destacou o diretor. 

Centro de IA – O futuro Laboratório Sino Brasileiro de Inteligência Artificial deverá ocupar uma parte das instalações do Centro de Pesquisa Aplicada em Inteligência Artificial no Agro, que será estruturado no Laboratório de Medicamentos (LM) da UEL, localizado ao lado do parque Governador Ney Braga, na região oeste de Londrina. O projeto pretende angariar recursos do governo federal e ser um local para reunir e estimular parcerias entre pesquisadores, startups e empreendedores, além de sediar o futuro Hub de Inovação da UEL.

Segundo a professora Cristianne Cordeiro Nascimento, diretora de Planejamento e Integração Acadêmica da Pró-reitoria de Planejamento (PROPLAN) da UEL, a parceria é fruto de tratativas relacionadas ao setor da Inteligência Artificial, considerando o potencial das Universidades paranaenses. Como o Paraná é polo em produção agrícola, a proposta foi desenvolver projetos com foco nessa área.

Ela explica que, a partir do impacto causado pela pandemia do novo Coronavírus, surgiu posteriormente a necessidade de desenvolvimento de projetos relacionados a alternativas de tratamento. “Hoje nós temos duas frentes importantes relacionadas ao agro e à saúde”. Na UEL a coordenação ficou com o professor Galdino, com articulação da Diretoria de Planejamento e Integração Acadêmica da Proplan. “Defendemos trazer novos projetos para a Universidade. Entendemos que é estimulador e um grande diferencial o fato dos nossos pesquisadores terem articulação com outros países”, definiu.

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