Três programas de pós-graduação da UEL são avaliados com conceito 7
Três programas de pós-graduação da UEL são avaliados com conceito 7
Programas de Ciência Animal e Patologia Experimental uniram-se ao de Ensino de Ciências e Educação Matemática e alcançaram conceito máximo pela Capes.A UEL passou a contar, em 2022, com dois novos Programas de Pós-graduação avaliados com o conceito 7 na Avaliação Quadrienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Após a análise dos documentos públicos que servem como balizadores na análise, os Programas de Ciência Animal (CCA) e Patologia Experimental (CCB) tiveram o conceito elevado para a nota máxima, o que indica que possuem um desempenho equivalente a padrões internacionais de qualidade. Com o resultado, os dois Programas se uniram ao PECEM (Programa de Pós-graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática), até então o único da instituição avaliado com o conceito 7.
Para a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patologia Experimental, professora Flávia Alessandra Guarnier, o resultado é um importante sinal de valorização, uma vez que o PPPGPE está concentrado dentro de apenas um Departamento, o de Ciências Patológicas, e vem investindo na Ciência de base. “Estamos na área de Medicina II da Capes e a subárea é Anatomia Patológica e Patologia Clínica. É uma subárea predominantemente médica e somos um programa que veio na vanguarda. Propusemos trabalho de ciência básica dentro de uma área médica, sempre interagindo com outras. Tivemos apoio da coordenação de área para evoluir, acabamos acatando sugestões, então para nós é importante porque acabamos tendo um papel de reconhecimento da ciência de base dentro da área médica”, avalia, sem deixar de exaltar o papel dos professores Rubens Cecchini e Wander Pavanelli, seus antecessores na coordenação do programa.
No mesmo sentido, o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal (PPG-CA), João Luís Garcia, destaca que o reconhecimento por meio do conceito de excelência é uma conquista de toda a Universidade, colocando o trabalho de pesquisa feito na UEL em destaque no Brasil e no exterior, como em países da América Latina. “Vemos a procura de alunos de todo o Brasil e de países que falam a língua espanhola, como Colômbia, Paraguai, México, principalmente das Américas e acreditamos que dentro dos cursos, somos referência, contando com professores que atuam ativamente em importantes organizações”, diz, mencionando docentes que atuam na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Ministérios da Saúde e Agricultura, Agência de Defesa Agropecuária (Adapar) e associações de criadores de animais de grande porte. “Realmente, vemos que dentro da pós-graduação, a UEL é uma força no sul do País que vem se mostrando há uma longa data”, comemora.
Pioneirismo
Aprovado em 2001 pela Capes em nível de Mestrado Acadêmico, o Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática é uma iniciativa pioneira no estado do Paraná que surgiu para atender a demanda crescente pela formação continuada de professores para atuar em diferentes níveis de ensino. À época, nove docentes de cinco Departamentos da UEL (Física, Matemática, Biologia, História e Filosofia) atuaram para a constituição do curso, sendo que “seis ainda estão em atividade”, destaca a coordenadora, Fabiele Cristiane Dias Broietti, docente do Departamento de Química.
Com a criação do Doutorado em 2007, o PECEM foi sendo estruturado até ser dividido em três linhas de pesquisa, abordando áreas como a Construção do Conhecimento em Ciências e Matemática; Formação de professores; e História e Filosofia da Ciência e da Matemática.
Com a consolidação do trabalho, os bons resultados logo apareceram. O Programa foi o primeiro da UEL a alcançar o conceito 7 na Avaliação Quadrienal da Capes, referente ao quadriênio 2013-2016. Além de ser o primeiro da instituição, o Programa – destaca a vice-coordenadora e atual diretora de Pós-Graduação da UEL, Mariana Soares de Andrade – consagrou-se como o único da área a permanecer com conceito mais alto entre as universidades de todo o País no quadriênio 2017-2020. Na avaliação seguinte, programas da área de Educação Matemática de instituições como a Universidade Estadual Paulista (Unesp), e de ensino da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), também conquistaram o conceito de excelência.
A manutenção do conceito 7, avalia a coordenadora, é resultado do esforço de todo o corpo docente, que é formado por 16 professores, sendo oito bolsistas Capes. O programa também possui colaboradores de países como França, Argentina, Chile e Estados Unidos, e ações internacionais, como a de formação continuada realizada em parceria com a Universidade Licungo (UniLicungo), de Moçambique.
Para marcar os 20 anos de criação do Pecem, o corpo docente organiza a publicação “Pecem: 20 anos de Ensino de Ciências e Educação Matemática”, comemora a coordenadora Fabiele Cristiane Dias Broietti.
PPG em Ciência Animal
Dividido em duas áreas de concentração (Sanidade e Produção Animal), o Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal possui mais de 30 anos. Diante da enorme relevância do trabalho desempenhado pelo seu corpo docente, o PPG teria sido avaliado com o conceito mais alta anteriormente não fosse um impedimento causado por uma regra da própria Capes que permitia com que apenas três cursos ocupassem esse “espaço” no País, explicou o coordenador João Luís Garcia. Ele também lembrou que o Brasil possui cerca de 140 cursos de pós-graduação na área de Medicina Veterinária e apenas sete, dentre eles o da UEL, possuem o conceito atualmente.
Dentre as principais contribuições está a coordenação dos trabalhos do Centro de Referência em Toxoplasmose Humana e Animal, que envolve pesquisadores de todo o País e é coordenado pelo professor Italmar Teodorico Navarro, do Departamento de Medicina Veterinária e Preventiva (DMVP). Foi a partir de diretrizes estabelecidas pelo grupo que o Ministério da Saúde desenvolveu o Programa Nacional de Controle de Toxoplasmose Congênita, lembra o professor.
“Vários protocolos do Ministério da Saúde saíram daqui. Eu mesmo fui aluno do professor Italmar e comecei a trabalhar com toxoplasmose em 1993. A Toxoplasmose aqui começou com o professor Odilon Vidotto, já aposentado, em 1987. Ele aprovou os primeiros projetos e a partir daí viramos um centro de referência para o Brasil e para o mundo”, comemora.
Entretanto, as contribuições do PPG vão muito além e também incluem o desenvolvimento de um reagente que detecta de forma rápida a presença de formol no leite, desenvolvido sob a coordenação da professora Vanerli Beloti e que rende royalties para a Universidade, além de muitos projetos nas áreas de Suinocultura, Bovinocultura, Ovinocultura, Piscicultura e animais de pequeno porte. “Temos visto que temos atendido às demandas da sociedade. Sempre que fazemos nossos projetos, sempre tentamos atender a um problema da sociedade e isso vai mudando”, conclui.
“Com pouco, conseguimos fazer muito”
Criado a partir da iniciativa de 11 professores da UEL, o Programa de Pós-graduação em Patologia Experimental completou 20 anos em 2021. Na avaliação da coordenadora, Flávia Alessandra Guarnier, o grupo “vem conseguindo colaborar muito para a área”, especialmente quando considera o volume de recursos recebidos neste período. “Temos demandas de equipamentos, de manutenção, e mesmo o recurso que vem da Capes para o programa de excelência, que vem direto para a coordenação e gerenciamos sem passar pela instituição, embora isso esteja mudando, vem diminuindo ao longo dos anos. Então, vale a pena um investimento maior por parte do Governo Federal”, cobra.
Para corroborar a análise, lembra que o programa é “berço” da primeira tese de doutorado reconhecida pela Capes como a mais importante do País no ano de 2017 na área de Medicina II, o que foi um feito inédito para a Universidade Estadual de Londrina. A tese do doutorando Felipe Almeida de Pinho Ribeiro, orientando do professor permanente do PPG, Waldiceu Aparecido Verri Junior, abordou o papel de substâncias encontradas em frutas cítricas e vegetais na inibição da dor.
À época, os docentes já tinham motivos de sobra para comemorar, uma vez que o Programa havia ingressado no grupo de programas de excelência, receber o conceito 6 referente ao quadriênio 2013-2016, já possuindo, também, egressos atuando em grandes universidades brasileiras. “Tanto no Sul, quanto no Sudeste, Centro-Oeste. Então, essa capilaridade que o programa se propôs desde o começo tem dado retorno para as instituições. Temos alunos no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, muitos atuando no crescimento das instituições, inclusive UFMS, UFGD e UFMG. Com pouco, conseguimos fazer muito, mas ainda falta recursos, infraestrutura, desburocratização dos processos, temos dificuldade para gastar dinheiro, são estes os nossos principais gargalos”, diz.
Atualmente, o programa conta com 20 professores, sendo 18 permanentes e dois colaboradores, divididos em cinco linhas de pesquisa.