Projeto auxilia prefeituras na gestão e governança de TI

Projeto auxilia prefeituras na gestão e governança de TI

A parceria já foi firmada em municípios da região norte, como Cambé, Ibiporã, Arapongas, Guaraci, Jaguapitã e Rolândia.

Pesquisadores do curso de Ciência da Computação do Centro de Ciências Exatas (CCE) estão ajudando municípios paranaenses a implantarem a gestão e a governança de Tecnologia de Informação (TI). O objetivo é modernizar as administrações, fazendo com que a TI seja estratégica para os municípios. A governança é responsável por definir como funciona a tecnologia e verificar se as normas e políticas estão sendo seguidas corretamente. Já a gestão de tecnologia da informação é responsável por manter o desempenho de serviços, promover a transformação digital, manter a satisfação dos usuários e clientes dos serviços, além de fazer a gestão da equipe.

O trabalho já foi desenvolvido em municípios da região norte, como Cambé, Ibiporã, Arapongas, Guaraci, Jaguapitã e Rolândia, além da prefeitura de Missal, no Oeste do Paraná. O coordenador do projeto, professor Rodolfo Barros, explica que as gestões municipais estão cada vez mais dependentes da TI para tomarem decisões em tempos cada vez menores. Ele exemplifica que quando há interrupção do serviço de tecnologia, fatalmente muitos processos internos são comprometidos porque a prefeitura depende deste serviço para atendimento ao cidadão.

Com auxílio do projeto da UEL, a prefeitura de Cambé implanta o Plano Diretor de Tecnologia da Informação. Projeto de TI junto aos munícipios é coordenado pelo professor Rodolfo Barros (à direita) do CCE.

A pandemia do novo coronavírus, observa o professor, obrigou prefeituras de todo o país a se adequarem rapidamente a novas tecnologias para agendamento de vacinas, protocolos eletrônicos e demais serviços fundamentais. Da mesma forma, cidadãos buscam na Internet certidões, boletos para pagamentos e toda uma gama de orientações e processos relacionados ao município. Esta adequação necessita de boa gestão e de uma governança de TI que, efetivamente, atenda os interesses da administração municipal.

“Hoje o conceito prevê cidades inteligentes, com serviços conectados. Isso exige um planejamento estratégico onde a TI tem de estar alinhada”, defende o professor. Os pesquisadores oferecem inicialmente diagnóstico da área. Esta avalição indica o grau de maturidade da área, principalmente da sua relação às estratégias da administração municipal, e quão atrelada ela está na tomada de decisões da administração. Segundo o Professor, neste momento, a TI não pode ser somente um setor operacional. Tem que estar junto com a administração pública na tomada de decisões.

Em um segundo momento, os pesquisadores apresentam o Plano Diretor de TI, que prevê ações específicas para a implantação da gestão e da governança em TI para que a prefeitura possa operacionalizar todos os projetos com eficiência, dialogando com todas as secretarias, ao mesmo tempo em que oferta processos de forma integrada, considerando questões como disponibilidade, capacidade, segurança e continuidade dos serviços oferecidos pela prefeitura e intermediados pela tecnologia. Esse Plano Diretor de TI segue orientação do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (SISP), baseado em Instrução Normativa do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

Os objetivos são orientar a identificação de informações estratégicas e definir recursos necessários para a evolução da TI e dos Sistemas de Informação e do conhecimento. De acordo com a Instrução Normativa 04/2020, do Ministério do Planejamento, o Plano Diretor de TI deverá ser reavaliado e atualizado nos casos de modificações na produção da informação e quando ocorre mudanças das bases organizacionais. Para o professor Rodolfo Barros, na prática estes planos de TI precisam ser reavaliados a cada mudança na gestão municipal, ou seja, a cada quatro anos.

Modelos de mercado: ITIL e Cobit.

A chamada governança de TI é baseada em modelos conhecidos no mercado, denominados ITIL e Cobit. O primeiro pode ser considerado como um conjunto de práticas detalhadas para se fazer o bom gerenciamento de serviços habilitados pela tecnologia da informação. Já o Cobit (Control Objectives For Information & Related Technology) define os componentes para construir e sustentar um sistema de governança: processos, estruturas organizacionais, políticas e procedimentos, fluxos de informações, cultura e comportamentos, habilidades e infraestrutura.

De acordo com o professor, os dois modelos apresentam diretrizes e podem trabalhar concomitantemente. Para implantação, deve-se considerar as particularidades, objetivos e estratégias da administração municipal.

Esse trabalho de desenvolvimento e implantação da governança é feito pela equipe do projeto, que conta com a participação de estudantes de graduação e de pós-graduação. Toda a implantação junto às prefeituras depende da avaliação detalhada da equipe que faz um diagnóstico do setor de TI dos municípios. A partir da decisão da implantação, os municípios estabelecem parceria com a UEL e com o Departamento de Ciência da Computação, por meio de projetos de pesquisa específicos para cada município, gerenciada pela Fundação de Apoio da UEL (FAUEL).

Ainda de acordo com o coordenador do projeto, as pesquisas sobre o tema tiveram início em 2011, a partir de edital da Fundação Araucária, que desafiou os pesquisadores a diagnosticarem a gestão de TI das empresas do polo moveleiro de Arapongas. Posteriormente, a equipe desenvolveu projeto para criação de um portal para capacitação técnica de servidores da área de prefeituras, bem como ferramentas de diagnóstico. Anos depois eles iniciaram projetos pilotos para prefeituras que solicitaram soluções de gestão e governança para a área de TI.

(FOTOS: Prefeitura de Cambé).

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