Pedagogia da construção

Pedagogia da construção

A partir da observação de demandas em sala de aula, professor de Mecânica das Estruturas desenvolve material didático com metodologia construtivista.

Em sua prática docente, o professor Nilson Magagnin Filho, do Departamento de Estruturas (CTU), percebeu dificuldades de aprendizado em vários alunos através das avaliações, o que redundava em reprovações, em mais de uma disciplina, e às vezes mais de uma vez. Notou ainda a falta de materiais didáticos mais adequados à aquisição do conhecimento. Basicamente, os alunos frequentavam aulas tradicionais, centradas na figura e no conhecimento do professor, que simplesmente transmite o que sabe aos estudantes, num processo de repetição e memorização.

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Edição número 1418
de abril de 2022
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Para mudar este cenário e promover uma aprendizagem mais eficiente, o professor criou o projeto de Ensino “Aplicação de método baseado em Construtivismo no ensino de Mecânica das Estruturas para a Engenharia Civil”, disciplina do 2º ano do curso e que exige o domínio de Cálculo, outra matéria com números expressivos de reprovação.

O projeto, coordenado por Nilson, objetiva a criação de material didático adequado para a construção do conhecimento, nos moldes da referida metodologia. Nela, o aluno exerce um papel ativo no processo de aprendizagem, que progride num processo lógico do conhecimento mais simples ao mais complexo. A ideia é que os alunos sejam apresentados a problemas e, com ajuda do material multimídia montado pelo professor, possam apresentar soluções, resultados, analisá-los e compará-los com possíveis alternativas, muitas vezes trazidas dentro da própria turma.

Por que Construtivismo? Nilson partiu da observação em sala de aula, das dificuldades de aprendizagem constatadas nas disciplinas e no desempenho indesejável nas avaliações. Não é preciso lembrar a importância do conhecimento em Estruturas na formação de um engenheiro civil ou arquiteto. O professor buscou então outras metodologias e encontrou o modelo construtivista, proposto pelo biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), muito conhecido nas áreas de Pedagogia e Psicologia. Além deste, Nilson Magagnin pesquisou o russo Lev Vigotsky (1896-1934) e a argentina Emilia Ferrero (1936), outros dois expoentes do tema Aprendizagem. Ela, aliás, foi orientanda de doutorado de Piaget.

Professor Nilson Magagnin: projeto nasceu na sala de aula, a partir das dificuldades dos alunos (Foto: André Ridão/Agência UEL).

Sistematização

Na verdade, o material já existe em “estado bruto”. O professor possui grande quantidade de textos, imagens e esquemas, que já vinham sendo usados pontualmente em suas disciplinas. Assim, outro objetivo do projeto é sistematizar todo este conhecimento e material. Na prática: há textos manuscritos e imagens (projetos, croquis e outros) a serem digitalizados e organizados, a fim de montar uma ou mais “apostilas” e, quem sabe no futuro, livros.

Naturalmente, a pandemia atrapalhou, pois não havia alunos participando do projeto durante o isolamento. Mas, o projeto abriu, este ano, inscrições para que estudantes de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil da UEL possam atuar.

O professor Nilson pretende ainda fazer um estudo comparativo, colocando lado a lado os resultados das aulas com pedagogia tradicional com aquelas em que foi aplicada a metodologia construtivista. O critério será o desempenho nas respectivas avaliações. O fato de que o curso de Engenharia retornará ao sistema de créditos semestrais em 2024 é levado em conta pelo professor, e pode até ser um fator favorável no estudo comparativo.

Ao final, o que o coordenador do projeto visa é, segundo ele, vencer o desafio metodológico e melhorar o aprendizado dos alunos, aumentando seu interesse nas disciplinas e nos conhecimentos, assim como sua participação em sala de aula e em todas as fases do processo de construção do conhecimento, não como um fim em si mesmo, mas de uma forma que propicie o envolvimento e o próprio prazer de aprender.

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