Do microscópio para as telas

Do microscópio para as telas

Sob orientação de pesquisadoras, estudantes produzem vídeos sobre Biologia Celular e Molecular destinados ao Ensino Médio.

Falar de algo que não se pode ver tem sido um desafio dos educadores. É o caso das partículas e seres microscópicos, como as células animais e vegetais. Pensando nas dificuldades desta natureza no ensino de Biologia Celular e Molecular, a professora Renata da Rosa, do Departamento de Biologia Geral (CCB), coordena, há três anos, o projeto de Extensão “Produção de Vídeos em Biologia Celular e Molecular para Estudantes do Ensino Médio”.

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Edição número 1419
de maio 2022
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Apesar da interrupção no período de pandemia, os estudantes envolvidos no projeto produziram nove vídeos, que duram entre 3 e 16 minutos, e abordam diferentes temas, como “vacúolos vegetais”, “eletroforese” e “transporte pelas membranas celulares”. Os vídeos estão no canal do YouTube Citologia e Entomologia Molecular, disponíveis a todos os interessados. “Pensamos também em conteúdos que podem ser cobrados no vestibular”, informa a coordenadora do projeto.

Renata é professora da disciplina Práticas Pedagógicas em Biologia Celular e Embriologia, do quarto ano do curso de Ciências Biológicas. Depois de verificar, no âmbito do Ensino Médio, as dificuldades de abstração dos alunos, os eventuais problemas de conceitualização pelos professores e a própria carência de instrumentos adequados em muitas escolas (por exemplo, a falta de microscópios), a professora decidiu investir numa metodologia consolidada e produzida pelos estudantes universitários, mais afinados com a linguagem e o interesse dos alunos do Ensino Médio. “O objetivo é disseminar a Ciência”, sintetiza a coordenadora do projeto.

O resultado são vídeos com teor e rigor científico, mas lúdicos, coloridos, dinâmicos e criativos, na avaliação da professora. Alguns se parecem com uma videoaula; outros usaram dramatização e produziram uma entrevista com “cientista famoso”; e outros criaram divertidas animações. A produção tem sido em dupla ou equipes um pouco maiores, e existe até um “estúdio” no Laboratório de Citogenética (CCB), com câmera, cromaqui e software para edição de vídeo.

Professora Renata da Rosa: os estudantes têm bastante liberdade de criação e mostraram muita criatividade nos vídeos (Foto: André Ridão/Agência UEL)

Os estudantes passam por todas as etapas de produção audiovisual: reunião (brainstorm), roteirização, gravação de imagens e edição. Alguns ficaram prontos em um mês, enquanto outros levaram um semestre inteiro para serem feitos. O projeto extrapolou os parâmetros iniciais e estudantes de várias séries de Ciências Biológicas, e até do curso de Agronomia, já entraram na produção. De fato, conta a professora, tem aluno até de pós-poutorado participando. E, de acordo com ela, Colegiados de outros cursos já manifestaram interesse no projeto e esperam conteúdos criados para eles. Zootecnia é um deles.

Renata explica que, no caso das turmas de primeiro ano de Ciências Biológicas, o tema é feito por sorteio. Já os participantes do Laboratório escolhem os seus. A expectativa da coordenadora é que mais bolsistas cheguem nos próximos meses, e que mais vídeos sejam disponibilizados no segundo semestre deste ano. Nem todos os vídeos produzidos são selecionados para o canal, mas sempre é possível fazer ajustes ou gravar um novo. A professora Mariana Aparecida Bologna Soares, do Departamento de Biologia Geral, também orienta os participantes e colabora na assessoria pedagógica.

Vale ainda mencionar a participação da professora Michele Salles El Kadri, do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas (CLCH), pois está entre os objetivos do projeto disponibilizar os vídeos dublados em língua inglesa, o que ainda será feito. Além disso, será realizada uma avaliação, mediante questionário, junto aos professores da Educação Básica, para conhecer sua perspectiva em relação ao material, seu potencial e uso na prática docente.

Pesquisas

Este é o primeiro projeto de Extensão da professora Renata, que desenvolve, paralelamente, pesquisas no Laboratório de Citogenética. Ele reúne 15 pesquisadores e dois docentes, ela e a professora Lúcia Giuliana Caetano, também da Biologia Geral. Ali, são desenvolvidas várias pesquisas, como vetores de doenças, pragas agrícolas e bicho da seda – este foi divulgado na Expolondrina 2023 e atraiu grande número de visitantes, segundo Renata.

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