Lição de Anatomia

Lição de Anatomia

Projeto orienta professores e realiza empréstimos de peças anatômicas para escolas, para contribuir com a formação e divulgar cursos da área de Saúde.

Uma prática de mais de 20 anos se tornou oficialmente uma atividade extensionista desde março de 2022. Trata-se do projeto “Orientação e cessão de peças anatômica do Departamento de Anatomia (CCB) para professores do Ensino Médio e Fundamental”, coordenado pela professora Celia Cristina Fornaziero, e no qual participam também os professores Eduardo Carlos Ferreira Tonani e Leandro Luís Martins, além do estudante do primeiro ano de Medicina João Pedro Kurtz Gritti.

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Edição número 1419 de
maio de 2022
Confira a edição completa

O projeto dispõe de um acervo de mais de 40 peças, humanas e animais, não utilizadas nas aulas dos cursos da UEL. Das humanas, há coração, pulmão (de fumante), fetos, estômago, rins, cérebro e ossos, entre outros. Entre as peças animais, existem esqueletos montados, além de órgãos ou tecidos de aves, boi, peçonhentos (serpentes), domésticos e silvestres. O professor Leandro, responsável pelas peças animais, conta que está sendo fechada uma parceria com o zoológico de Presidente Prudente (Oeste de SP), que doarão mais peças, principalmente de animais mortos por atropelamento.

A professora Celia observa que o projeto aplicou um questionário entre os professores da rede escolar para saber quais peças despertam mais o interesse dos alunos e podem ser úteis para as aulas. A partir daí, o projeto orientou seus esforços na obtenção das peças. Ela lembra que os empréstimos são feitos a escolas públicas e particulares, mas até mesmo docentes da UEL, às vezes, solicitam algum material. “A pandemia parou tudo, mas agora a procura está voltando, mas devagar”, anota a coordenadora do projeto.

O Museu Didático de Anatomia da UEL existe desde 1962 e costuma receber milhares de visitantes todos os anos (Divulgação)

QR Code

Além de ser disponibilizada para empréstimos, cada peça vai ganhar uma ficha com informações técnicas e – sempre – dicas de saúde relacionadas, reunidas num QR Code. É aí que entra o João Pedro, que dedica duas horas semanais ao projeto. Ele estuda Anatomia em bibliografia selecionada pela professora e prepara as fichas. Na verdade, ele transformou a participação no projeto em uma metodologia de estudo. “Aqui eu tenho tranquilidade para estudar as peças, num processo mais independente de aprendizagem”, afirma. Ele vê o projeto como uma oportunidade para todos conhecerem o funcionamento dos organismos. Porém, participa de outro projeto de Extensão, no CCS, ligado à Educação e Saúde. Seu plano é convergir os dois projetos.

A professora Celia, por sua vez, antecipa que João fará, numa próxima etapa, contato com escolas para divulgar o projeto. Ela enfatiza que o projeto também orienta os professores da rede escolar sobre preparo, tempo de preservação, e principalmente as implicações na saúde dentro do estilo de vida da pessoa. Por exemplo, pulmões contaminados com nicotina, estômago de pessoa obesa, fígado adiposo, entre outros. A ideia é que estas informações cheguem aos estudantes do Ensino Médio e Fundamental de maneira clara e didática, que por sua vez podem repassar aos familiares.

Os professores Leandro Martins, Eduardo Tonani, Celia Fornaziero atuam no projeto, que deve receber reforço de pessoal em breve (Foto: André Ridão/Agência UEL)

Para o professor Leandro, no projeto desde o início, ele contribui positivamente com a formação dos alunos, ao mesmo tempo em que estes ajudam na manutenção e mesmo montagem das peças. Basta tentar imaginar montar uma avestruz ou uma onça – logo estarão à disposição. Ele informa que, graças a um projeto do curso de Zootecnia da UEL, estudantes do primeiro semestre daquele curso atuarão, colaborando na organização das peças. Ele salienta ainda que é na disciplina de Anatomia que os estudantes efetivamente têm contato com os corpos. Antes, quase tudo é em nível microscópico ou amostras.

Esta dimensão pedagógica do projeto é compartilhada pelo professor Eduardo Tonani (também chefe do Departamento atualmente), que avalia como muito importante a iniciativa dos alunos, como no caso de João, de buscar conhecimento mais aprofundado. Ao mesmo tempo, diz o docente, é um estímulo aos colegas.

“Aqui eu tenho tranquilidade para estudar as peças, num processo mais independente de aprendizagem”, afirma o estudante João Pedro.

A professora Celia confirma este estímulo. Segundo ela, muitos estudantes gostam de contribuir nas aulas, a ponto de levar à sala alguma parte de um animal para ver se pode fazer parte do Museu de Anatomia, do acervo do projeto ou simplesmente das aulas.

A UEL possui um Museu Didático de Anatomia (Museu Didático Professor Carlos da Costa Branco, nome do primeiro docente da Anatomia da instituição) desde 1962, iniciado pelo curso de Odontologia. O local sempre foi uma espécie de termômetro do número de visitantes em eventos abertos a estudantes para conhecer a Universidade, contados aos milhares a cada ano.

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