Aintec é a vitrine da tecnologia e da inovação
Aintec é a vitrine da tecnologia e da inovação
Grande parte dos estudos iniciados ou desenvolvidos nos PPG's resulta em inovações tecnológicas ou atendem a demandas da sociedade.A pesquisa e a inovação produzidas pelos quase 50 programas de pós-graduação da UEL contam com uma estrutura profissional para transferência de tecnologia, capacitação científica e tecnológica e para a prospecção de parceiros junto à iniciativa privada. O que pode ser definido em poucas palavras encontra solidez no longo caminho percorrido por diversos atores, desde a década de 90, quando começaram as primeiras experiências de empreendedorismo e de inovação na Universidade.
No momento em que se realiza um levantamento do volume de pesquisa de ponta produzida pelos cursos de excelência, é fundamental considerar os instrumentos para que este conhecimento saia dos laboratórios e possa chegar à sociedade. No ano passado, o Conselho Universitário da UEL aprovou a Política de Inovação, ferramenta que favorece a transferência de tecnologia e amplia a capacitação científica, tecnológica e de gestão de inovação.
Para o diretor da Agência de Inovação Tecnológica da UEL (Aintec), professor Edson Antônio Miura, a meta é mostrar que a agência pode estar presente em todas as áreas da Universidade, independente de origem, e com foco na aproximação da academia e com a sociedade. Ele afirma que o ciclo da inovação pressupõe participação de diversos atores. “Poder ver o setor privado investindo e trazendo recursos e impacto econômico para as instituições de pesquisa é de grande valia, pois faz com que o conhecimento possa chegar à sociedade de forma transparente e com segurança jurídica”, define.
Nesta entrevista, o diretor fala das mudanças ocorridas no país e no ambiente acadêmico nas últimas décadas e das oportunidades para pesquisadores e Universidades a partir da inovação.
Notícia – A UEL, por meio da AINTEC, tem conseguido avanços importantes para a inovação, como protocolo de intenções com a iniciativa privada, processos de concessão de patentes e incubação de empresas e startups – algumas de pesquisadores daqui. Esses resultados remetem a 1997, desde o antigo projeto Genesis/Genorp, que apoiava empresas de software, e que deu origem à AINTEC. O que mudou nestes mais de 20 anos aqui na Universidade?
Miura – As mudanças foram significativas dentro e fora da Universidade. Nesse período, principalmente de 10 anos para cá, a inovação passa a integrar as atividades da Universidade, a fazer parte das ações diárias de docentes, discentes e servidores. A UEL deve compartilhar com a sociedade o conhecimento que produz. Esse know-how vem sendo apresentado por meio de novas parcerias e demais ações, fazendo com que o objetivo seja contribuir com tecnologia, inovação e empreendedorismo, gerando conhecimento e oportunidades para todos.
Notícia – E a mentalidade de pesquisadores e da comunidade universitária? O que se pode dizer? Existe clareza dos objetivos da Aintec?
Miura – A comunidade universitária cada dia mais abraça a Aintec como órgão essencial. Nem sempre foi assim. A inovação nem sempre esteve no foco e na vitrine como hoje, porém as atividades realizadas na Agência sempre foram voltadas principalmente a essa área, tanto que, agora que suas funções estão em destaque, estamos mostrando a qualidade dos serviços e das pesquisas aqui realizadas. Nós nos preparamos para esse momento em que seríamos chamados pela comunidade universitária a dar nossa contribuição para a política de inovação. Nossos objetivos estão delineados, nosso planejamento estratégico para os próximos 4 anos de gestão está definido: mostrar que a Aintec pode estar presente em todas as áreas da Universidade.
Notícia – No ano passado, o Conselho Universitário aprovou a Política de Inovação para favorecer a transferência de tecnologia, ampliar a capacitação científica, tecnológica, de prospecção e de gestão de inovação. Em que isso favorece o trabalho da Aintec?
Miura – A Política de Inovação oportuniza grandes avanços. Ao mesmo tempo, temos segurança jurídica para atuar dentro das nossas competências e um indicativo de que estas atividades são algo que a Universidade quer e almeja. Assim, nosso trabalho se encontra cada dia mais legalizado, protegido e legitimado pela comunidade universitária. Ainda foi possível, através de uma metodologia ativa desenvolvida pela Aintec, trabalhar a forma de pensar e operacionalizar as ações estruturantes da Política de Inovação. Ou seja, como transformar todo o cenário que ela nos coloca como futuro e na criação de instrumentos legais e documentos jurídicos. Percebemos e na prática comprovamos que há uma necessidade constante de integração entre diversos setores da Universidade. Essa metodologia se mostrou extremamente rica, com trocas de experiências entre os docentes e técnicos, para entendermos as práticas que são realizadas na Universidade, bem como aproximar servidores e Agência.
Notícia – Como gestor da Aintec, consegue descrever esse impacto econômico e social, de investimento em inovação, amadurecimento de empresas de base tecnológica?
Miura – Quando os gestores públicos e os setores privados começaram a ver a relação entre público e privado de forma positiva nós passamos a ter a oportunidade de um ganho econômico e social significativo. O investimento em inovação só faz sentido se feito junto a uma ICT – Instituição de Ciência e Tecnologia -, com o objetivo de atingir a sociedade de forma positiva. O ciclo da inovação pressupõe a participação de diversos atores, então, ver o setor privado investindo e trazendo recursos e impacto econômico para a UEL e para outras ICTs é de grande valia, pois faz com que as pesquisas desenvolvidas na universidade possam chegar à sociedade de forma transparente e com segurança jurídica.
Notícia – A UEL tem hoje três programas Nota 7 da Capes, sem dúvida um importante diferencial em pesquisa. É correto pensar que essas áreas despontam com projetos inovadores? Dá para quantificar que áreas do conhecimento produzem mais inovação?
Miura – A quantificação da inovação não é exata. Não entendemos que seja justa uma comparação de números apenas. No nosso caso, a inovação tecnológica criada e desenvolvida se concretiza quando se atinge a sociedade de forma positiva e se cria um ciclo econômico em torno dela. O que podemos e devemos destacar é que vários centros possuem cooperações técnico-científicas em andamento ou em negociação, com tecnologias protegidas em nossa vitrine tecnológica para que possam ser transferidas, dentro dos termos legais, à sociedade e aos demais agentes de mercado como um todo. A pesquisa voltada para a inovação tem crescido em toda a Universidade.
Notícia – Quais as perspectivas para 2023? Startups e empresas tecnológicas podem esperar o que exatamente, diante de previsões de crescimento tímido do PIB brasileiro?
Miura – Vivemos em uma economia movida pelo conhecimento, ciência, tecnologia e inovação. Movida também pela integração dessas áreas. As empresas que se propõem a fazer tecnologia estão dentro desse alinhamento. Quando vemos os indicadores das empresas de inovação e tecnologia, sua participação no PIB nacional segue em aumento e crescimento constante. E que haverá um aumento da participação das empresas de base tecnológica por ser um setor que está superando barreiras, sejam de origem legal, econômica e até mesmo na falta de mão de obra qualificada. As oportunidades virão e tecnologia e inovação podem ser um caminho para superar eventuais dificuldades nos setores público e privado.
Jornal Notícia nº1416: