UEL conquista patente por invenção de biofungicida no controle de doenças de plantas
UEL conquista patente por invenção de biofungicida no controle de doenças de plantas
Desenvolvida no Laboratório de Biotecnologia Microbiana, a pesquisa alcançou, além de ação fungicida, resultados favoráveis para o crescimento de plantas.A Universidade Estadual de Londrina obteve patente de invenção do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) para um agente biológico desenvolvido para o controle de doenças causadas por fungos em plantas. Concedida no âmbito do programa Patentes Verdes, a carta-patente assegura a proteção nacional por 20 anos da composição biofungicida, criada à base da bactéria Bacillus velezensis, um tipo de microrganismo encontrado no solo que promove o crescimento das plantas.
Desenvolvida no Laboratório de Biotecnologia Microbiana (Labim), vinculado ao Centro de Ciências Biológicas (CCB), a pesquisa alcançou, além de ação fungicida, resultados favoráveis para o crescimento de plantas com mais vigor. Entre outras aplicações, o bioproduto pode ser empregado no manejo da soja contra o mofo-branco e a ferrugem asiática, doenças com alto potencial de prejuízo para essa cultura no Brasil e que podem ocasionar perdas significativas de produtividade.
No ano passado, o projeto foi finalista da primeira edição do Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime), promovido pela Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), para transformação dos resultados de pesquisas acadêmicas em produtos comerciais. O programa conta com a parceria da Fundação Araucária de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico e do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae/PR).
O autor da inovação, professor Admilton Gonçalves de Oliveira Junior, do Departamento de Microbiologia da UEL, destaca os desafios atuais da produção de alimentos e preservação da natureza. “O uso de microbiológicos no manejo integrado de pragas e ervas daninhas está alinhado com uma sociedade que exige, cada vez mais, produtos e processos seguros, limpos e de baixo impacto ambiental. Para além do aumento da produtividade, precisamos de uma abordagem sustentável, a fim de garantir a segurança alimentar das futuras gerações”, afirma.
Com pós-doutorado na área de produtos biológicos para proteção de plantas, ele explica que a tecnologia patenteada se refere a um biofungicida resistente à temperatura com formulação que potencializa a performance de biocontrole pela alta estabilidade.
“Essa característica torna o produto viável para a cadeia produtiva agrícola, no controle de doenças fúngicas em plantas. A formulação pode ser utilizada em benefício do crescimento vegetal e no tratamento de doenças fúngicas, podendo atuar sozinha ou em combinação com outros agentes químicos sintéticos ou biológicos”, diz o pesquisador.
O bioproduto utiliza uma bactéria específica do Labim, a Bacillus velezensis CMRP4490, já depositada no conjunto de microrganismos da Rede Paranaense de Coleções Biológicas (CMRP) e do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação de Coleções Biológicas (Napi TaxOnline), voltado à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade no acesso ao patrimônio genético. A sigla CMRP4490 indica o número do microrganismo na coleção, sendo uma linhagem única, o que assegura as características originais dessa inovação.
Qualificação
O desenvolvimento desse composto biofungicida contribuiu para o fortalecimento da linha de pesquisa Biologia e Fisiologia Microbiana. O projeto envolveu mais de 10 estudantes de graduação e pós-graduação de diferentes áreas, como Agronomia, Ciências Biológicas e Ciência da Computação. O grupo desenvolveu estudos de iniciação científica e tecnológica, trabalhos de conclusão de curso (TCC), dissertações de mestrado e teses de doutorados.
Parte dos pesquisadores permanece no Labim em busca de resultados científicos para obtenção de uma nova patente verde, ao mesmo tempo em que outros desenvolvem estudos relacionados a tecnologias biológicas para o setor rural. Atualmente, o laboratório conta com um estudante de pós-doutorado, dois de doutorado, dois de mestrado, um de TCC, cinco de iniciação científica e tecnológica e quatro estagiários. Eles são dos cursos de graduação em Biotecnologia, Ciências Biológicas e Farmácia; e do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia da UEL.
Os recursos financeiros provenientes do licenciamento da patente serão aplicados na qualificação profissional de mais pesquisadores e em novas tecnologias com baixo impacto para o meio ambiente e a saúde humana.
Patentes verdes
O programa Patentes Verdes do Inpi tem como finalidade contribuir para o combate às mudanças climáticas globais e acelerar o exame de pedidos de patentes relacionados a tecnologias para o meio ambiente. A iniciativa possibilita identificar inovações de todo o País com potencial de licenciamento e incorporação ao setor produtivo, em benefício da sociedade.
*Informações da SETI