Maior instituição pública de Ensino Superior da região central de Moçambique, a Universidade Licungo (UniLicungo), em Quelimane, recebeu, em fevereiro e março, a presença de duas docentes da UEL em uma parceria acadêmica voltada à formação de professores. A visita foi possível graças à formalização de um Projeto de Cooperação entre Instituições para Qualificação de Profissionais de Nível Superior (PCI), cujo objetivo é fomentar a criação de novos programas de pós-graduação strictu sensu, reduzindo assimetrias regionais.

Docentes do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática (Pecem), Fabiele Cristiane Dias Broietti e Mariana Soares de Andrade ministraram uma série de atividades, entre palestras, seminários e reuniões administrativas, no âmbito da Semana de Integração UniLicungo/UEL. Neste período, o contato das professoras foi com os 11 docentes da UniLicungo que participam do PCI com o Pecem, entre os quais dois estudantes de mestrado e nove de doutorado, ambos formalizados para o desenvolvimento das atividades na instituição receptora. Ao mesmo tempo, ressaltam as professoras, dezenas de outros docentes e estudantes participaram da programação de atividades.

A UniLicungo possui cerca de 700 funcionários, entre docentes e o corpo técnico administrativo, e aproximadamente 14 mil estudantes foram beneficiados indiretamente com a ação de internacionalização. “Com esta parceria, todos ganham. Vamos para lá para compartilhar a nossa experiência, de um programa de 20 anos como o Pecem, mas também aprendemos muito porque todo mundo tem conhecimentos e questões importantes a serem compartilhadas”, destaca Fabiele Broietti.

Ela conta que o primeiro contato entre as duas universidades ocorreu há cerca de dez anos, com a vinda do atual coordenador do programa de mestrado da UniLicungo, Geraldo Vernijo Deixa. “Ele veio fazer o doutorado aqui no Pecem”, conta.

Recepção

Além de financiar a ida das docentes ao continente africano, o PCI também permitirá a vinda dos 11 docentes da UniLicungo para Londrina, ainda em março. “O primeiro grupo vem agora e o segundo está previsto para o segundo semestre, tudo financiado pela própria UniLicungo, que é a universidade receptora do PCI”, explica Fabiele.

Na UniLicungo, a formação de professores tem grande expressão, informa Mariana. “Na Faculdade de Ciências e Tecnologia funcionam cursos de licenciatura em Física, Química, Biologia e Matemática. Por isso, é fundamental a formação de massa crítica que possibilite o fortalecimento das iniciativas de pesquisa envolvidas”, comenta.

Neste sentido, ao mesmo tempo em que a disseminação das Instituições de Ensino Superior pela África Lusófona tem criado a necessidade de ações interinstitucionais de qualificação docente, programas de pós-graduação da UEL vem conseguindo atender a esta demanda, projetando o trabalho desenvolvido na Universidade para o mundo. É o caso do Pecem, que se manteve com o conceito 7 na Avaliação Quadrienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o que indica que a qualidade do ensino equivalente a padrões internacionais.

Cidadania

A assessora de Relações Internacionais (ARI), Viviane Bagio Furtoso, reforça a via de mão dupla deste tipo de ação internacional, “já que ambas as partes aprendem e se beneficiam do conhecimento produzido”. “A participação de estudantes internacionais em cursos e programas da UEL, para além do deslocamento de nossos estudantes para outros países, abre espaço para a diversidade e para a integração entre culturas, oportunizando uma formação de cidadãos/cidadãs que ampliem seus horizontes voltados para o desenvolvimento de valores, atitudes, habilidades e conhecimentos essenciais para a vida em sociedade. Isso tem sido destacado como muito relevante para a internacionalização dos currículos, cujos propósitos são oportunizar perspectivas globais a todo o corpo discente, incluindo estudantes locais e internacionais de diferentes origens/culturas”, conclui.