Conselho entrega diploma póstumo a familiares de Julia Garbossi, vítima de feminicídio em 2023
Conselho entrega diploma póstumo a familiares de Julia Garbossi, vítima de feminicídio em 2023
Essa foi a primeira vez que a Universidade concedeu uma diplomação póstumaO Conselho Universitário da UEL entregou nesta sexta-feira (5) o diploma póstumo a familiares da estudante Júlia Beatriz Garbossi Silva, do curso de Ciências Sociais, como forma de honrar a memória de mulheres integrantes da comunidade universitária vitimadas por feminicídio. Essa foi a primeira vez que a Universidade concedeu uma diplomação póstuma, atendendo solicitação feita pelo Observatório de Feminicídios de Londrina (Néias) e pelo Laboratório de Estudos de Feminicídios (LESFEM). O certificado foi entregue pela reitora Marta Favaro aos pais da jovem, Everton e Angelita.
O pedido da homenagem foi aprovado pelo Conselho em setembro passado, quando completaram dois anos do atentado a estudantes da UEL, resultando em duas vítimas fatais. Julia tinha 23 anos, cursava o 5º semestre de Ciências Sociais quando foi brutalmente assassinada por um stalker de sua colega, identificado como Aaron Delece Dantas, preso no Complexo Médico Penal de Curitiba. Embora não fosse o alvo da violência, Julia acabou esfaqueada ao tentar socorrer a colega. O jovem Daniel Takashi Sugahara também foi assassinado.

Na justificativa da homenagem, Néias e Lesfem afirmam que Julia foi vítima de feminicídio por conexão. O crime aconteceu em 3 de setembro de 2023, no Jardim Jamaica, zona oeste de Londrina.
Em seu pronunciamento, a reitora Marta Favaro ponderou que rememorar a violência é tarefa difícil e justificou a homenagem como uma manifestação formal da UEL, considerando a trajetória da estudante no curso de Ciências Sociais. “Nossa iniciativa não vai amenizar a dor da família, dos amigos e dos conhecidos da Júlia, mas significa reconhecer a experiência dela conosco. Para que essa luta contra a violência se fortaleça”, afirmou a reitora.
Visivelmente consternado, o pai da estudante declarou que ela completaria 26 anos no próximo dia 8 de dezembro. Ele lembrou que a jovem se encontrou no curso de Ciências Sociais, era dona de uma forte personalidade e demonstrava grande entusiasmo. “Ela não pode concluir o curso, mas fica aqui os agradecimentos aos professores e à UEL que honra a memória da minha filha. Sinto saudades do sorriso dela todos os dias”, declarou. O pai também estendeu verbalmente a gratidão à psicóloga do Serviço de Bem-estar à Comunidade (Sebec), Carla Pagnossin.
Outras homenageadas
De acordo com o Néias, a aprovação da diplomação póstuma de Júlia também foi uma forma de honrar a memória de outras mulheres integrantes da comunidade universitária da UEL vitimadas por feminicídio:
– Andreia de Jesus Cabra, 21 anos, estudante de Serviço Social, assassinada com sua namorada, Rúbia Graziele de Almeida, 19 anos, em 2004;
– Tathiana Name Colado Simões, 35 anos, na época mãe de um filho de 3 anos, estudante de pós-graduação, assassinada em 2012;
– Lua Padovani, artista, estudante de Artes Visuais, desaparecida e encontrada cerca de 30 dias após seu provável assassinato, em 2017;
– Sandra Mara Curti, 43 anos, funcionária da Clínica Odontológica da UEL, mãe de dois filhos, de 8 e 12 anos, assassinada pelo ex-companheiro em 2020.
